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A saga do Barão de Mauá

Da infância turbulenta ao auge no segundo reinado: a saga do Barão de Mauá. Irineu Evangelista de Sousa foi um dos grandes responsáveis pela industrialização do Brasil, marcando a História do país.

Representação artística do Barão de Mauá em 1870 – Wikimedia Commons

Barão de Mauá é uma figura que conseguiu deixar sua marca na história do Brasil, sendo considerado um dos responsáveis por dar um pontapé na industrialização do país durante o Segundo Reinado, período durante o qual o imperador Dom Pedro II esteve no poder. 

O legado do célebre burguês inclui diversos projetos de infraestrutura, muitos deles relacionados à construção de estradas de ferro, seguindo assim os passos de países como os Estados Unidos e a Inglaterra. 

Muito da inspiração por trás de seus investimentos, inclusive, viria de uma viagem de negócios feita a esse último país em 1840: a sociedade industrial inglesa fascinou o jovem empreendedor, que até então só tinha experimentado a atmosfera majoritariamente rural do Brasil. 

Primórdios
Irineu Evangelista de Sousa nasceu em uma família de proprietários de terra criadores de gado, todavia, não teve chance de desfrutar da riqueza familiar devido à morte precoce de seu pai, quando o futuro Barão era apenas uma criança. 

Conforme relatado pelo Brasil Escola, quando sua mãe casou novamente, logo ficou claro que o novo marido nada queria com as crianças do antigo matrimônio. Assim, o padrasto mandou Irineu o para morar com um tio e arranjou um noivo para sua irmã.

Foi com esse tio que o futuro Barão de Mauá foi alfabetizado. Apenas um ano mais tarde, foi contratado por indicação de outro tio para trabalhar no armazém de uma empresa de importações do Rio de Janeiro. 

Na época, ainda não havia leis proibindo a mão de obra infantil – a primeira delas surgiu apenas em 1891, após a morte de Irineu – de forma que o menino passou a trabalhar em troca de comida e abrigo. 

Para sua sorte, o futuro burguês demonstrou talento desde cedo, sendo posteriormente promovido a um cargo mais alto e passando a atuar como contador dos negócios de seu patrão, que se chamava João Rodrigues Pereira de Almeida. Ainda foi capaz de se destacar ajudando o comerciante a sanar suas dívidas quando este foi à falência.

Carreira promissora 
Foi nesse ponto que Irineu encontrou seu segundo emprego, em outra empresa de importações. Esta era administrada pelo escocês Richard Carruthers. Sob os ensinamentos do novo patrão, o jovem aprendeu inglês, melhorou sua contabilidade e suas habilidades como comerciante. 

Com apenas vinte e três anos de idade, foi promovido a gerente e depois sócio da empresa em que trabalhava. Seu jeito para os negócios era tanto que Richard convidou Irineu para juntar-se à maçonaria, uma organização fraternal burguesa. 

Aos vinte e seis, o futuro Barão de Mauá assumiu a liderança da empresa do escocês enquanto este saía do país. Foi nesse período que fez uma viagem para a Inglaterra que abriu sua mente para as possibilidades da industrialização. 

E foi o momento certo para o comerciante começar a pensar em indústrias, como mostrou o destino: Em 1844, apenas cinco anos depois, entrou em vigor a Tarifa Alves Branco, que aumentou os impostos dos produtos que vinham de fora do Brasil e estimulou o comércio interno. 

O auge
O burguês abandonou então a empresa de importações, e, com a pequena fortuna que havia acumulado até aquele ponto de sua vida, começou seu próprio negócio no ramo da indústria pesada. 

Vale dizer que nessa época ele já havia começado sua família, casando-se com sua própria sobrinha, chamada Maria Joaquina. O casal teve dezoito filhos, todavia, apenas sete deles sobreviveram até a idade adulta. 

Ao longo dos anos seguintes, ele comprou uma fábrica de navios a vapor, investiu em companhias de bondes, fundou a Companhia de Iluminação a Gás do Rio de Janeiro, ajudou na realização do encanamento da cidade carioca e também fundou a Companhia de Estrada de Ferro de Petrópolis, construindo a primeira ferrovia do país. 

Foi ainda o principal investidor de outras estradas de ferro através do Brasil, o que rendeu o título de Barão de Mauá, e fundou mais de um banco, instalando filiais em vários pontos estratégicos do país e fazendo transações internacionais. 

Queda
Os negócios do Barão começaram a ir mal quando ele tinha 54 anos, especialmente por conta do uso de mão de obra escrava que ainda persistia na economia brasileira, o que prejudicava as atividades industriais. 

Assim, naturalmente, Irineu era a favor da abolição da escravidão, o que também lhe criou inimigos dentro da poderosa classe latifundiária. Essa inimizade se fez sentir nas indústrias de Irineu através de atentados e sabotagens articulados pelos agricultores. 

Após sua falência, o burguês lançou o livro “Exposição aos credores e ao público”, em que explicou como seus negócios passaram a ir mal e também expôs sua biografia. 

Apesar das turbulências, o Barão de Mauá chegou ao fim da vida novamente em uma situação financeira estável. Adaptável, ele trabalhava então em um emprego ligado à produção de café, que passava por um período promissor. Ele faleceu aos 76 anos de idade, no Rio de Janeiro, quando o Brasil estava a poucos dias da Proclamação da República. 

Fonte: Aventuras na História