Por Duda Teixeira para Revista Veja
O primeiro é o que exerce o cargo e pertence ao partido majoritário na Câmara dos Comuns. O segundo pertence à oposição e se prepara para um dia assumir o posto
Depois que vinte de seus ministros pediram demissão, o líder da oposição, Jeremy Corbyn nomeou um novo gabinete e começou a trabalhar com eles.
Detalhe: Corbyn não é o primeiro-ministro da Inglaterra, mas o líder do segundo maior partido na Câmara dos Comuns.
Como explicar esse governo paralelo na Inglaterra?
No Reino Unido, para cada ministro que efetivamente exerce a função, há um ministro “nas sombras”, o que eles chamam de shadow government. Enquanto o primeiro-ministro pertence ao partido com maioria na Câmara dos Comuns, o ministro paralelo é do segundo maior partido nessa casa.
A função desse ministro, da oposição, é vigiar as políticas que estão sendo adotadas e dizer a todos como as coisas seriam diferentes se o seu partido estivesse no poder.
Esse segundo gabinete é escolhido pelo líder do partido de oposição, que atualmente é Jeremy Corbyn.
No Reino Unido, a oposição é uma instituição oficial. É tão valorizada que leva o título de a “Oposição Oficial de Sua Majestade”.
“O seu líder recebe um salário oficial do governo, o que testemunha o valor que tem o debate e a liberdade de crítica na cultura inglesa”, escrevem Peter Burke e Maria Lúcia Garcia no livro Os Ingleses (Contexto).
Com o tempo, os ministros desse gabinete paralelo vão se aprofundando nos assuntos da sua pasta. Ao ganhar experiência nos temas, eles se tornam mais aptos para, um dia assumir o cargo.
David Cameron, atual primeiro-ministro inglês, já teve o seu governo paralelo. É ele que aparece no centro da foto acima, tirada em 2005.