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O que é intermidialidade?

Os estudos sobre intermidialidade são relativamente recentes. Na forma como o conhecemos hoje, esse campo de pesquisa começa a se formar a partir da segunda metade do século XX, com os trabalhos pioneiros de Dick Higgins e de Hansen-Löve. Esses autores estavam atentos às mudanças no campo das mídias de comunicação que começavam a ganhar ímpeto na década de 1960: a televisão popularizou-se rapidamente no pós-guerra, juntando-se ao rádio, ao jornal e ao cinema para estabelecer um mundo em que as mídias de massa (mass media) iam aos poucos transformando o mundo em uma “aldeia global”, como famosamente apontou McLuhan.

Higgins, Hansen-Löve e outros pesquisadores queriam entender o sentido e as implicações dessas mudanças, sobretudo no que diz respeito ao funcionamento interno das mídias e à relação entre elas, isto é, ao que acontece na dinâmica entre mídias. A ideia de intermidialidade surge dessa preocupação.

O meio século que nos separa desses primeiros trabalhos trouxe consigo uma verdadeira revolução midiática. As mídias tradicionais receberam a companhia da enorme variedade de outros meios de comunicação que foram surgindo no espaço virtual tornado possível pela internet. Essa multiplicação de mídias teve como consequência, também, a multiplicação das possibilidades de relação entre mídias. Não é surpresa, assim, que a pesquisa em intermidialidade venha se avolumando e ganhando densidade nas últimas décadas.

É possível então apresentar diferentes propostas para conceituar intermidialidade, o conceito-chave do campo, bem como para estabelecer quais são os tipos de questões que esse conceito nos ajuda a compreender com mais sofisticação. Essas propostas, com seus pontos de contato e suas divergências, nos ajudam a entender a intermidialidade como um campo em formação que dialoga com áreas mais tradicionais de investigação, retomando e ressignificando seus conceitos.
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O que é intermidialidade?

A intermidialidade é um vibrante campo de investigação. Atualmente, o tema se tornou objeto de pesquisa entre muitos estudantes e pesquisadores, havendo um adensamento crescente dos debates no meio universitário. Os estudos nessa área, que conheceram uma vertiginosa expansão a partir da década de 1990, centram nas relações entre diferentes mídias, bem como em seus modos de configuração, suas estratégias comunicativas e seu impacto social. Voltados ao exame de questões tão centrais como mídias e a comunicação, os estudos sobre intermidialidade interessam, assim, a acadêmicos de diversas áreas, como a Linguística, a semiótica, a teoria da comunicação, o ensino de línguas, bem como os estudos literários, os estudos sobre o cinema e as artes visuais, por exemplo.

Mais de três décadas depois da consolidação desse campo, entretanto, não há consenso sobre uma definição do termo intermidialidade. Embora a relação básica que o termo refere seja menos controversa – existe consenso de que “intermídia” aponta para um processo que se dá entre mídias –, há uma grande variedade nas maneiras de significar essa relação. Todas elas, entretanto, têm um ponto em comum: assumem como objeto de investigação os processos de construção de sentidos que se dão a partir da interação de duas ou mais mídias.

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Para entender mais sobre o que é intermidialidade e como esse conceito pode transformar a forma como compreendemos os fazeres comunicacionais da atualidade, conheça o livro Intermidialidade: uma Introdução, da professora Ana Luiza Ramazzina-Ghirardi.

A obra tem por objetivo principal introduzir o leitor nessa área. Ela apresenta os temas mais recorrentes, hoje, nos estudos intermidiais e sintetiza as linhas gerais dos complexos debates sobre o tema. Ao mesmo tempo, apresenta autores que têm servido de referência para o desenvolvimento dos estudos em intermidialidade. As perspectivas de Irina Rajewsky, Claus Clüver, Werner Wolf, Jürgen Ernst Müller e Lars Elleström, entre outros, servirão como fio condutor, unindo os diversos temas, e permitirão ao leitor apreciar a diversidade de pontos de vista de alguns dos autores contemporaneamente mais influentes. Conhecer esses temas, conceitos e autores permite a estudantes de graduação e de pós-graduação ampliar sua capacidade de compreensão de seus objetos de estudo.

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