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Uma resposta para Heloísa | Rubens Marchioni

Heloísa Helena é uma mulher brasileira. Brasileira e mãe de Rodrigo, que vive na Itália em tempos de coronavírus. Ela já sabe: o filho foi contaminado, é um dos muitos atingidos por essa praga do nosso século. De longe, experimenta o drama de saber pouco a respeito das condições em que seu filho vive. Pior do que isso: ela quase nada pode fazer para resolver esse problema, que está fora do alcance, inclusive, das autoridades sanitárias.

Para Heloísa sobra a falta de conhecimento a respeito do assunto. Principalmente no complicado quesito burocracia, cheio de entranhas impenetráveis. Para deixar o país, Rodrigo terá de vencer uma imigração que pode não estar nos seus melhores dias quando o assunto é coronavírus. Tudo isso provoca nos dois uma terrível sensação de impotência diante da vida ameaçada.

Uma pergunta se torna inevitável: existe a opção de fazer com que esse quadro seja diferente? Até que ponto eles, mãe e filho, podem alterar esse cenário nada promissor? Afinal, até mesmo pessoas do ramo questionam a capacidade dos países de vencer esse jogo que está apenas começando e promete lances dramáticos.

Seja como for, se a tragédia é inevitável, é indispensável ter os meios para se proteger. Proteger-se do vírus. Proteger-se do medo. Proteger-se da desinformação. Proteger-se do pânico, do medo de não ter proteção nenhuma.

Nesse sentido, para se fazer alguma coisa com adequação a esse respeito é preciso ter conhecimento. Ele é a matéria-prima essencial para iniciar uma contraofensiva, ainda que isso signifique apenas entrar e sair de um avião. Afinal, o simples ato de entrar e sair pode ser o caminho mais curto para a conquista da liberdade.

Assim, Heloísa precisa de informações seguras e confiáveis a respeito de tudo o que está acontecendo. Esse é o recurso básico por meio do qual ela poderá construir a solução possível para seu problema, vivido distante de Rodrigo.

Cada um em seu país, mãe e filho devem iniciar um trabalho sem tréguas de pesquisa sobre o cenário italiano. Entender a que distância estão de se encontrar uma vacina. Os primeiros passos para providenciar o resgate do filho, apenas para citar alguns exemplos. Por sua vez, é preciso contar com o trabalho do governo e demais instituições, no sentido de facilitar as coisas para o encontro de respostas eficazes.

O sonho, a utopia: Heloísa obter dados confiáveis e dispor dos meios de ver novamente o seu filho, agora em casa, e livre de qualquer vírus que comprometa a sua qualidade de vida. O que sempre será resultado da atitude dos dois, mãe e filho, durante todo o processo de resgate e cura, ação que nasce a partir de valores fundamentais como os laços maternos.

O que você acaba de ler é uma obra de ficção. Mas a vida, neste caso, infelizmente, pode imitar a ficção. 


RUBENS MARCHIONI é palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Autor de Criatividade e redação, A conquista Escrita criativa. Da ideia ao texto[email protected]  — https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao