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Saúde emocional | Lançamento

Saúde emocional | Lançamento

Tempos instáveis. Como encará-los de maneira realista? Por que essa dupla de palavras vem se transformando em “modo de ser” no mundo contemporâneo? O tal do “novo normal”. Perguntas que valem uma vida plena de harmonia e felicidade, desejada por quase todos os seres humanos do planeta.

Atualmente, as pessoas que vivem nas mais diferentes sociedades do globo – sobretudo nos grandes centros urbanos – vêm abandonando a ideia e o hábito de se deixarem guiar pura e simplesmente por costumes, normas e recomendações das instituições políticas e religiosas tradicionais. Não existe mais “o padre não deixa”, “meu pai mandou fazer assim” ou apenas o “não pode e ponto”. As pessoas têm mais acesso à informação e valorizam aquilo em que acreditam. Além do mais, as redes sociais parecem amplificar o efeito daquilo que somos e fazemos: as conquistas no trabalho, o fim de semana na praia, o jantar de Ano-Novo, os primeiros passos de um filho são postados e comentados instantaneamente a quilômetros de distância. Notícias e denúncias em tempo real viralizam com enorme rapidez e mobilizam reações em massa, que colocam em xeque a legitimidade de governos e provocam instabilidade política como foi o caso das recentes manifestações antirracistas nos Estados Unidos ou da Primavera Árabe há dez anos.

Por outro lado, há uma série de transformações em curso que pressionam todos os habitantes do planeta, muitas vezes de maneira angustiante. As mudanças climáticas e o impacto das ações dos seres humanos sobre o ambiente já são conhecidos há mais de meio século. A urbanização desenfreada, as migrações desordenadas, a falta de comida ou a alimentação excessiva e desregrada. O trabalho e o emprego vêm se tornando cada vez mais flexíveis, temporários e governados por aplicativos. Tudo isso vem mostrar uma outra faceta: se por um lado nos sentimos mais descolados de preceitos morais e políticos e mais à vontade para reivindicarmos direitos sociais, por outro somos cada vez mais gerenciados por câmeras, algoritmos, big datas e fake news. Mais do mesmo? A internet sabe o que você fez nos verões passados, te recorda que há tempos você não vai àquela loja ou restaurante, sente a falta do seu cartão de crédito naquela livraria. Mapeamos o mundo, mas também somos mapeados por ele – num verdadeiro labirinto, cheio de armadilhas e ilusões de ótica.

Nosso tempo é escasso. Quase nunca conseguimos parar e interpretar os fenômenos que nos cercam. Somos impelidos a agir, a navegar mares revoltos: ir em busca de um segundo emprego para ter recursos para pagar uma pós-graduação, sem esquecer a academia nas primeiras horas da manhã ou no início da noite. Família, filhos, namoro, levar o cachorro para passear no parque… A incerteza, um componente natural de qualquer análise ou perspectiva de futuro, ocupa uma posição cada vez mais central num mundo que se globaliza a passos largos. Para onde vamos? Quem são nossos parceiros nessa nova empreitada? O que legitima nosso jeito de ser e de estar na Terra? Que tipo de garantia podemos esperar das instituições que nos empregam e nos governam? São perguntas que certamente tensionam nossa mente desprovida de tempo e momento para entender as grandes mudanças, antes de sermos totalmente engolidos por elas.

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Ilana Pinsky é psicóloga clínica, terapeuta familiar e pesquisadora. Fez graduação e mestrado na Universidade de São Paulo (USP) e doutorado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/ departamento de Psiquiatria). Desenvolveu seu pós-doutorado no departamento de Psiquiatria do Robert Wood Johnson Medical School, nos EUA. Foi professora afiliada da Unifesp, onde atuou na pós-graduação e como supervisora e coordenadora do ambulatório de adolescentes da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD). Também foi professora associada da Universidade de Colúmbia, onde coordenou um programa de saúde mental em Moçambique. Atualmente é pesquisadora visitante da School of Public Health da City University of New York (CUNY) e do Center of Alcohol and Drug Studies, Rutgers University. É autora de mais de 80 artigos publicados em revistas científicas, escreveu vários livros sobre dependência química. Escreve regularmente sobre saúde emocional em jornais e revistas para público geral.  Pela Contexto é autora dos livros O alcoolismo e Crime, polícia e justiça no Brasil, além de coorganizadora de Adolescência e drogas e coautora de Álcool e Drogas na Adolescência e Saúde Emocional. Atende em seu consultório virtual brasileiros que vivem em vários países do mundo. Mora com sua família em Nova York. E-mail: [email protected].

Marcelo Ribeiro é psiquiatra, gestor público e pesquisador. Cursou a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde também fez residência em Psiquiatria. Fez mestrado e doutorado no Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tendo atuado como diretor clínico e coordenador do programa de pós-graduação lato sensu da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD), Unifesp. Foi professor afiliado da Unifesp e docente do curso de Medicina da Universidade Nove de Julho (Uninove). Atualmente é diretor do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras Drogas (CRATOD) – Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. É membro do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de São Paulo (CONED-SP), tendo sido presidente durante o biênio 2019- 2021. É autor de mais de 35 artigos publicados em revistas científicas; escreveu livros, guias e cadernos técnicos. É colunista do site RG UOL, onde escreve sobre dependência química, saúde mental e comportamento. Vem atuando como psiquiatra clínico desde o final dos anos 1990. É membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA) e da International Association for Analytical Psychology (IAAP). E-mail: [email protected].