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Milton Leite: “Seleção baseia-se em poucos bons jogadores”

Por Eliano Jorge

milton_leite Com o conhecimento de quem mergulhou na história das seleções brasileiras que ganharam Copas do Mundo, o jornalista Milton Leite não leva muita fé para a empreitada verde-amarela deste ano, na África do Sul. “Sei não, estou meio desconfiado dessa seleção do Dunga. Embora todo mundo esteja elogiando, acho que ela está muito baseada em poucos bons jogadores”, afirma o autor do recém-lançado livro As melhores seleções brasileiras de todos os tempos, da Editora Contexto.

Escalado como um dos locutores e apresentadores do SporTv para o Mundial, Milton Leite vem acompanhando de perto o escrete canarinho. E, neste caso, não emprega um dos seus famosos bordões: “Que beleza!”

Tem um bando de jogadores esforçados lá, mas craque, craque mesmo, se pensarmos no time titular, tem uns dois ou três caras só: Julio Cesar, Kaká e talvez os laterais-direitos (Maicon e Daniel Alves) que estão jogando bem. O Luis Fabiano está numa ótima fase, mas não é craque, não é um cara que vá ganhar a Copa sozinho, como o Romário ganhou (em 1994).

Sua resistência à Seleção só desaparece quando ele se refere ao trabalho de se debruçar sobre as campanhas vitoriosas de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, além da frustração de 1982. Notório crítico do selecionado nacional nos últimos anos, Milton Leite cobriu as Copas do Mundo de 1998 e 2006, as Olimpíadas de 2000, 2004 e 2008. Trabalhou em O Estado de S. Paulo e no Jornal da Tarde, foi radialista e ganhou destaque televisivo em 10 anos de ESPN Brasil.

Ele não acredita que precisará atualizar o livro tão rapidamente. “Ainda mais agora que o Kaká está com esse problema físico (pubalgia)… Acho que a Seleção está baseada em muito pouca gente boa, não tem muita alternativa. O fato de Dunga não ter conseguido recuperar Ronaldinho e não ter um baita centroavante acima de qualquer suspeita… O Robinho não está bem, a gente não sabe o que vai ser dessa volta dele e o que ele vai jogar na Seleção. Então, eu não apostaria todas as minhas fichas não, guardaria algumas para jogar em outros times”, opina.

Como diria ele próprio nas transmissões, “que faaase!”. À turma do treinador Dunga, é quase “uma caaassetada!” – mais uma de suas frases recorrentes.

O livro


As melhores seleções brasileiras de todos os tempos
, de 224 páginas e ao preço de R$ 33, apresenta a face de escritor de Milton Leite, que se popularizou em narrações de jogos de futebol reais e de vídeo-game.

– O projeto que me ofereceram era de ser o título As melhores seleções e tal. Agora, o conteúdo e o formato de grandes reportagens, fui eu que escolhi. Então fiz seis grandes reportagens sobre as seleções que escolhi. Para cada uma, conversei com três, quatro integrantes delas. Sobre quem não pude ouvir, eu buscava informações em biografias, em programas de televisão e entrevistas.

O livro invade os bastidores para esmiuçar as trajetórias e contar como foram formadas as equipes que garantiram ao País a conquista de cinco Copas do Mundo. A exceção é o time de 1982, exaltado pela qualidade e marcado pela surpreendente derrota para a Itália.

Milton Leite explorou a ausência de obra similar no Brasil, a única nação que se dá ao luxo de discutir, entre tantas, qual foi sua equipe predileta. “Tem coisas separadas, muito espassas. O que acho legal do livro é que ele reúne, num volume só, as seis histórias. Acho que isso o valoriza”, frisa o autor.

Ele ressalva que “não tem nada inédito, são histórias já muito conhecidas, mas com personagens e declarações legais, tem detalhezinhos de bastidores, que não chegam a ser grandes novidades”.

Cita, por exemplo, o temor do goleiro herói antes da consagração: “O Marcos falando que, quando foi estrear na Copa de 2002, a única coisa que ele tinha na cabeça era lembrar do Barbosa na Copa de 50, que acabou passando como culpado de uma derrota histórica. Ele falou: ‘Puxa vida, será que vou ser o novo Barbosa?'”.

Preferência

As genialidades das duas primeiras epopeias, Milton Leite viu somente em videoteipes. “Nasci em 1959. Na verdade, começo a me interessar por futebol mais proximamente na Copa de 70. Considero um marco de eu me interessar em acompanhar, em ler mais sobre futebol”, diz.

No entanto, nem os lances mirabolantes de Pelé, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino e o resto do panteão asseguraram sua preferência na infância.

– Se fosse escolher uma preferida, afetivamente mesmo, sem pensar na parte técnica e no resultado, seria a de 82. Porque eu já era jornalista na época, foi a que acompanhei mais de perto, assisti a todos os jogos, acho que a memória está mais próxima. E porque era uma seleção de caras de personalidade mais definida, não eram só craques. A de 70 tem um pouco isso, mas a de 82 acho que está mais próxima. Foi uma derrota tão contundente que acabou ficando mais marcada.

A ligação com o futebol bem jogado dos comandados de Telê Santana forçou sua inclusão entre as cinco equipes vitoriosas. Milton Leite acrescenta outro argumento desequilibrante para sua predileção: “Tive a chance de conhecer muitos daqueles caras depois: Zico, Falcão, Sócrates… Até eles todos darem entrevista pro livro. Então, o xodó seria a de 82, pelo aspecto puramente afetivo, nada de parte técnica ou tática”.

Coração de lado, a pioneira prevalece. “De todas, talvez a melhor tenha sido a de 1958, embora, como o próprio livro fala, a maioria das pessoas considerem a de 70 como a melhor seleção da história. Acho que tecnicamente a de 58 era melhor, tinha Didi, Garrincha, Pelé, Nilton Santos, Gilmar”, analisa.

Mesmo o álbum de 1962, com várias figurinhas repetidas, não possui brilho semelhante. “Era um time superenvelhecido, o Pelé jogou só duas partidas. O próprio Zagallo me fala isso no livro, que o time da estreia em 62 tinha nove titulares que fizeram a final de 58, que aquele time ganhou a Copa na experiência porque já conhecia o caminho e tal. E porque, quando Pelé se machucou, o Amarildo entrou muito bem. Mas Zagallo fala que a de 58 era muito melhor”.

(via Terra Magazine)

3 thoughts on “Milton Leite: “Seleção baseia-se em poucos bons jogadores”

  1. Olá Sr. Milton o meu contato é apenas pra saber se ha alguma possibilidade de poder contar com a sua ajuda! Tenho um time de futebol,moro aqui no Santa Amélia zona sul de São Paulo,inclusive  trabalhei em suas campanhas políticas,e hoje estou aqui exclusivamente,por que o carro do meu cunhada foi assaltado e conseguimos encontrar o carro graças à Deus,mas infelizmente os dois uniformes bolas foram  todos levados,e já faz 3 meses que a gente não joga,justamente porque A a gente  tinha apenas dois uniformes,que foram conseguidos com muita dificuldade,só queria saber se ha a possibilidade do Sr. nos ajudar nesse aspecto.precisamos de 2 uniformes e se for possível tal ajuda esse uniforme pode ser em caráter de divulgação da sua imagem.desde já agradeço a atenção,um grande abraço e que Deus continue abençoando tanto o Sr quanto a sua família nessa trajetória política e também na vida pessoal.
     Contato: 5675-6244 – 6133-8391
    Email: [email protected]

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