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A Linguística hoje: historicidade e generalidade | Lançamento

Este é o segundo volume de um conjunto de dois livros em que nos propusemos
a seguinte tarefa: apresentar um panorama atual do campo disciplinar conhecido sob a denominação de “a linguística”. O primeiro volume, publicado em 2023, é intitulado A linguística hoje: múltiplos domínios. Este segundo volume intitula-se A linguística hoje: historicidade e generalidade.

No primeiro volume, acolhemos capítulos que tinham como objeto “linguísticas” relativamente contemporâneas. Ali estão áreas especializadas da linguística que ganharam corpo nos últimos cinquenta anos, como a biolinguística, a linguística cognitiva, a linguística computacional, a linguística forense, a neurolinguística, a sociolinguística etc. São, como chamamos, “múltiplos domínios” da linguística, cujos desenvolvimentos são relativamente recentes, como o leitor poderá verificar na leitura dos capítulos publicados naquele volume.

Neste segundo volume, que chamamos de A linguística hoje: historicidade e generalidade, buscamos agrupar capítulos que tratam de abordagens amplas e que perpassam, de certa forma, várias das “linguísticas especializadas” na história de seus desenvolvimentos. Nesse sentido, o leitor encontrará aqui capítulos sobre antigas maneiras de “fazer linguística” que, ainda que datadas, permanecem atuais. Esse é o caso da linguística descritiva, da linguística estruturalista ou da linguística formal, por exemplo. Podemos dizer com algum grau de certeza que todo linguista contemporâneo herdou – em grande ou pequena medida – conceitos, concepções, moyens de faire de alguma dessas “linguísticas”.

A Linguística hoje: historicidade e generalidade | Lançamento
Leia um trecho aqui

Além disso, a obra traz capítulos sobre “linguísticas” com uma tradição anterior à década de 1970. É o caso da linguística comparada, da linguística funcional, da linguística geral, da linguística gerativa e da linguística histórica. Essas “linguísticas”, ainda que anteriores a outras áreas de investigação linguística, seguem em plena atividade neste primeiro quarto do século XXI – como ficará claro ao leitor a partir da leitura desses capítulos.

Finalmente, também reunimos aqui capítulos sobre linguísticas “amplas”, que contemplam, em seu seio de investigação, diferentes maneiras de pensar e fazer linguística. É o caso da linguística africana, da linguística da conversação, da linguística evolutiva e da linguística popular. Como deve ficar claro ao leitor após consultar esses capítulos, diferentes linguistas, de distintas afiliações teóricas, trabalham nessas áreas e investigam problemas caros a elas.

Tal como no primeiro volume, também aqui organizamos os capítulos de modo que cada um contenha as mesmas cinco seções, que respondem às seguintes perguntas:

  1. O que é a linguística X?
  2. O que ela estuda?
  3. Quais são as grandes linhas de investigação?
  4. Que estudos podem ser desenvolvidos nessa área?
  5. O que eu poderia ler para saber mais?

Na última seção, pedimos aos autores para privilegiarem obras publicadas em português, para que o leitor brasileiro possa ter acesso facilitado a futuras leituras sobre cada tipo de linguística e possa, a partir daí, continuar a trilhar seu caminho dentro de cada área.

Esperamos que esses dois volumes, em conjunto, forneçam um panorama atualizado do campo da linguística no país. Acreditamos em uma linguística plural. Como afirmamos em outro lugar (Battisti, Othero e Flores, 2022: 137),

nada impede que se continue usando a expressão singular “a linguística”
para referir, em seu conjunto, o campo de estudos que reúne diferentes
abordagens de diferentes objetos, constituídos a partir da consideração
da linguagem humana. O importante é ter-se clareza de que a designação
singular não pode encobrir a multiplicidade constitutiva do campo.
Ou seja, cabe resguardar o “direito à existência” dos vários estudos
linguísticos existentes no mundo, pois é tão legítimo o ponto de vista
de estudo criado por Saussure, no início do século XX, quanto aquele
criado por Chomsky, na metade desse mesmo século, apenas para citar
dois dos grandes expoentes do nosso tempo. Cada um mobiliza uma
perspectiva própria de entendimento de linguística, de método para
desenvolvê-la e de objeto a ser abordado.

Convidamos o leitor a conhecer os capítulos deste volume e, se possível, do volume A linguística hoje: múltiplos domínios. Nesses dois volumes, colocamos em prática um pouco do que pensamos sobre o caráter plural dos estudos linguísticos, dando voz a diferentes pesquisadores, com diferentes métodos de análise e objetos de estudo.


Gabriel de Ávila Othero é professor de Linguística, nos níveis de graduação e pós-graduação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É autor do livro Teoria X-barra, coautor de Conceitos básicos de linguística: sistemas conceituais, Conceitos básicos de linguística: noções gerais e Para conhecer sintaxe, além de coorganizador de Sintaxe, sintaxes: uma introdução, Chomsky: a reinvenção da linguística e Saussure e a Escola de Genebra, A Linguística hoje: Múltiplos domínios e A Linguística hoje: Historicidade e  Generalidade.

Valdir do Nascimento Flores é professor titular de Língua Portuguesa, nos níveis de graduação e pós-graduação, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisador PQ-CNPq, é coorganizador dos livros Dicionário de linguística da enunciação, Saussure, Saussure e a Escola de Genebra, A Linguística hoje: Múltiplos domínios e A Linguística hoje: Historicidade e  Generalidade. coautor de Enunciação e discurso, Semântica, semânticas: uma introdução, Introdução à linguística da enunciação, Enunciação e gramática, Conceitos básicos de linguística: sistemas conceituais, Conceitos básicos de linguística: noções gerais, e autor de A linguística geral de Ferdinand de Saussure.

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