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Por dentro da fortuna ilegal de Pablo Escobar

A partir da década de 1980, o narcotraficante arrecadou tanto dinheiro que perdeu grande parte dos lucros devido a ratos nos depósitos do Cartel Medellín.

O temido traficante Pablo Escobar nem sempre esbanjou de tanta fortuna. Quando criança, vivia em meio a uma família pobre colombiana na cidade de Rionegro. Todavia, a grave situação financeira o frustrou.

Em busca de dinheiro fácil, o homem iniciou sua vida no mundo do crime com pequenos contrabandos e sequestros, que resultaram em mais de 100 mil dólares. Mas, para Escobar, aquele dinheiro ainda não era o suficiente.

Foi quando ele decidiu se unir a diversos traficantes e se envolveu no tráfico de cocaína, tornando-se um milionário mundialmente conhecido, capaz até mesmo de subornar juízes e autoridades.

A suposta bondade de Escobar

Em meio a tanto dinheiro, o narcotraficante se tornou o homem mais poderoso da Colômbia. Todavia, só essa fama não lhe agradava, ele queria se tornar um homem amado por todos.

Dessa maneira, em 1980, ele se dedicou a construir casas, edifícios, bairros, igrejas e campos de futebol para a população mais pobre da cidade, tudo com dinheiro ilegal. Mais tarde, o local ficou conhecido como Bairro Pablo Escobar.

Quando as inaugurações aconteciam, o traficante ia até o local para distribuir dinheiro e ainda fazia um discurso, no qual afirmava sua preocupação com as pessoas que eram esquecidas pelo governo. Logo, foi idolatrado pelos pobres.

Por dentro da fortuna ilegal de Pablo Escobar
Pablo Escobar / Crédito: Wikimedia Commons 

Mas Escobar ainda não estava convencido que havia conquistado o amor de seu povo. Para isso, utilizou sua própria residência, a Fazenda Nápoles, para agradar o público. Lá, construiu um zoológico com entrada grátis, com direito a presença de 1.200 animais, a maioria contrabandeados.

A muralha de riqueza

Havia um lado B para que Escobar gastasse seu dinheiro com a população. É que, na verdade, o local de 22 quilômetros quadrados – que era visto por muitos como uma aventura selvagem – também era área de operações de narcotráfico do Cartel Medellín e dos traficantes do homem mais rico da Colômbia.

Lá, o narcotraficante e seus trabalhadores viviam em meio a seis piscinas, 20 lagos artificiais, heliportos e postos de gasolina. Os tráficos de cocaína lhe renderam muito lucro, até mesmo para construir um circuito de MotoCross na fazenda que, mais tarde, ficou conhecido por ser o maior da América Latina.

A casa principal também não era nada simples: dispunha de uma sala de jantar que acomodava até 60 pessoas, salão de jogos, sala de televisão para 30 pessoas e três geladeiras gigantes.

Não se sabe, ao certo, quanto o Cartel faturou em suas missões dos tráficos que saíam da Colômbia. Todavia, acredita-se que a organização era responsável 80% dos tráficos mundiais, e seu faturamento máximo foi 420 milhões de dólares por semana — o que dava cerca de 22 bilhões ao ano.

Sua fortuna era tanta, que o cartel de Medellín que operava tinha a necessidade de gastar US$ 2,5 mil em elásticos por mês, para conseguir empacotar rolos e pilhas de dinheiro. Como o excesso de cédulas era um hábito, chegou a queimar cerca dois milhões de dólares somente para esquentar sua família e proteger sua filha da hipotermia enquanto estava escondido em uma cabana nas montanhas.

É fato que o Rei da Cocaína dispunha da maior quantidade de dinheiro. Segundo Roberto Escobar, irmão do traficante, Pablo ganhava tanto dinheiro que ele perdia 10% por causa dos ratos ou umidade nos depósitos do cartel.

A prisão e morte do narcotraficante

A fortuna do homem pôde ser aproveitava até mesmo quando ele foi detido em 1991. É que ele havia feito um acordo com o governo colombiano para ser preso em um local próprio: a La Catedral, uma prisão de luxo que Escobar havia construído.

A área era o oposto de uma cadeia. Lá, havia campo de futebol e até mesmo uma churrasqueira. Além disso, El Patrón podia escolher quais seriam seus companheiros que desfrutariam daquele paraíso, além de citar quem ocuparia o cargo de funcionário da catedral.

Mas o criminoso não permaneceu muito tempo no local, já que morreu dois anos depois. Após a sua morte, a Fazenda Nápoles, sua maior aquisição, foi tomada pelo governo colombiano e hoje, suas ruínas, são abertas para visitação do público. 

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Fonte: Matéria publicada no Portal Aventuras na História