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Filosofia da Educação | Lançamento

A educação é um assunto fácil e difícil. É fácil porque todos nós sabemos identificar uma pessoa mal-educada. A dificuldade é traduzir em miúdos a nossa compreensão dela.

Saber muito, por exemplo, não é sinônimo de educação. Saber envolve a relação das pessoas com os conhecimentos. Há quem saiba muito e maltrate os outros. A educação diz respeito às relações entre as pessoas, e fazemos isso como podemos, lidando com o imprevisível. Educamos na condição semelhante a alguém que precisa reformar a casa onde mora e não pode sair dela. Queremos
dar boa educação, procuramos fazer boas coisas com o que sabemos, mas nem sempre estamos seguros de saber e fazer isso bem.

Filosofia da Educação | Lançamento

Não faz muito tempo que as tabuinhas de madeira – as palmatórias – eram usadas na sala de aula, como forma de castigo da criança. Isso ainda acontece em alguns lugares. Uma amiga contou que foi morar, faz poucos anos, em um país do sudeste asiático e pediu matrícula para seu filho em uma escola. A matrícula foi recusada, e a explicação foi que os ocidentais não aceitavam que os professores batessem nas mãos das crianças com uma varinha de castigo. Outra escola concedeu a matrícula e o menino foi feliz nas aulas. No final do ano, na época de retornar ao Brasil, ele pediu para dar um presente de despedida para a professora. “Uma varinha nova”, ele disse. “A dela já está muito velhinha.” É possível castigo com carinho, ela se perguntou?

É possível chegar a uma boa educação mediante atitudes ríspidas ou por meio de algum tipo de castigo? Há comportamentos da criança que pedem correção. Podemos fazer isso sempre com conversa amigável ou há momentos em que a nossa voz deve ser alterada, que o rosto precisa endurecer? Uma pessoa chega a ser educada por suas próprias forças ou isso depende das interações familiares e sociais dela? As palmatórias desapareceram por aqui, mas persiste o desafio de manter o “controle da classe”, como se costuma dizer. Querer o bem de uma criança exige pensar sobre como se chega a ele. Aqui começam alguns problemas: o que é mesmo o bem para uma criança? Respeitar uma criança significa deixar que ela decida por ela mesma sobre o que, quando, onde, como, até que ponto?

Alice, aquela das aventuras no País das Maravilhas, disse, para alguém com quem discutia, que as pessoas não podem fazer que as palavras digam coisas diferentes daquilo que elas significam. A pessoa reconheceu que algumas palavras são muito orgulhosas e que nem sempre é possível fazer com elas o que queremos. Certos verbos são muito orgulhosos, ela admitiu. Quero começar sugerindo isso: “educar” é um dos verbos mais orgulhosos que existe, e, se fosse uma pessoa, seria como aquelas que são, ao mesmo tempo, importantes e simples.


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Desde que as sociedades humanas atribuíram a especialistas a tarefa de transmitir conhecimento e experiência de uma geração para outra a educação vem apresentando questões não insolúveis, mas de difícil solução. Talvez em sociedades mais simples as novas gerações aprendiam a coletar e a caçar e isso bastava, mas em sociedades complexas fica difícil estabelecer um consenso até sobre o que é e para que serve o sistema educacional. Ele deve simplesmente transmitir o que as antigas gerações conhecem ou deve preparar também para o que vem? Como compatibilizar conhecimento e valores da sociedade? Cercando essa questão, há muitas outras de caráter mais particular. Por exemplo, como religião e educação devem se relacionar? E a educação e a política? O professor precisa saber por que ensina isto ou aquilo, para poder estabelecer métodos e técnicas de ensino-aprendizagem. A Filosofia da Educação busca estabelecer esse sentido. Ela é, portanto, fundamental. Sem ela, o ensino vira um barco sem rumo. Esta obra apresenta de forma acessível os princípios da Filosofia da Educação, particularmente a estudantes de Pedagogia e licenciaturas.

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