De acordo com Paulo Saldiva, mesmo índices muito pequenos de material poluente estão associados a um aumento dos casos de câncer
Há como relacionar casos de câncer com os níveis de polução atmosférica? A resposta para essa pergunta é sim, de acordo com artigo publicado pela Universidade de São Paulo em parceria com uma instituição estrangeira. Segundo Paulo Saldiva, os níveis de partículas atmosféricas provocados pela queima de combustível fóssil estão relacionados ao desenvolvimento de câncer. Foram avaliadas 1.840 cidades brasileiras. “O que se mostrou foi que um aumento muito pequeno, de sete microgramas por metro cúbico […] está associado com um aumento de câncer da ordem de 16%.” Câncer bucal, de nasofaringe, de esôfago, de estômago e de pulmão foram os mais prevalentes.
Para Saldiva, essa relação entre câncer e poluição apenas reforça os motivos para se controlar as emissões, “não só pelos benefícios que temos nos gases de efeito estufa, mas também para preservar a nossa própria saúde. Seria importante que a gente tivesse medidas mais efetivas para controlar a queima indiscriminada de combustíveis em nosso país”.
Fonte: Jornal da USP por Paulo Saldiva
O professor Paulo Saldiva é autor do livro Vida urbana e saúde
Somos um país urbano: 84% da população brasileira concentra-se em cidades e ao menos metade vive em municípios com mais de 100 mil habitantes. Mas a vida urbana não traz apenas novas oportunidades. Ela propicia doenças provocadas por falta de saneamento, picadas de mosquitos, poluição, violência, ritmo frenético… E tudo isso não ocorre mais apenas nas grandes cidades, mas também nas médias e mesmo pequenas, quase sempre negligenciadas pelo poder público e pelos próprios cidadãos. Mas, afinal, o que fazer para ter boa qualidade de vida nas cidades? Assim como o médico deve pensar na saúde dos seus pacientes – e não apenas em tratar determinada doença –, uma cidade saudável é aquela em que seus cidadãos têm boa qualidade de vida. E o médico Paulo Saldiva, pesquisador apaixonado pelo tema, mostra que é possível, sim, melhorar e muito o nosso dia a dia.