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A América reage | D. Pedro e o Dia do Fico

As ordens lisboetas chegaram ao Brasil em dezembro e foi imediata a reação das elites americanas: a articulação em torno da permanência de D. Pedro no Rio de Janeiro. Os líderes da Câmara Municipal fluminense começaram prontamente a recolher assinaturas em uma representação que pedia a D. Pedro para desobedecer às Cortes e ficar no Brasil. Mandaram ainda emissários para São Paulo e Minas Gerais, a fim de obter o apoio das elites dessas províncias. Em virtude da diversidade econômica, as elites, em São Paulo e Minas Gerais, contavam com fazendeiros dedicados à agricultura de exportação, notadamente de açúcar, e outros que se dedicavam à produção de gêneros de subsistência comercializados para outras províncias e, em especial, para o Rio de Janeiro. Faziam parte delas também comerciantes de mulas para transporte, que distribuíam as mulas vindas do Rio Grande do Sul a outras províncias, através da feira de Sorocaba. Profissionais liberais, como advogados, homens de letras, magistrados, além de padres também as integravam. Compartilhavam o ideário liberal e a defesa de um governo autônomo no Rio de Janeiro, de modo a garantir sua participação nas decisões políticas.

A América reage | D. Pedro e o Dia do Fico

Antes mesmo da chegada do emissário do Rio de Janeiro, contudo, a reação em São Paulo já se articulava, sob a liderança de José Bonifácio de Andrada e Silva. A junta local enviou uma carta ao príncipe, ainda em dezembro de 1821, igualmente o incitando a desobedecer às Cortes e permanecer no Brasil.

As articulações de paulistas, fluminenses e mineiros denotavam o esforço de uma ação conjunta em torno da figura de D. Pedro. Este recebeu a carta dos paulistas no dia 1o de janeiro de 1822, e no dia 9, uma deputação do Senado da Câmara do Rio de Janeiro entregou-lhe sua representação com 8 mil assinaturas. Em resposta, o príncipe anunciou que não pretendia deixar o Brasil, no que ficou conhecido como o Dia do Fico. D. Pedro resolvera desafiar as ordens das Cortes lisboetas, provavelmente, porque ele e seu grupo consideravam que essa seria a melhor estratégia para forçar os deputados a aceitarem um governo com certa autonomia no Rio de Janeiro e evitar uma eventual independência. Também deve ter calculado que, no caso de uma separação, a aliança com a elite local lhe permitiria assumir a direção do novo país.

Em 17 de janeiro de 1822, a deputação paulista chegava ao Rio. No mesmo dia, Bonifácio, que dela fazia parte, encontrou-se com D. Pedro e foi por ele convidado para ser ministro do Reino e Estrangeiros. Era a primeira vez que um homem nascido na colônia assumia um cargo de primeiro escalão.

Nos próximos postes iremos falar sobre os desdobramentos dessa decisão: As disputas se intensificam e Ruptura.

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