por Arlete Salvador
Os resultados da prova de redação do Enem de 2014 mostraram as enormes dificuldades dos estudantes do ensino médio para escrever. A nota média caiu 9,7% de um ano para outro. Cerca de 530 mil concorrentes tiraram zero. Apenas 250 conseguiram a nota máxima, 1000 pontos. O que teria acontecido com nossos estudantes para justificar esse desempenho tão desastroso? Pergunta difícil essa, porque não há uma resposta simples. Acredito que um conjunto de fatores tenha influenciado o desempenho dos alunos na prova.
O mais importante deles: maioria dos estudantes brasileiros não aprende a ler e escrever direito na escola fundamental, chegando ao ensino médio sem saber se expressar por escrito. Tem havido melhoras pontuais, mas elas demoram a impactar toda a cadeia da educação. Os resultados de 2014 parecem tão ruins porque muita gente esperava melhoras demais em pouco de menos.
Outra coisa: a redação do Enem é uma prova difícil. O exame pede uma forma de texto específica, uma dissertação argumentativa, na qual são avaliadas várias habilidades ao mesmo tempo. É preciso muito estudo e muito treino para conseguir escrevê-lo. Aliás, a recomendação dos alunos nota 1000 aos colegas que falharam na prova é justamente essa: treinar, treinar, treinar. Escrever bem é resultado de dedicação e esforço.
Arlete Salvador é jornalista especializada em política e mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra. Durante 20 anos de carreira jornalística, trabalhou em alguns dos mais prestigiosos órgãos de imprensa do país, como a revista Veja e os jornais O Estado de S. Paulo e Correio Braziliense. Nesse tempo, escreveu centenas de reportagens, artigos analíticos e uma coluna de notas sobre os bastidores do poder em Brasília, o que despertou seu interesse pela história de grandes líderes políticos e pelo exercício da Língua Portuguesa. É autora dos livros A arte de escrever bem, Escrever melhor, Como escrever para o Enem, entre outros.