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Ser jovem é ir além da zona de conforto | Rubens Marchioni

Não sei se isso é novidade, mas o jovem experimenta uma situação crônica de falta de perspectiva. Será que em todos os momentos da história esse fenômeno se repetiu? Espero não ter, aqui, a postura de quem olha o mundo pela primeira vez, sem me dar conta de que a história da humanidade não começou ontem e que o palco desse acontecimento não foi a minha cidade, o Brasil, enfim.

De um jeito ou de outro, é isso que percebo quando olho para o cenário brasileiro. Minha impressão é de que nossos jovens não têm horizontes, não tem ídolos, exceto o Neymar. Não têm uma causa pela qual consideram que é importante lutar. Não têm perspectiva, porque parece que o sinal está fechado para eles, como na música muito bem interpretada por Elis Regina.   

Como disse, não quero cair no senso comum, no dogmatismo fácil segundo o qual “essa juventude está perdida”. Assim como evito acreditar que a juventude de outros tempos viveu uma vida plena de luz, discernimento e propósitos muito bem definidos. O que sinto é que no passado o jovem ao menos lutava por mudanças na sociedade em todos os níveis. Mas isso mudou. Hoje ele se empenha, individualmente, para garantir um lugar nessa sociedade marcada pela competitividade e por uma estrutura ameaçada pelo progresso. Seu umbigo teria se transformado no centro do mundo.           

Os sinais precisam ser abertos, é claro. Mas, quem vai cuidar disso? O jovem cairá na armadilha do “Alguém precisa fazer alguma coisa” e vai esperar pela ação de terceiros? Ou mudará o discurso para “Nós vamos fazer alguma coisa” e se tornará protagonista da própria história?

Isso, naturalmente, demanda uma tomada de consciência sobre o cenário em que vive. Nesse sentido, ele precisa adquirir novos conhecimentos e habilidades para lidar adequadamente com o assunto. Além de se equipar com uma boa dose de atitude para provocar as transformações exigidas. O que, por sua vez, requer a busca por mais conhecimento e a criação de soluções. Sempre avaliando os custos materiais e pessoais dessa prática. Isso, além de disseminar a ideia, para envolver o maior número de pessoas nesse projeto que deve atender aos valores de todos e de cada um. 

Transformar a sociedade é uma empreitada que requer objetivos claros. A tarefa implica a definição do que deve acontecer, em que setores e dentro de que prazo.

Depois disso, para chegar a bom termo, é indispensável empregar o que existe de melhor no que diz respeito a recursos humanos e materiais, a fim de se obter resultados satisfatórios.

Do ponto de vista prático, o trabalho pede, antes de tudo, a identificação do problema. Também requer a busca por um grande número de informações e a utilização criativa desses dados como forma de se chegar a ideias transformadoras. Por fim, é preciso dar forma à ideia encontrada, implantá-la e verificar os resultados obtidos. Além, é claro, da disposição para fazer ajustes indispensáveis. Uma juventude renovada, com horizontes e perspectivas, é fruto da saída da zona de conforto. Mais do que isso, ela se faz com o enfrentamento de todas as batalhas, a conquista de resultados efetivos e a preservação dessa nova vida.


Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]