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Debate “O Contexto Histórico”

Dando continuidade à série de eventos comemorativos da Editora Contexto, os professores Antonio Corrêa de Lacerda, José de Souza Martins e Marcos Napolitano, mediados pelo prof. Jaime Pinsky, protagonizaram na noite da última segunda-feira (4/06) o debate “O Contexto Histórico”. O evento foi no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Conjunto Nacional – SP) e contou com cerca de 80 espectadores, que participaram ouvindo e fazendo perguntas sobre os últimos 25 anos na história do Brasil. O debate, além de destacar as mudanças no cenário econômico, político e social, resgatando eventos que marcaram o período, mostrou ainda o que esperar para os próximos anos em relação a esses temas no país. Questões como “a defasagem da indústria tem a ver coma alta taxa de juros no país?”, “a política agrária foi mais contundente nos governos FHC e Lula?” e “a comissão da verdade pode alterar a história do Brasil?” sintetizaram um pouco o que foi discutido na roda.

Após a apresentação que abriu os trabalhos, feita pelo historiador Jaime Pinsky – que relatou um breve contexto histórico de sua vida e da Editora -, o economista Antonio Corrêa de Lacerda posicionou a história do Brasil por suas transformações econômicas e as mudanças de moedas, mas especialmente os vários pacotes econômicos nos anos 80. Um dos temas pinçados por ele foi a gradual abertura política que culminou na expansão econômica atual. Mas tudo isso sem deixar de falar sobre a pesadíssima carga tributária que consome o bolso dos cidadãos. “O Brasil tem a carga tributária que reflete a nossa desigualdade. Aqui se tributa até o investimento!”, criticou o economista ao final do debate.

José de Souza Martins, sociólogo, comentou que, na época de Getúlio Vargas, o proletariado era só elogios ao governo e agora, com o governo atual, a história se repete. A abertura econômica e política foi feita na era Fernando Henrique Cardoso, mas historicamente o PSDB não faz milagres para o povo, como o governo atual vem fazendo. Martins disse ainda que a abertura política se deu sem partidos que soubessem entender o contexto político do povo no Brasil, mas que a democracia aos poucos foi sendo assimilada. E que um dos grandes saltos para a democracia ser estabelecida no país foi o fato da igreja ser atuante em regiões mais afastadas, como a Amazônia, trazendo os conflitos para um contexto político e fazendo com que a mídia desse mais valor ao fato, permitindo que governantes atuassem mais fora dos grandes centros.

Falando da esfera cultural, o historiador Marcos Napolitano comentou que a o modernismo, que teve seu período mais marcante na década de 20, deixou heranças até hoje, mas que não temos mais nos últimos 25 anos expoentes tão marcantes quanto naquela época. Mesmo assim, a indústria cultural no país continua ativa. Só que um dos problemas apontados por Napolitano é a midiatização da cultura, que aflige até mesmo o mercado de livros, que tem de se adaptar à nova cultura eletrônica.

Mas os pontos que chamaram a atenção do público presente foram os contextos políticos, como carga tributária, reforma agrária e movimentos políticos dentro e fora de Brasília. José de Souza Martins respondeu uma questão a respeito da Comissão da Verdade, dizendo que “a Comissão não vai ‘desanistiar’ os anistiados, mas o país tem direito de saber o que houve com seus mortos”. Foi um debate esclarecedor, que deixou os presentes satisfeitos.

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