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Métodos de pesquisa em Relações Internacionais

Este livro surge da minha experiência didática oferecendo a disciplina de Métodos de pesquisa há cerca de oito anos no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (IREL/UnB). Ao longo dos vários semestres, sempre senti falta de um manual simples, didático e em português que servisse como uma primeira introdução aos conceitos principais, antes de mergulhar nos textos em inglês, mais complexos, que compõem a formação acadêmica na disciplina.

Métodos de pesquisa em Relações Internacionais

Leia um trecho do livro

Trata-se, portanto, de um manual introdutório que oferece os conceitos e explicações necessários não só para cursar com sucesso uma disciplina de métodos de pesquisa, como também para preparar um projeto ou realizar um trabalho de pesquisa. O livro está dividido em três capítulos: o primeiro é dedicado aos métodos de coleta de informação, como as entrevistas ou os grupos focais; o segundo, aos métodos de análise da informação – a exemplo da análise de discurso e da codificação –; e o terceiro e último debruça-se sobre três temas interligados: a metodologia, questões éticas inerentes à prossecução de uma pesquisa científica e a estruturação de um projeto de pesquisa.

Mas para que serve, afinal, aprender métodos de pesquisa? Para me referir à sua primeira utilidade, devo mencionar uma percepção dominante que encontrei em sala de aula ao longo dos anos. Era a seguinte: só valia a pena aprender métodos de pesquisa quando se queria escrever uma monografia de conclusão de curso ou fazer um mestrado. Será que é verdade? É preciso lembrar que qualquer disciplina de nível universitário requer em algum momento a realização de trabalhos, sejam eles curtos ou longos, e que os métodos de pesquisa são uma parte essencial do planejamento e da realização desses trabalhos. Os métodos são importantes por vários motivos: primeiro, oferecem técnicas e guias de ação para explorar de forma organizada e estruturada os temas de interesse. Esta busca e seleção de informações podem parecer um processo esmagador, dada a multiplicidade de materiais que existe hoje em dia. Contudo, é aí que entram os métodos de pesquisa. Com eles, é possível olhar para toda essa informação de forma direcionada, ‘recortar’ os dados relevantes e organizá-los num texto coerente.

Segundo, métodos de pesquisa também ajudam a resolver eventuais dilemas éticos que possam surgir ao longo da investigação. Exemplos disso incluem o que fazer com informações interessantes que possam ser transmitidas em confidência ao(à) pesquisador(a) no contexto de entrevistas; como lidar com vieses pessoais no processo de análise; e como anonimizar as contribuições para a pesquisa.

Mas, para além dessa utilidade dita ‘acadêmica’, o conhecimento referente a métodos de pesquisa também pode incidir de maneira decisiva sobre a vida profissional ou pós-acadêmica. Na realidade, o que se aprende na disciplina constitui uma habilidade muito útil, independentemente do caminho que se siga ou da atuação profissional que se venha a ter. Como mencionado acima, métodos de pesquisa nada mais são do que formas estruturadas e bem centradas de se olhar para as informações, analisá-las e extrair delas o necessário para explicar um evento, circunstância ou fenômeno de interesse qualquer. Aprender sobre esses métodos é, em suma, aprender sobre como organizar e estruturar o próprio pensamento. Na vida pós-universidade, esse conhecimento pode ser traduzido em e aplicado a um vasto número de situações profissionais, como a estruturação de uma fala feita no contexto de uma reunião importante, ou então a elaboração de um relatório que tenha demandado o processamento e a condensação de informações em larga escala.

Este livro surge nesse contexto. Espero que seja um manual útil para a aprendizagem de competências que tornam o(a) estudante de relações internacionais um(a) analista e um(a) intérprete ativo(a) dos eventos e não um mero consumidor acrítico destes. Um dos desafios que encontrei na escrita deste livro foi como tornar uma temática – por vezes considerada pelos(as) alunos(as) como árida e de elevado grau de dificuldade – não só acessível, mas também fácil de ler e de compreender. Espero ter cumprido o meu objetivo.


Vânia Carvalho Pinto é professora do Instituto de Relações Internacionais e pesquisadora do Centro de Estudos Globais da Universidade de Brasília. É pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico  CNPq. Foi pesquisadora visitante na Universidade de Coimbra (Portugal).

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