Ontem, dia 29, foi um dia triste para nós brasileiros. Morreu devido a uma parada cardíaca, aos 91 anos, a pedagoga Dorina Nowill.
Cega desde os 17 anos por conta de uma infecção ocular, Dorina ficou famosa depois de criar uma fundação para cegos que leva o seu nome. A organização tinha por meta difundir e tornar acessível aos cegos materiais de estudo escritos em braile.
Dorina abriu fronteiras para os portadores de deficiências visuais no Brasil. Foi a primeira aluna cega a matricular-se numa escola comum, em São Paulo, enfrentando com isto todos os obstáculos advindos da dificuldade de ocupar lugares não adaptados para receber deficientes, assim como o despreparo dos profissionais. Com determinação e compreensão do papel da educação para a inclusão das pessoas na sociedade conseguiu, depois de muita insistência que, em 1945, a Escola Caetano de Campos, em São Paulo, implantasse o primeiro curso de formação de professores para o ensino de cegos. Estas foram as primeiras vitórias dentre muitos outras que viriam.
Nunca descuidou de sua formação, conciliando-a com as necessidades que percebia para qualificar-se para o trabalho de conseguir alternativas que ajudassem superar a exclusão de pessoas. Fez curso de especialização na área de deficiência visual na Universidade de Colúmbia, nos Estados Unidos, com uma bolsa de estudos patrocinada pelo governo americano, pela Fundação Americana para Cegos e pelo Instituto Educacional de Educação.
Após retornar para o Brasil dedicou-se a implantação da primeira imprensa braille de grande porte no país, sendo também responsável pela criação, na Secretaria da Educação de São Paulo, do Departamento de Educação Especial para Cegos. A educação sempre foi uma de suas bandeiras, enfrentou batalha ferrenha no sentido de conseguir que a educação para cegos fosse atribuição do Governo. O direito a educação dos cegos foi regulamentado em lei.
Entre os anos de 1961 e 1973 dirigiu o primeiro órgão nacional de educação de cegos no Brasil. Sua luta também se extendia a implantação de serviços para cegos em diversos estados no Brasil assim como idealizou eventos e campanhas para prevenção da cegueira.
Dorina representou o Brasil internacionalmente ao participar de organizações mundiais voltadas aos direitos de os deficientes visuais e órgãos da ONU. Em 1979 foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos. No Ano Internacional da Pessoa Deficiente – 1981, Dorina, falou na Assembléia Geral da ONU.
Protagonista de uma história admirável. Dedicou sua vida em prol do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência visual.
Nowill deixa cinco filhos, 12 netos e três bisnetos, e o marido Edward Hilbert Alexander Nowill, com o qual estava casada há 60 anos.
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(com ajuda do portal R7, Mulher 500 e Wikipedia)