Por isso este é o segundo artigo sobre o tema. Quero entender e traçar minha versão do perfil do novo profissional dos novos tempos que nos aguardavam. Hoje, eles estão aqui, ouço bater à minha porta.
O novo profissional vive no cenário que identificamos como o “novo normal”. Trata-se de alguém que deverá ter uma bagagem muito sólida de conhecimento, preferencialmente em mais de uma área. Afinal, a sociedade, em todas as suas vertentes, está se tornando cada vez mais complexa. Ela apresenta desafios que até agora não existiam. Por exemplo, as alterações provocadas nas relações humanas e profissionais pela Covid-19, da qual não se sabe quando ficaremos livres, se é que isso um dia vai acontecer.
Ora, isso implicará, portanto, reforçar a qualidade dos conhecimentos teóricos e práticos de cada um. Sempre aproveitando as experiências acumuladas por pessoas com mais tempo de mercado e de vida. Não, não falo de um saudosismo romântico, mas de aprender com aqueles que já sobreviveram a duras transformações. O que elas têm a nos ensinar sobre o aprenderam em todo o percurso? Tudo bem, nenhuma mudança foi tão avassaladora quanto essa, mas o que podemos aprender sobre resiliência?
Fora isso, o novo profissional deverá ter, sobretudo, muita habilidade no manejo de novas tecnologias. É que muito do que será feito vai depender, essencialmente, desse recurso. No entanto, como capacitar pessoas para esse novo cenário? A sociedade deverá promover um movimento conjugado, unindo todas as forças, a fim de que um maior número de profissionais seja qualificado, por meio da assessoria técnica, vinda de quem já domina a tecnologia. Isso porque não se sabe em que medida os interessados vão dispor de recursos financeiros para pagar cursos regulares tais como são conhecidos hoje. A ideia de escolas domésticas não está descartada, portanto. Afinal, os custos de uma instituição convencional tendem a ser muito altos e podem mesmo se tornar impagáveis por muitos candidatos. As demandas da vida, como se sabe, não se resolvem com um mero auxílio emergencial ou coisa parecida.
No entanto, o que você leu aí em cima só vai acontecer com a condição de que todos se posicionem a respeito, no sentido de criar um envolvimento capaz de levar muitas pessoas para esse novo cenário, construindo meios para que todos se beneficiem. Sem isso, a possibilidade de se verificar alguma alteração será muito deficiente.
Ao mesmo tempo, essa compreensão depende da predominância de uma consciência de valores humanos, com destaque para a moral e a ética. Nesse novo mundo não haverá espaço para que os considerados espertos sobrevivam – tudo deve ser feito para que sua prevalência não aconteça em hipótese nenhuma, pois seria algo como um veneno para esse grande projeto que é urgente e precisa de todos. Ora, isso tem a ver com o desenvolvimento da percepção de que deveremos adotar critérios de ação que não se limitem a fazer coisas. Ao contrário, somos convocados a pensar em ações que valorizem as possibilidades de uma vida mais próxima do seu projeto original.
O que estamos descrevendo é um cenário alterado por pessoas que vestiram a camisa e entraram num jogo sério, de trabalho coletivo. O propósito, aqui, é colher uma sociedade transformada e com novos critérios. Tudo feito a partir de um grande mutirão, e sempre com vistas a uma realidade marcada pela justiça e pela paz, onde os melhores recursos sejam investidos para que nada do que se obteve se perca no meio do caminho. Uma pauta ambiciosa, que não aceita abstenções.
Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]