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Variação da temperatura é tão nociva à saúde como as ondas de calor

Paulo Saldiva aponta como alternativa para recompor a umidade relativa do ar a instalação de mecanismos como telhados verdes ou painéis solares nos topos dos prédios

Devido às mudanças climáticas, as ondas de calor vão se tornar cada vez mais frequentes em todo o planeta, diz o professor Paulo Saldiva em mais uma edição de sua coluna para a Rádio USP. Além do calor, a variação da temperatura ao longo do dia também é um fator de agravo para as pessoas mais frágeis. O colunista compara essa situação ao clima que se encontra no deserto e afirma que “nós construímos os nossos desertos nas nossas cidades, só que são feitos de cimento e asfalto. É por essa razão que a umidade relativa tem caído em períodos que chegam a você ter, na cidade de São Paulo, níveis próximos a um deserto”, o mesmo acontecendo nas cidades do Centro-Oeste.

Variação da temperatura é tão nociva à saúde como as ondas de calor

A USP faz parte de uma rede de pesquisadores cuja finalidade é a de coletar dados globais de umidade e temperatura diários, por longos períodos de tempo, em mais de 400 cidades em todo o mundo. Um dos dados obtidos é o de que, “quando se tem a variação de calor muito rápido, ela amplifica os efeitos deletérios das ondas de calor. Ou seja, o calor é lesivo à nossa saúde, mas a variação da temperatura ao longo do tempo ajuda a desequilibrar os nossos mecanismos de controle da temperatura corpórea, que se traduz então em admissões hospitalares e excesso de mortalidade”. Mais um motivo, segundo Saldiva, para que se recomponha a cobertura vegetal da cidade. Ele aponta algumas alternativas para, na falta de vegetação suficiente, recompor a umidade, como lançar mão de telhados verdes ou de captar o calor por meio de painéis solares nos topos dos edifícios.

Fonte: Jornal da USP por Paulo Saldiva

O professor Paulo Saldiva é autor do livro Vida urbana e saúde

Somos um país urbano: 84% da população brasileira concentra-se em cidades e ao menos metade vive em municípios com mais de 100 mil habitantes. Mas a vida urbana não traz apenas novas oportunidades. Ela propicia doenças provocadas por falta de saneamento, picadas de mosquitos, poluição, violência, ritmo frenético… E tudo isso não ocorre mais apenas nas grandes cidades, mas também nas médias e mesmo pequenas, quase sempre negligenciadas pelo poder público e pelos próprios cidadãos. Mas, afinal, o que fazer para ter boa qualidade de vida nas cidades? Assim como o médico deve pensar na saúde dos seus pacientes – e não apenas em tratar determinada doença –, uma cidade saudável é aquela em que seus cidadãos têm boa qualidade de vida. E o médico Paulo Saldiva, pesquisador apaixonado pelo tema, mostra que é possível, sim, melhorar e muito o nosso dia a dia.

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