Um estudo recente realizado por cientistas chineses teoriza que o a estrutura interna do planeta desacelerou nas últimas décadas.
Mesmo com todos os avanços que a ciência teve nos últimos séculos, existem campos de conhecimento que, ainda hoje, permanecem repletos de perguntas — e um deles diz respeito ao interior da Terra.
Não é possível abrir o corpo rochoso que chamamos de lar para ver o que realmente acontece dentro dele, mas existem muitas especulações que podem ser feitas, com maiores e menores graus de certeza. Uma das mais recentes delas foi publicada na revista Nature Geoscience no fim de janeiro de 2023, tendo sido elaborada por cientistas da Universidade de Pequim.
Os autores do estudo examinaram a trajetória feita através do planeta pelas ondas sísmicas provocadas por terremotos ocorridos nos últimos 60 anos. A análise destes extensos dados os levou a concluir que o núcleo interno da Terra está girando em uma velocidade menor que a superfície terrestre. Entenda a questão abaixo!
O que já sabíamos
Nosso planeta é constituído pelas seguintes camadas: crosta terrestre (correspondente à superfície), manto (que é feito de rochas e minerais mantidos em consistência pastosa devido às altas temperaturas), núcleo exterior (que é composto de ferro e níquel no estado líquido) e núcleo interior (que possui a mesma composição, porém se encontra no estado sólido).
Devido ao seu ambiente “mole”, o núcleo interno da Terra tem como se mover de forma relativamente independente das outras camadas, segundo explicado por John Vidale, especialista em geociência, em entrevista ao portal NPR.org:
“Não há nada segurando esse núcleo interno sólido no lugar. E eles [os cientistas] perceberam na década de 1990 que ele estava mudando com o tempo. E nossa interpretação é que ele está girando de forma ligeiramente independente da Terra acima dele”, comentou o acadêmico.
O que é novo
A pesquisa chinesa recente, por sua vez, sugere que esse núcleo estava rodando mais rápido que a superfície do planeta — que, como sabemos, completa uma rotação a cada 24 horas — durante a década de 70. De lá para cá, contudo, a velocidade de rotação dessa estrutura viria diminuindo de forma gradativa.
Ela teria entrado no mesmo ritmo da Terra como um todo por volta de 2009, e, por continuar desacelerando, estaria atualmente mais devagar que o restante do planeta, conforme explicado pelo Jornal da USP.
Essa desaceleração, todavia, não está prevista para continuar indefinidamente: de acordo com os cálculos dos pesquisadores da Universidade de Pequim, é possível que essas mudanças sejam cíclicas. A previsão deles, assim, é que a próxima modificação na movimentação do núcleo interno irá ocorrer na década de 2040.
O que acontece no interior de nosso planeta pode causar inúmeros impactos que apenas estamos começando a entender aqui do lado de fora, como alterações no campo magnético da Terra, na duração de nossos dias e até mesmo na ação da gravidade.
Fonte: Aventuras na História