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Parênteses: quanto usar? | Dad Squarisi

Os parênteses são as grandes vítimas da escola. “Errou e não pode apagar? Ponha entre parênteses”, ensinam os professores. Os alunos aprendem a lição. Repetem-na ao longo da vida. Resultado: dão informações falsas, perdem pontos em concursos, são reprovados no vestibular. Vamos combinar? O prejuízo não vale a pena. Escapar dele é fácil como andar pra frente.

Ao usar os parênteses, você dá um recado: o que está dentro deles não faz falta. É secundário, acessório. Entrou ali de carona. Em geral, trata-se de uma explicação, uma circunstância incidental, uma reflexão, um comentário ou uma observação. Veja:

Recife (ou o Recife) prepara-se para o carnaval.

Aeroportos brasileiros não têm (quem diria!) sistema de controle de bagagem.

César Maia (PMDB-RJ) quer disputar a Presidência da República.

Dom Casmurro (de Machado de Assis) é obra-prima da literatura brasileira.

A capital da França (Paris) virou alvo constante de ataques terroristas.

Pontuação

Leia as frases pulando os parênteses. Viu? O que está lá dentro acrescenta algo à declaração, porém não faz falta. Embora dispensável, o autor achou legal brindar o leitor com a informação. OK. O texto é dele. Mas pinta uma pergunta. Como fica a pontuação?

  1. O ponto vai fora quando a palavra ou expressão encerradas nos parênteses for um pedaço da oração: Estão com a corda no pescoço três estados brasileiros (Rio, Minas e Rio Grande do Sul). Ameaçam o abastecimento de água de Brasília os lotes próximo à Barragem do Descoberto (muitos deles irregulares). Brasília (a capital do Brasil) tem 3 milhões de habitantes.
  2. O ponto vai dentro quando os parênteses englobam toda a oração: Meninas de hoje perseguem os meninos até concretizarem o romance. (Vão em cima com tudo sem se importar se eles querem ou não.) As pessoas determinadas investem tudo para obter o que desejam. (Elas não querem perder.) Donald Trump brinca de presidente dos Estados Unidos. (Não está nem aí para a importância do cargo.)

Fonte: Blog da Dad


Dad Squarisi transita com desenvoltura pelo universo da língua. É editora de Opinião do Correio Braziliense, comentarista da TV Brasília, blogueira, articulista e escritora. Assina as colunas Dicas de Português e Diquinhas de Português, publicadas por jornais de norte a sul do país; Com Todas as Letras, na revista Agitação, e Língua Afiada, na Revista do Ministério Público de Pernambuco. Formada em Letras, com especialização em Linguística e mestrado em Teoria da Literatura, concentra o interesse, sobretudo, na redação profissional – o jeitinho de dizer de cada especialidade, cada grupo, cada mídia. Mas é tudo português. A experiência como professora do Instituto Rio Branco, consultora legislativa do Senado Federal e jornalista do Correio Braziliense iluminou o caminho dos livros Dicas da Dad – Português com humor, Mais dicas da Dad – Português com humor, A arte de escrever bem, Escrever melhor (com Arlete Salvador), Redação para concursos e vestibulares (com Célia Curto), Como escrever na internet, 1001 dicas de português – manual descomplicado, Sete pecados da língua, publicados pela Contexto, além de Superdicas de ortografia, Manual de redação e estilo para mídias convergentes, dos Diários Associados, e de livros infantis – de mitologia e fábulas.