Em 6 de agosto de 1945, o B-29 Enola Gay, pilotado pelo coronel Paul Tibbets do 500º grupo de 20º Bomber Command (EUA), solta uma única bomba sobre a cidade de Hiroshima, na extremidade ocidental da ilha de Honshu, Japão. Explodindo a 600 metros de altitude, essa bomba provoca uma destruição completa dos imóveis e dos habitantes num raio de 1 km. Além dos efeitos do calor e do choque provocados pelo equivalente a 35 mil toneladas de TNT, acrescenta-se o efeito invisível e pernicioso da radioatividade. No total, 70 mil mortos e 80 mil feridos.
Após a explosão de Hiroshima, a segunda bomba foi lançada para reforçar o efeito de terror sobre as populações, e de persuasão sobre os dirigentes nipônicos, a fim de evitar uma invasão ao país para por fim à guerra. A missão é executada pelo B-29 Bock’s Car, pilotado pelo major Chuck Sweeney, em 9 de agosto do mesmo ano. O objetivo seguinte é a cidade de Kokura, mas as condições meteorológicas obrigam a atacar o objetivo de substituição, Nagasaki, na ilha de Kyushu. Como a cidade era construída ao longo de vales, os estragos são menos gigantescos do que em Hiroshima; o número de vítimas é, entretanto, ainda enorme: 40 mil mortos e 60 mil feridos.
Naquele momento, a opinião mundial não contesta a legitimidade do emprego da arma nuclear, de tão profunda que é a animosidade contra o Japão desde o ataque surpresa a Pearl Harbor, da mesma forma que a opinião japonesa vê nesse ataque apenas uma forma ainda mais brutal dos bombardeios e assaltos que sofre há um ano.
A criação das bombas
Em 1938, físicos alemães confirmam uma experiência efetuada por Enrico Fermi em 1934: a desintegração do átomo é possível, liberando uma quantidade de energia considerável. Informado a esse respeito, Niels Bohn, um físico dinamarquês, prossegue com a experiência em Princeton (EUA) e, finalmente, em outubro de 1939, em nome dos sábios envolvidos nessa pesquisa, Einstein escreve ao presidente Roosevelt para lhe anunciar a possibilidade de fábricar uma bomba superpotente e radioativa. Como os alemães trabalham sobre as mesmas pesquisas, ele sugere que os Estados Unidos ajam rapidamente, a fim de se adiantar ao adversário. O projeto Manhattan inicia-se logo após Pearl Harbor.
De trabalhos em experiências, os pesquisadores descobrem um novo elemento, o plutônio, ainda mais fácil de desintegrar do que o urânio. Preparam-se então dois tipos de bombas: a Little boy com o U-235, e a Fat Man, de plutônio, tendo seus apelidos ligados ao seu aspecto exterior. Em 16 de julho de 1945 a explosão-teste é um sucesso e o presidente Truman é avisado de que o uso da bomba de energia nuclear é possível a partir de então.
Philippe Masson: professor universitário, historiador, doutor em letras e especialista em conflitos do século XX, publicou inúmeras obras, dentre as quais La Marine Française et la Guerre: 1939-1945, histoire de l’armée allemande, de la mer et de sa stratégie e le drame du Titanic.