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Ninguém pode ser deixado de fora | Rubens Marchioni

Diversidade e inclusão viraram palavras de ordem – não sem razão, ai de quem sair do tom. O fenômeno é o mesmo quando pensamos em outras expressões que estão por aí.

Não sei se temos consciência das implicações da prática de diversidade e inclusão no nosso dia a dia. Veja que não entrei na conversa sobre o que significa a palavra – isso qualquer Google responde e, em poucos segundos, ele esclarece que diversidade é característica ou estado do que é diverso, não semelhante, múltiplo, aquilo em que se verifica oposição, ausência de concordância e vai por aí afora. Mas qual a utilidade de uma definição se ela não se transforma em prática, por falta de motivação ou de habilidade para convertê-la em resultados que favoreçam a sociedade como um todo?

A propósito disso, e apenas para mencionar um exemplo, as corporações desenvolveram um senso mais aguçado quando o assunto é a sua imagem e reputação. Ora, isso tem a ver com ser sustentável e socialmente responsável. O que implica num prêmio: ser bem-vistas e contar com melhor aceitação no mercado.

Elas sabem que esse comportamento impacta na forma como serão percebidas pelo seu público. Assim, quando garantem diversidade e inclusão, as empresas ganham em diferentes segmentos: o dos consumidores finais, dos fornecedores e junto aos clientes internos. E isso, naturalmente, os transforma em advogates, pessoas que compram a marca, fazem questão de recomendá-la àqueles que integram o seu ciclo de relacionamento, assumindo o papel de advogados sempre que pressentem alguma forma de ataque a ela. Estou falando da fidelidade na sua melhor forma. O sonho colorido de toda empresa.

Por outro lado, a diversidade e a inclusão se tornam valores incorporados à cultura da organização e, ao mesmo tempo, afetam positivamente a percepção da sua marca. Tudo isso conta pontos, traduzidos no aumento da aceitação e da receptividade dos produtos e serviços que ela oferece.

Nesse sentido, do ponto de vista da comunicação corporativa a empresa deve orientar-se pelo compromisso ético de construir canais de diálogo e pelo exercício pleno da responsabilidade social e ambiental. As características que produzem os melhores efeitos incluem a verdade, o respeito à diversidade dos públicos internos e externos, a eliminação do preconceito e a manutenção de um clima favorável ao compartilhamento de informações, ideias e conhecimentos. Assim, as empresas que melhor se espelham na ética são aquelas que se comunicam e promovem a comunicação interna e externa como extensão dos seus princípios e valores.

Tudo bem que a gente pode até fazer de conta que nada disso acontece. No entanto, ao menos conceitualmente, essa proposta está aí, e quer transformar as nossas vidas, pessoa física e jurídica.

Fechar os olhos para essa grande onda é o primeiro passo para se tornar vítima de afogamento. Afinal, ela não perdoa aqueles que se revelam inconsequentes diante das suas normas, leis e exigências. Porque, ao contrário do que parece, a diversidade não se resume a um termo badalado dessa estação, expressão com prazo de validade, encostada no anonimato solitário de um brechó em poucas semanas. Ao contrário, trata-se de uma regra de vida que veio para ficar, espalhando seus tentáculos por toda a superfície da sociedade e transformando hábitos quase inacessíveis.


RUBENS MARCHIONI é palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Autor de Criatividade e redação, A conquista Escrita criativa. Da ideia ao texto[email protected]  — https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao