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Jaime Pinsky – “Deixem a ortografia em paz”

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Deixem a ortografia em paz

Publicado originalmente no jornal Correio Braziliense em 09/05/2014

por Jaime Pinsky

 

Do Senado, duas notícias, uma boa e outra má. A boa: parece que temos senadores preocupados com o ensino de português. A má: querem alterar outra vez nossa ortografia, agora radicalmente, com a esperança de que, com isso, alunos possam obter melhores resultados na aprendizagem da língua. Criaram até uma comissão, com o objetivo de aplicar o acordo ortográfico (o mesmo que, na prática, já está em vigor), e para fazer com que “se escreva como se fala”. Além de não ser boa, a ideia é impraticável. Fico curioso a respeito de como vai se escrever, por exemplo, aquilo que na ortografia atual é denominada Estação das Barcas (lá na Praça Mauá, no Rio de Janeiro). Para “fazer justiça” à pronúncia, deveríamos grafar “Ijtação daj Barcaj” ou Ixtação dax Barcax”? Fora do Rio, talvez “Istação”, ou ainda “Stação”, como muita gente fala, já que poucos dizem “estação”, além dos curitibanos…

E como redigir o quarto mês do ano? “Abriu”, como dizem muitos brasileiros, “abril”, como diriam alguns gaúchos, ou “abrir”, como parte dos paulistas, mineiros, paranaenses e outros pronunciam? Cabe ao leitor pensar em outros exemplos.

Pesquisas excelentes, feitas por linguistas sérios (Thais Cristófaro, Ataliba Castilho, Stella Maris Bortoni, entre muitos outros) têm mostrado enorme variação linguística até no chamado português culto. Qual seria, pois, o ponto de partida oral, para sua suposta reprodução em texto escrito? Obrigar todos a pronunciar as palavras de uma só maneira, ou ter uma infinidade de representações gráficas para diferentes expressões fonéticas?

Mas isso não é tudo. Como costuma lembrar Carlos Alberto Faraco, a língua escrita não é mero reflexo da língua falada: ambas constituem meios autônomos de manifestação do saber linguístico. A ortografia é uma representação abstrata e convencional da língua. E é fundamental que o sistema ortográfico seja estável e que, independentemente da variação na fala, haja uma única representação gráfica por palavra. Do contrário, não teríamos como reconhecer palavras que fossem escritas em outro tempo (ou até em outro espaço). Seria o caos.

As línguas, patrimônios culturais da humanidade, possuem história. Elas resultam de práticas sociais que as moldaram para que aqui chegassem do jeito que são. São fatores fonológicos, morfológicos, etimológicos e de tradição cultural que fizeram com que nossa língua seja grafada do jeito que é. Línguas também têm parentesco, e nossa origem latina comum permite que possamos ler com relativa facilidade (mesmo que não falemos) outras línguas como o espanhol, o francês e o italiano. Mesmo o inglês, graças ao enorme contingente de palavras de origem latina, fica mais acessível a partir de grafias semelhantes. Arrancar as raízes de nossa ortografia seria romper com importantes aspectos de nossa identidade histórica.

Temos ainda o aspecto prático, talvez o mais relevante de todos. Quando foi imposto o último acordo ortográfico (que, absurdamente, teve sua implantação oficial postergada), toda a indústria editorial movimentou-se para preparar novas edições de todo o seu acervo. Dezenas de milhares de títulos sofreram as mudanças exigidas pelo MEC e outros órgãos governamentais e privados. Gramáticas e dicionários foram refeitos; tratados foram revisados; livros infantis, alterados; manuais, reeditados. Uma nova reforma seria desastrosa, não só para as editoras, mas também para os governos, que teriam que substituir todas as bibliotecas novamente. Trata-se de muito dinheiro jogado fora, possivelmente levando à falência muitas casas editoriais importantes, promovendo gasto desnecessário de verbas públicas, tornando obsoletos bilhões de livros escolares e universitários.

E há, ainda, o aspecto da exclusão social. Quando uma reforma ortográfica é implantada, grande parte dos adultos se torna analfabeta, já que eles nem sempre conseguem reter e utilizar as novas regras inventadas por capricho de meia dúzia de “sábios”, ou de desavisados.

A preocupação é com a qualidade do ensino? Busquem-se soluções adequadas, fazendo com que excelentes pesquisas realizadas por importantes grupos de especialistas possam chegar até as escolas brasileiras, por meio de amplo programa nacional de qualificação de professores do ensino fundamental. Se houver, de fato, intenção de melhorar o ensino no Brasil, está cheio de gente boa pronta para ajudar.

Jaime Pinsky é historiador, professor titular da Unicamp, diretor da Editora Contexto, autor de Por que gostamos de história, entre outros livros

 

87 thoughts on “Jaime Pinsky – “Deixem a ortografia em paz”

  1. Há tanta coisa para fazer neste pais, e uma minoria pensando em mudar novamente a nossa ortografia, os alunos não aprendem a língua por uma questão de conveniência, dá muito trabalho! É uma geração que não conhece sua própria história, pensam coletivamente, uma grande maioria. Precisamos repensar em que condições estas crianças estão sendo educadas em casa, pois as grandes facilidades geradas no lar refletem a falta de compromisso na escola, a nossa língua nada tem a ver com o problema social estampado e escancarado, fugir do problema é fácil, resolver estas questões, realmente, é difícil.

  2. Prezado Professor Jaime Pinsky,

    Sou professora de História, e concordo com o posicionamento do professor em relação a discussão sobre as futuras normas vinculadas a ortografia, sendo estas desnecessárias. Gostaria de ressaltar, o quanto é lamentável, a situação da educação brasileira formal, por muito tempo as gerações de brasileiros (as) não tem o direito e acesso a educação de qualidade, onde o direito a escrita em forma culta fosse de cunho nacional e com a apropriação dos brasileiros nas diferentes classes sociais.
    Em relação a diversidade linguística e etnias em nosso Brasil, precisamos considerar as diversas expressões faladas e escritas das diversas nações indígenas e dos quilombolas também do nosso Brasil os quais lamentavelmente não apareceram nas discussões sobre ortografia, não foi mencionado o assunto quanto a ampliação de novas normas ortográficas, as quais representassem a diversidade linguística de nosso país, assim como, o direito da apresentação das regras ortográficas pelos próprios grupos interessados na inserção da mesmas nas graduações de Língua Portuguesa e demais áreas de conhecimento as quais culminariam o ensino aos estudantes das escolas públicas.
    Por este motivo, o nível das discussões sobre ortografia me parece que ficou no campo do que se fala e como se escreve no dia a dia. Vivemos em um país onde senadores colocam em discussão e priorizam a mudança das regras gramaticais apenas para manter índices educacionais, e com esta atitude desconsidera o direito do outro em expressar o que pensa, por meio da escrita, de forma culta, assim como restringe o acesso do brasileiro as diversas regras ortográficas dos diversos povos indígenas e quilombolas.
    A discussão resulta na indicação de uma regra ortográfica para a diversidade linguística de nosso país. Será que esta discussão no senado pode representar o que foi conquistado no decorrer do processo educacional do Brasil em relação ao reconhecimento dos diversos grupos étnicos do Brasil e da existência das diversas línguas?
    Mas, em nosso país não é relevante uma discussão focada na autonomia linguística dos diversos grupos sociais – indígenas e quilombolas, mesmo que estes tenham também o domínio da língua oficial portuguesa ou seria brasileira?
    Atrelado a esta situação, a falta de reconhecimento da categoria dos professores do Brasil principalmente do nível do Ensino Fundamental, só poderia contribuir para a manutenção de muitos, que hoje, dizem nos representarem no senado, em discussões sobre novas normas ortográficas, que não contribuem em nada para o nosso país e para as futuras gerações. Quanto a sugestão citada pelo professor no artigo “Deixem a ortografia em paz”, e do último parágrafo do texto: “[…] um amplo programa de qualificação de professores do ensino fundamental”.
    Acredito, que o programa de qualificação dos professores do Ensino Fundamental ministrado por especialistas encontraria ouvintes universitários dentro das escolas públicas brasileiras e em algumas regiões do Brasil alunos secundaristas dos últimos anos do Ensino Médio os quais tem assumido a posição social de educarem os estudantes das escolas brasileiras. Isso porque, já é real a falta de professores nas escolas públicas. Interessante, parar e fazer reflexão sobre a falta de professores e os motivos das exonerações dos cargos públicos estaduais.

    Congratulações e um abraço.

  3. “É fundamental que o sistema ortográfico seja estável”. Essa frase resume tudo e significa o absurdo de querer promover mais uma reforma em tão pouco tempo, deixemos de INSANIDADE. Tudo tem limite, mas parece que, no Brasil, não.

  4. Mais uma atitude tresloucada de alguns aloprados que não tem o que fazer,não absorveu-se ainda a primeira reforma e ja vem outra?o falar dos jovens e sofrivel,a escrita idem,melhorem o ensino respeitando os regionalismos,não criando uma babel.

  5. Acredito que falte políticas públicas mais eficazes para que haja um ensino de qualidade e consequentemente uma boa aprendizagem. Querer mudar nossa ortografia com certeza não é a saída, muito pelo contrário, pode prejudicar ainda mais o ensino da língua materna que por sua vez vai perdendo um referencial…

  6. Com tantos problemas graves que o país enfrenta, especialmente na área da educação, é revoltante que os senadores queiram mexer em nossa ortografia, iniciativa cujo resultado certamente será o empobrecimento e a descaracterização da nossa língua. Além do mais, será esta uma função do Parlamento?

  7. Prezado Professor Jaime Pinsky,
    Concordo totalmente com seu artigo. Seria mais uma reforma desnecessária, absurda, dispendiosa, que apenas prejudicaria milhares de pessoas. O povo brasileiro de um modo geral, os alunos, as editoras, etc. Espero que essa nova reforma não aconteça.

  8. Como cidadã brasileira gostaria de apoiar a não mudança da nossa ortografia pelo simples fato de quantos analfabetos existem ainda em nosso território? Quantas pessoas, digo pessoas porque crianças é muito pouco, tem acesso diário a educação? Quando chegarmos à todas as pessoas brasileiras alfabetizadas penso que talvez aí poderíamos ficar felizes que temos pessoas com iniciação ao conhecimento, pois sem a leitura e o estudo podemos construir pouco. Não esqueçamos que somos um país com uma República muito jovem, pois lembramos de 1889 para cá e depois tiramos os anos da ditadura militar….. então somando e diminuindo…. ainda somos uma república muito jovem. Muitas vezes, infelizmente os nossos parlamentares ou melhor nossos representantes diretos, esquecem o real significado da palavra REPÚBLICA – o bem comum para todos. Queremos um bem comum então o construímos já com a pessoa ao meu lado e depois do apto ao lado, do inteiro edifício e das casas ao lado. Cidadãos temos a coragem de construir a educação e o conhecimento começando pelo padeiro, açougueiro, costureira, mecânico, operário, motorista, cobrador e assim todas as pessoas que encontrarmos diariamente, talvez só depois podemos falar em mudanças ortográficas, pois repito quando todas as pessoas da nossa nação sejam alfabetizadas.

  9. Seria de lamentar se nossos senadores, preocupados com o ensino de português, levassem
    adiante a ideia de alterar nossa ortografia. Seria o caos nos mais diversos sentidos. Um país só pode se estruturar como tal através de uma única língua
    escrita com a qual seu povo possa se expressar a despeito das diferenças existentes em sua expressão verbal. Parabenizo o Prof. Jaime pela iniciativa de divulgar esse disparate cogitado por senadores que, de duas uma, ou têm interesses inconfessáveis, ou ignoram as consequências de tal iniciativa. Ora, ora! Se estão realmente preocupados com o ensino de português que façam investimentos sérios na reforma do sistema de educação nacional, não sem a assessoria de especialistas em educação para não corrermos o risco de transformarmos aquilo que já é ruim em péssimo.

  10. Acredito que o artigo é procedente, tendo em vista que a polêmica seria qual dos falares será eleito para essa simplificação.

    Além disso, nem mesmo nós professores assimilamos todas as mudanças (para 2015), principalmente as do uso do hífen, que precisamos consultar a todo momento e já se fala em uma simplificação polêmica e distante de uma realidade, que está transformando a língua oficial numa babel, pois como registra o autor no artigo, a maioria dos adultos, escolarizados ou não, não tem conseguido acompanhar as alterações linguísticas.

  11. Concordo em gênero, número e grau com o professor Jaime.
    É um absurdo sem tamanho. Teríamos uma nova torre de babel, com dezenas de formas diferentes de escrever a mesma palavra. E lá se iria a unidade linguística. Seria o caos ! Será que em algum idioma existe essa maluquice? Saudações fraternas!

  12. Prezados Senhores:
    A primeira manifestação que empreendi a respeito do tema, foi quando soube, por meio do site da Veja online, que uma professora gaúcha recebeu uma verba significativa do governo para “reescrever” clássicos da literatura brasileira, começando por “O Alienista”, de Machado de Assis.
    Não fiquei perplexo, porque da atual administração governista, espero tudo. Mas,fiquei indignado. Leio Machado de Assis desde a adolescência e ainda o leio, como forma de me “desintoxicar” das petições judiciais que sou obrigado a analisar todos os dias, pois trabalho como analista judiciário.
    Ali, constato como a Língua Portuguesa, esta jóia (sim, prefiro esta grafia) de nossa cultura, está sendo desfigurada, sob a medíocre justificativa de que devemos adequar a escrita à linguagem falada coloquialmente.
    Minha formação original é de comunicólogo; depois, estudei Direito. Então,
    minhas atividades prezam pela estabilidade do idioma, uma espécie de segurança jurídica da palavra. Por isso, quando me deparo com estas tentativas de adequar a ortografia, por via transversa, às abordagens ideológicas do ensino do idioma, percebo o quanto estamos expostos às decisões tomadas em gabinetes, formados por pessoas descompromissadas com o legado linguístico que formou nossa língua.
    Daí a pertinência da defesa articulada por Jaime Pinsky: senhores governantes de plantão, deixem a ortografia em paz.

    José Jorge P. Coelho

  13. Olá, Senhores:

    Sou editora-chefe da Editora Universitária Champagnat ( PUCPR) e professora do curso de Letras dessa universidade. Na semana passada, participei da XXVII Reunião da ABEU ( Associação Brasileira de Editoras Universitárias ) e esse tema foi votado no sentido de enviarmos uma carta de repúdio a essa “iniciativa” por parte de uma comissão que não tem um linguista sequer em seu grupo. A proposta é completamente descabida, haja vista a perda de tudo o que já se fez, além dos custos que isso traria para as editoras.
    Grande abraço,

    Rosane Nicola

  14. Quando pensamos que já vimos e ouvimos tudo os nossos representantes aparecem com mais essa. Interessante é o modo fácil (para eles) que esses encontram para resolver os problemas. Se o aluno não está se dando bem em Português, mudem o Português e pronto…Daí eu pergunto: E os que não vão bem em Matemática? Como ficam? Vão mudar também a Matemática? 2 + 2 deixará de ser 4? E os professores? Certamente terão que serem re-capacitados para poder repassar as novidades para os alunos. Quem irá capacitá-los? Quanto custará essa capacitação? Quem sairá lucrando com isso? E quem sairá perdendo? Com a palavra nossos nobres representantes.

  15. Estou pasma com essa ideia do Senado!
    Quer dizer que ao invés de tornar acessível o conhecimento aos alunos, através de melhorias no ensino, como maior capacitação dos professores ou a utilização de métodos de estudo mais eficazes, a solução seria diminuir as dificuldades de aprendizagem dos alunos mudando a nossa língua?
    Nossa! Pode até ser econômico! Em Minas Gerais, por exemplo, diminuiria o gasto com papel. Sim, porque não seria mais “debaixo da cama” e sim “dibá da cama”, não seria ônibus, e sim “ôns”…
    Isso está me parecendo brincadeira… É isso mesmo, “produção”?

  16. Concordo plenamente com o manifesto: deixem a ortografia em paz!
    O artigo nos alerta para uma situação perigosa, e espero que nossas associações (ANPOLL, ABRALIN, etc.) se manifestem. A proposta é inviável, como sugere o artigo e confirmam os comentários. O que mais me preocupa é a situação como um todo. Por um lado, a contradição entre aplicar e mudar radicalmente o acordo ortográfico; por outro, as tentativas de interferência na tradição literária (Machado de Assis, Monteiro Lobato) e o descaso com a questão editorial – como se houvesse um desejo inconsciente de cercear o acesso do cidadão à nossa tradição cultural escrita.

  17. É um pensamento absolutamente contraditório! Em vez de facilitar a ortografia, torna-a específica a cada sotaque ou dialeto, o que multiplica por dezenas o esforço necessário para dominá-la.

  18. Na minha opinião, a questão do mau aproveitamento dos estudantes e do mal trato à língua, uma constante nos lares, nos escritórios, nas fábricas, nas redes sociais, no dia das pessoas, não pode ser tratada pelo Senado Federal. Voce não impõe capacidade de discernimento, cultura e acesso a conhecimento da língua com uma lei. A questão é para ser tratada nas escolas, desde muito cedo, com pais e educadores, por exemplo, fomentando a leitura. Desde a leitura mais simples: das tirinhas e quadrinhos, livros infantis, aos dicionários ilustrados. Não temos esse hábito, mas vemos nas estantes de grandes livrarias muitos dicionários ilustrados para aprendizagem de outras línguas. Precisamos formar uma geração que compreenda a língua como ela é. Criança em contato com a leitura saberá discernir. O professor tem razão … deixe a ortografia com seus pronblemas, que já são muitos.

  19. Precisamos realizar uma reforma em relação a quantidade de professores mal preparados que estão em sala de aula que são resultado do descaso em relação a educação brasileira. Nossos. senadores precisam analisar melhor e mais as necessidades reais de seus cidadãos, O artigo do professor Jayme é excelente.

  20. “A menor distância entre a ortografia de uma língua e seu usuário ainda se dá pelo hábito da leitura”

    Sobre o texto “Deixem a ortografia em paz”

    Fala e escrita são competências comunicativas distintas: uma é convencionalizada, para que haja interação entre os usuários do referido código (o escrito), e a outra competência (a da fala) marca a individualidade de cada um de nós.

    Então nem se discute o objetivo falacioso da proposta do Senado: “mudar novamente a ortografia para que se escreva como se fala”. Na realidade, o foco da preocupação deles deveria ser: melhorar o acesso de nossas crianças à LEITURA, visto que, quanto mais a aprendizagem da escrita se aproximar da aquisição natural da fala, mais promissora ela será, senhores senadores. E a menor distância entre a ortografia de uma língua e seu usuário ainda se dá pelo hábito da leitura.

    Vamos pensar: por que Tarzan, Kaspar Hausen etc não falavam? Simplesmente porque não partilhavam da interação através da fala; pq não recebiam inputs auditivos de outras falas. Logo, não materializam outputs (suas falas). Não há “saídas” (out put) se não houver “entradas” (in put), no caso em questão, se não houver representações mentais prévias do sistema linguístico a que o usuário está exposto.

    Nesta direção, podemos entender que o modo mais PROMISSOR para o processamento (e memorização) da escrita das palavras de um dado sistema se dá pela LEITURA. Na medida em que a criança lê “deixa” ou “fecha”, nas HQ, na Turma da Mônica etc, ela vai internalizar que “deixa” é com “x” e “fecha” é com “ch”. Pela LEITURA, portanto.

    E que esta leitura seja espontânea, prazerosa, indicativa da faixa etária e recorrente. Então, que estes políticos atendam a esta necessidade nacional: a de que boas leituras, bons paradidáticos, revistas em quadrinhos cheguem (de modo sedutor) não só às escolas, mas tb aos lares de nossas crianças.

    Vale uma observação: a escrita formal/padrão é convencional, comum a todos. E que entendamos tb que há a escrita cifrada (da internet) que, por sua vez, é tb individualizada, livre e nada convencional. Com o tempo, a criança vai aprendendo que esta não é a escrita para usos convencionais da linguagem, mas para ambientes virtuais, portanto, passíveis de variação. Ela entende tão rapidamente este processo, como o de não usar seu terno para tomar banho de mar.

    Portanto, que fique claro: nem a FALA (com suas ricas variações) nem a ESCRITA VIRTUAL (da internet) são corrupção linguística, visto que não comprometem nem atrapalham a aprendizagem da escrita padrão. Por exemplo: em provas de vestibular (enem) é muito INCOMUM encontrarmos palavras escritas de modo cifrado. Então, a prática da leitura, sim, esta vai fazer a diferença, esta é o in put do qual não podemos abrir mão.

    Por que a LEITURA (e não exercícios mecânicos e chatos) é esse divisor de águas: vou citar um exemplo de Paulo Freire. “Joãozinho falava direto: professora não cabeu isso na minha pasta”, não cabeu pra lá e não cabeu pra cá. A professora, incomodada, falou: “Joãozinho, vc vai escrever 100 vezes a palavra “coube” na lição de casa hj”. No outro dia, o menino mostra orgulhoso a tarefa para a professora: “Escrevi 99 vezes, porque a última não cabeu” rsrs.

    Por fim, uma última observação: postei esse comentário no meu face, o que justifica a simplificação da minha linguagem rsrsr.

  21. Prezado professor,
    Concordo com sua postura, pois nem bem nos adaptamos as mudanças anterior, já se fala em mudar de novo. Concordo em grau e gênero com a opinião de Faraco. Acho tudo isso um absurdo. Essas mudanças só pioram a nossa língua. Acho que eles deveriam estar preocupados com a qualidade da educação do nosso país que a cada dia cresce o número de analfabetos funcionais no país.
    Obrigado pela informação!

  22. Texto excelente!
    O importante é transmitir a mensagem corretamente, alterar a ortografia só dificulta esse processo, ainda mais, historicamente.
    Obrigada à Editora Contexto pelo convite para ler um texto tão bem escrito!

  23. Sou professora de hIstória. Como o senhor relatou, deveria haver uma melhora, significativa, na educação de um modo geral, e não mudar novamente nossa ortografia.

  24. Alair Coêlho de Resende.
    Conheço o Professor Jaime Pinsk desde 1957 ou 1958. Ambos éramos estudantes. Ele no Colègio Marconi, eu em uma Faculda de Direito. Enquanto que ele ocupava a elevada (elevada sim) posição de líder da Ju
    ventude Israelita de Belo Horizonte, eu trabalhava no IBGE. Já naquele tempo, ele que era um bom flautista e alegrava nossas tardes na esquina da av. Álvares Cabral com rua São Paulo (em Belo Horizonte), onde morávamos, se mostrava um gênio. Embora mais velho do que ele, aprendi muito com este bom amigo e companheiro de domingos de futebol no estádio do Horto.Acompanho à distância a carreira deste mestre, orgulho do nosso Brasil e, certamente, muito mais de sua Sorocaba. Caro Professor, seu artigo é de um vigor a toda prova. Excelente, Além de tudo escreve com conhecimento pleno de causa. Parece-me (e o amigo e mestre prova) que nossos políticos não têm mesmo o que fazer. Meu Deus, quando mais mexem na ortografia, mais analfabetos produzem. Acho que nossos políticos (sobretudo os profissionais do metier) querem mesmo que nosso povo seja analfabeto. Fica muito mais fácil transformá-lo em massa de manobra.
    Se o que se pretende, vingar, nós teremos um Brasil inteiramente retalhado, senão vejamos; o paulista (mormente o do interior) escreverá: “carrrro”, usando uma carrada de rs: o carioca escreverá, como já disse o professor Jaime: “ijtaçao daj barcaj”, Já o mineiro, que tem preguiça de falar, e vive cortando sílabas, escreverá: “pó pô café no fog”. E por ai vai. Não, é hora de parar de brincar com a ortografia. Há mais o que fazer além de tentar estabelecer “padrões fifas”, como entendem. Parabéns professor e continue empunhando esta bandeira, que o Brasil agradece.

  25. Acredito que com essa atitude estaremos entrando em um abismo que proporcionará a criação de vários dialetos no país. O maior patrimônio da humanidade é a linguagem, que mede, inclusive, o tamanho de nosso mundo pelo grau de vocabulário que possuímos. Ela proporcionou, inclusive, a saída da humanidade do estado de natureza para a cultura. Os bárbaros da antiguidade eram assim considerados por que não falavam a língua dos povos conquistadores e desenvolvidos, apenas balbuciavam. Neste sentido a pior pena nas cidades, a época, era a degredação onde as pessoas eram afastadas da comunidade e não mais podiam se comunicar com as outras pela linguagem. Concordo com os argumentos do Prof. Jaime Pinsky no excelente artigo pois não podemos permitir esse enorme retrocesso que descaracterizaria completamente a língua portuguesa.

  26. Sou professor de Língua Portuguesa e estou aposentado. Entretanto, este fato não me isenta, nem torna prescindível a minha opinião a respeito das pretensões de outras e novas mudanças ortográficas. Antes de mais nada, penso que a legitimidade pelo zelo da Linguagem no Brasil não recai, nem pode ser atribuída ao Senado. A questão linguística de um País se acerca de uma gama enorme de fatores que a impedem de ser localizada. Primeiro, nós, brasileiros, não somos usuários exclusivos do idioma português. Há outros países, inclusive a paternidade do idioma não nos pertence. O fato de usar algo não autoriza modificações sem a anuência do dono. E é exatamente nessa área do Direito que quero chamar a atenção, resumidamente, para o problema.

    Um dos princípios basilares do Direito Civil é a autonomia da vontade.
    Assim, o “Princípio da autonomia da vontade: é a capacidade da pessoa humana de praticar ou abster-se de praticar certos atos de acordo com sua vontade”.

    A vontade é tão importante que merece até o destaque bíblico da exaltação da “boa vontade”. Todos os atos humanos relacionados com as suas obrigações civis estão relacionados e tem como fator basilar a VONTADE.

    Quando se estuda o processo da Comunicação, observa-se que qualquer mensagem só vem à tona se o seu emissor pretender comunicar o enunciado dela. Claro que, em condições normais de saúde mental, é assim que ocorre. Para o Direito as palavras ganham uma importância vital, tanto que O Código de Processo Civil, no Art. 156, estabelece que é obrigatório o uso do vernáculo. E daí? Vernáculo como padronizado na língua nacional castiça ou nos falares regionais?

    Se for a primeira, tudo bem. Mas se for a segunda opção, há grande prenúncio do caos rondando o judiciário. Imagine-se a parafernália linguística que iria impor-se e as diversas conotações que se atribuiriam às manifestações de vontade. A semântica seria abusada e violentada em defesa dos interesses escusos.

    Não há como se estabelecer uma liberdade ortográfica a fim de que ela seja um reflexo da linguagem oral.
    Particularmente, sem qualquer constrangimento cultural, digo que odeio os
    idiomas estrangeiros que têm pronúncia diferente da grafia expressa, por
    exemplo, light e print do Inglês. Ora o i vale por {ai} ora vale por {i] mesmo. Contudo, verifique-se se há algum movimento norte-americano ou britânico para que seja alterada a ortografia? Eles não estão preocupados com minha insatisfação. Agora, para nosso conforto, no nosso idioma Tupi [ tupi jamais vai ser tupai] e eu sou [eu] e se fosse “I” [ai], seria a minha dor.

    Portanto, senhores senadores, acho que é muito melhor vossas excelências preocuparem-se com a melhoria do Ensino para que haja uma divulgação e consolidação da unidade linguística nacional, pelo menos ortograficamente, senão, em breve teremos uma Nação fragmentada e não haverá Martinho Lutero brasileiro que dê jeito nisto.

  27. Professor Pinsky, bom dia, abordagem feliz, perfeita!! Sou um mero jornalista, colunista literário, professor universitário, produtor/apresentador de programa voltado ao universo livreiro literário e real// não sinto-me competente para “resolver” nossos problemas idiomáticos, todavia, reconheço a total competência de nossos Doutos senadores, principalmente da nossa presidanta, com todo seu iluminismo, resolver de vez essa “parada”. É mais uma tentativa de resolver o problema, escondedo-o. Comparando: marido flagrou esposa traindo-o, no seu sofá preferido. Solucionou seu problema “cornifero”, queimando o sofá!! Mestre Pinsky, parabéns pela iniciativa. Conte comigo!!
    Ralph

  28. Além de tudo isso que o Professor diz, seria a desintegração total… jamais um povo, uma nação, mas um bando de pessoas falando, cada uma, uma língua, sem comunicação de fato, ou seja, cada um falando apenas para si. É a pulverização da identidade, inclusive, como ser humano.

    O que me apavora é que veio do MEC!!!!

  29. Parabéns pelo artigo, Prof. Jaime! Senador deve trabalhar para garantir melhor formação e salário para os docentes, que resultem em avanços na educação brasileira em todos os níveis.

  30. Uma pena que quando o assunto é a educação qualquer um tem um palpite do assunto, mesmo sem conhecer as complexidades do processo. Mudar a forma como grafamos as palavras de nossa língua seria o mesmo que criar outra língua grafada, pois a princípio não alteraria o modo como falamos. E concordo com o autor em sua crítica em relação ao aspecto econômico e aos custos de mais uma lei infértil. Porque não criar meios de uma educação que tenha como objetivo inserir o cidadão, que senta nos bancos escolares, como membro capaz de se relacionar e interagir em todos os setores sociais e culturais de sua comunidade linguística???

  31. Esse projeto de instituir uma nova nova ortografia da língua portuguesa é simplesmente risível. “Nova nova” porque nem bem nos adaptamos àquela acordada pelos países de língua portuguesa em 2008. Na verdade, penso que é mais um sintoma da velha velha incompetência da classe política brasileira.

  32. A educação no Brasil continua sendo
    tratada de uma forma utópica. A realidade é que os projetos de mudanças sempre
    destinam-se a encobrir a verdadeira realidade; vejamos o que aconteceu com os
    PCN’s que na minha concepção não trouxeram resultados concretos, pela razão de
    terem sido elaborados para cumprir exigências econômicas do sistema capitalista.
    Temos vários linguistas com propostas sérias para melhorar a educação, porém
    não são adotadas, pois seu funcionamento poderia implicar um despertar consciente
    das massas, fato que ocasionaria um processo reflexivo-coerente sobre seus
    direitos e na hora de escolher seus representantes; por tais razões, nossos
    representantes, preferem mascarar os problemas na estrutura educacional, por
    meio de propostas de mudanças superficiais. Assim, segue a utopia lançada nos
    veículos midiáticos de um País potência mundial do futuro que cada dia fica
    mais distante…e sem educação.

  33. A abordagem sobre a “nova ortografia” apresentada pelo professor Jaime é de extrema relevância para direcionarmos uma discussão sobre o que seria realmente necessário para melhorar o ensino ou dar a ele uma significação.Já percebe-se que a nossa língua portuguesa não é estática, mas alterações como citadas no artigo em nada resolverão o nosso problema.Talvez seria interessante ressignificar a nossa prática.

  34. É verdadeiramente bizarra a ideia de mais uma reforma ortográfica num momento em que a última nem foi completamente absorvida e implementada. Quero chamar a atenção para a relação entre essa mania de reformas ortográficas e outra, a de legislar a torto e a direito sobre qualquer assunto ou tema. A sanha voluntarista de reformismo legislador levou o País a juntar num emaranhado esquizofrênico dezenas de milhares de leis — a maioria solenemente ignoradas — e acomete também nossa relação com o idioma. Temos uma constituição com meros 25 anos e que, no entanto, já é a segunda mais longeva entre as seis do período republicano. Um dos piores legados do bacharelismo no Brasil é essa tendência a considerar que o enfrentamento de um problema deve sempre começar por uma norma legal. Edita-se uma lei, depois um decreto que a regulamenta, um certo número de portarias que a desdobram e, como já se tivesse feito o suficiente, deixa-se tudo como antes.

    A varinha mágica de uma reforma ortográfica não fará aprender a escrever ninguém que ainda não o saiba, mas seguramente dificultará a escrita daqueles desafortunadamente poucos que aprenderam. Alguém que esteja hoje com 75 anos não morreria sem viver sua quarta reforma ortográfica. Podemos imaginar quão penoso seria para um desses brasileiros redigir um recurso contra qualquer decisão arbitrária de São Pedro… O respeito ao Estatuto do Idoso deveria ser razão suficiente para que essa proposta fosse bloqueada na partida.

  35. Sou professora de História e me deparo constantemente com as dificuldades que meus alunos têm em dominar a norma culta. Concordo que as mudanças ortográficas da Língua Portuguesa não ajudarão a melhorar o domínio ortográfico da língua, pois o que acontece com grande parte dos professores, é o fato de não dominarem os campos teóricos das suas áreas de atuação e muito menos da Lingüística. Então, concordo também que a questão central é investir na qualificação dos profissionais da educação. Esse é um dos maiores problemas da educação brasileira. Há uma fragilidade dos professores no domínio teórica e conceitual de diversas áreas do conhecimento, que precisam ser aceitas. Além disso,será necessário muito esforço dos especialista e profissionais da educação para superá-la.

  36. Sou professora de História e me deparo constantemente com as dificuldades que meus alunos têm em dominar a norma culta. Concordo que as mudanças na ortografia da Língua Portuguesa não ajudará a melhorar o domínio ortográfico, pois o que acontece com grande parte dos professores, é o fato de não dominarem os campos teóricos das suas áreas de atuação e muito menos da Lingüística. Então, concordo também que a questão central é investir na qualificação dos profissionais da educação. Esse é o maior problema da educação brasileira. Há uma fragilidade teórica e conceitual dos professores, que precisa ser aceito e muito esforço dos especialista e profissionais da educação para superá-la.

  37. A política de ensino do governo federal acabou
    com a repetência; não promove a qualificação dos professores; maquia estatísticas;
    tenta desqualificar pesquisas elaboradas por organismos internacionais que coloca
    o Brasil nas penúltimas posições, estampando indicadores vergonhosos, e agora
    aparece esta proposta. Além de desviar a atenção do foco principal – que é a
    melhoria das condições de ensino – vejo esta mudança ortográfica como uma
    tentativa de nivelar por baixo a nossa combalida língua. É preciso um movimento
    de defesa da manutenção da ortografia atual. Como jornalista, cuja língua é
    instrumento de trabalho, meu primeiro ato será divulgar o texto do professor
    Jaime em sites de comunicação, com o devido crédito ao Correio Brasiliense.

  38. Estou completamente de acordo com o professor Jaime. Como professora de Língua Portuguesa da rede pública sinto na pele, enfrento o desafio do ensino do português. A ortografia é um tema que tem sido pouco refletido no planejamento das aulas de uma parte significativa do magistério, especialmente no que se refere à revisão e reescrita de textos produzidos pelos alunos. Não é possível admitir que o caminho para superar esse desafio seja essa atitude descabida de promover, sem critério , aspectos relacionados ao fraco conhecimento da escrita das palavras aceitas na norma vigente, além de todas as expressões, os vocábulos próprios da oralidade. Mesmo porque variantes orais para serem incorporadas na escrita precisam de todo um trabalho que envolve pesquisa que aponte uma apropriação em massa, uma aceitação generalizada dos termos que a princípio são próprios de grupos específicos.

  39. É engraçado como no Brasil, em questões de língua, os estudiosos que de fato se dedicam ao seu estudo – os linguistas – (e, diga-se de passagem, há vários renomados e reconhecidos no Brasil e exterior), são preteridos quando o assunto justamente diz respeito a nossa língua, ao nosso idioma. Senadores, deputados, até a “presidenta”, acham-se no dever e no poder de deliberar sobre seu uso. Em questões médicas, jurídicas, econômicas ou de engenharia, por exemplo, recorrem aos especialistas na área; não saem aventando soluções para algo que sequer é problema. No caso da língua, todos acham-se doutores e propõem soluções mirabolantes para aquilo que nem mesmo representa um problema. A variedade linguística ocorre em todas as línguas, não é privilégio da portuguesa. Não se tem notícia de que outras nações estejam fazendo ajustes em sua ortografia para adequá-la à fala, simplesmente porque isso é improdutivo e totalmente inconveniente para a própria unidade e identidade de um povo, cuja língua é sua expressão máxima em termos de quem ele é, de onde veio, e de sua cultura material. Espero que outros linguistas como eu, que ocupam as cátedras das universidades brasileiras se manifestem a respeito para evitar que o senado aprove uma medida de tal contrassenso.

  40. Concordo plenamente com o professor Jaime Pinsky, existem tantas outras coisas para nossos senadores se preocuparem. Nossa língua precisa ter um norte e sinceramente, já verificamos tantas “pérolas” diante das regras ortográficas, imaginem se houver uma liberação e cada um escrever da maneira como fala?
    Realmente, deixem a ortografia em paz!

  41. Penso que os governantes deviam dar mais ênfase à educação e também deixar em paz nossa maravilhosa língua portuguesa, respeitando os regionalismos.
    Quem está precisando de socorro são as pessoas que não buscam dicionários na hora de escrever e escrevem na linguagem do internetês ou outras, sem ao menos respeitar a nossa tão bela grafia. Seria absurdo que se permitisse aceitar a maneira de falar, ou seja, que ela mudasse a nossa linda escrita.
    Sabe-se que as pessoas que corrigem provas de ENEM e vestibulares (Redações),deveriam ser mais comprometidas em sua função, que é respeitar e propagar a nossa tão incrível língua portuguesa.Abraços, professor Jaime Pinski!

  42. Tanta coisa para ser resolvida neste país e esse bando de parlamentares, que só sabem comer o dinheiro do povo, inventando moda! Eeee Brasil!

  43. 1º: erro de ortografia não é erro de português; 2º: o prof. pode dar dicas de ortografia, mas se o aluno não tiver interesse e não for bom leitor não vai aprender. Sou contra reformas ortográficas, o que houve foi um acordo ortográfico, adotado até agora só pelo Brasil. Ou deixam as coisas como estão ou voltamos a escrever de acordo com a única ortografia que vigorava até 2007.

  44. Somos bilígues na língua! Falamos de um modo que não é o mesmo que escrevemos! A pretensa mudança advém de um grupo que desconhece a essência de uma língua. Uma estrutura gramatical mínima é necessária para que que haja um ordenamento compreensível mínimo na escrita em documentos, livros, imprensa… Legislar sobre as variações de fala é fruto de completa ignorância! As formas de falar e de dizer são culturais e marcas de um determinado grupo ou região! Nossos legisladores deveriam se preocupar e dar condições de educação profícua com infraestrutura e qualificação profissional reconhecida!

  45. Excelente artigo, uma contribuição para a reflexão crítica e democrática, da pena sempre certeira do Professor Jaime Pinsky!

  46. O professor Jaime Pinsky está corretíssimo!

    Parabéns, Jaime, por demonstrar que a lucidez ainda não está extinta no país.

    E obrigada pela iniciativa de divulgar mais um dos muitos desserviços que nossos “representantes” nos prestam e, assim, possibilitar reações contrárias.

  47. Na realidade brasileira atual existem necessidades muito mais urgentes do que a questão apresentada; isto nos mostra quão ineptos são os políticos que colocamos no poder em relação à sociedade, percebo que suas aptidões estão permanentemente voltadas ao seus próprios interesses. Tenho
    alguns questionamentos que estão sem resposta desde que me entendo por
    gente que foi quando passei a ter acesso à leitura, por volta dos anos 60, em plena ditadura militar; nesse período ler livros proibidos era o máximo e até hoje percebo que tudo que é proibido é mais instigante, não só para mim. Hoje existe uma liberdade de expressão e escrita exacerbada, desde o advento das conversas on-line, a rapidez e a falta de conhecimento em relação à nossa língua, retira das pessoas a possibilidade de melhor se expressarem; entendo que existem, em qualquer língua, dialetos, regionalismos e linguagens que devem ser respeitadas em suas ambiências; não devemos considerar uma fala diferente como sendo culta ou não. Mas a língua de uma nação faz parte de sua unidade e para tanto deve ser soberana, por isso a escrita deve ser unificada e não diversificada a ponto de não se entender o que se quer dizer. E, parece que este é o intuito desses mal políticos, quanto menos a sociedade se entende mais eles terão espaço para o seu desgoverno, precisamos abrir os olhos de nossas crianças e adolescentes para esta realidade, não podemos aceitar que com tantas urgências, estas pessoas, que deveriam trabalhar em prol de um país, só pensem em continuar dividindo-o. Lembremos que quanto mais desmembrado mais fraco encontra-se o
    corpo.

  48. Acredito que mais uma vez, essa discussão leva a uma constatação muito peculiar em nosso país, ou seja, a prática de atacar a consequência em vez da causa de um problema. Essa maneira torta de se tentar resolver problemas nada mais é do que “tapar o sol com a peneira”.
    Portanto, a pergunta que não quer calar é a seguinte: por que os alunos escrevem mal? É por causa das regras ortográficas em si ou porque o sistema educacional é incipiente? Creio que o problema reside nas deficiências de nossa educação e, consequentemente, no ensino equivocado e insatisfatório da língua portuguesa.
    Ora, as vossas excelências deveriam estar mais preocupados em melhorar o ensino do que simplesmente ‘facilitar’ a ortografia da língua portuguesa. Com professores valorizados, bem-remunerados e devidamente capacitados, com um programa educacional sério, comprometido e estruturado, nossos jovens seriam formados adequadamente e, assim, teriam a oportunidade de dominar a língua materna e usá-la eficientemente tanto no registro informal quanto no formal.
    Sendo assim, essa história de reforma, facilitação da ortografia nada mais é do que uma cortina de fumaça que encobre o real problema enfrentado por nosso sistema educacional claudicante. Além do mais, esse problema deveria ser discutido primeiramente por profissionais da área de línguas e, só depois, passar para a esfera política.

  49. Realmente o professor Jaime Pinski traduziu brilhantemente a intenção de alguns deputados com relação as reformas ortográficas, assim: resolver o problema do aprendizado da língua com uma reforma ortográfica descabida passando por cima da tradição cultural e linguística do português. Isso leva, como tem ocorrido, os políticos nada sérios a não se preocuparem com uma educação de qualidade, porque, para eles, a educação é um problema ameaçando a sua ineligibildade pela formação política do povo. No caso, a educação liberta o povo inclusive do anlfabetismo político. Pergunto: quando foram as últimas reformas ortográficas na França, na Inglaterra e na Alemanha, por exemplo? É muito simples apresentar propostas simplistas de reforma ortográfica do que otimizar ações levando a um ensino de qualidade sob todos os aspectos.

  50. Excelente artigo. Ainda há poucos dias discutia esse assunto em aula. É lamentável que a ditadura da ignorância, queira se instalar tão violentamente em nossas escolas. Que tal investir na formação de profissionais de ensino, capazes e eficazes na alfabetização das crianças, no desenvolvimento do raciocínio lógico, no desenvolvimento de práticas de leitura e de matemática?… E o resto, se fará praticamente por si mesmo, à medida em que o indivíduo cresce e se desenvolve, pois a semente do conhecimento e desejo de aprender, foi lançada em terreno fértil.

  51. Estamos atentos a toda essa dificuldade (não estou certa de que esta seria a melhor palavra) tão divulgada sobre a comunicação com a nossa língua – tanto na fala como na escrita – claro que a comunicação é uma tarefa complexa, até porque inclui algumas possibilidades e, nesse contexto (contexto é uma palavra boa) a reflexão do professor Jaime Pinski é bastante oportuna, existe algo que precisamos nos perguntar sempre e tentar responder também: o que a sociedade entende por qualidade no ensino? É essa a preocupação atual ou foi em algum momento de nossa história? Será que com tantos professores, pesquisadores, pensadores brasileiros ainda não foi possível pensar e discutir a questão da qualidade de ensino em nosso próprio país? Tenho a impressão de que primeiramente temos de responder a essas questões e se, de fato, houver uma conclusão no sentido de seguir alguns caminhos em relação à chamada melhoria da qualidade na Educação, creio que, no mínimo, isso deveria ser feito por quem entende do assunto.

  52. Falta pouco para repetirem o projeto de lei dos anos 30, que previa a mudança da língua portuguesa para a língua brasileira em nosso país. Nossos políticos acham mais fácil oficializar a deficiência no ensino do que melhorar a educação básica.

  53. Em seu artigo, o professor Jaime Pinski destaca, logo na primeira linha, que a questão da reforma ortográfica é o senado. Ora, então o problema é político e assim deveria ser inicialmente analisado.
    Sem muitos rodeios e considerando os atos políticos praticados neste país nos últimos dez anos (sucessivas tentativas de censura frustradas por uma sociedade atenta e vigilante; descaso por quem não reza pela cartilha ideológica, por exemplo), a meu ver seria esta reforma mais uma tentativa de desconstrução das coisas nacionais (suas origens, erros e acertos que nos trouxeram aqui até o dia de hoje e nos define como brasileiros) com o objetivo de propor uma “nova e única” verdade, a deles. Seria assim: submissão total do povo que os elegeu e, finalmente, o divórcio deste povo – eles governam e o povo é governado. Afinal, quando uma cabeça não pensa, sempre aparece uma outra para tomá-la para si. E ponto final!
    E como começou isso tudo? Com professores desvirtuados de seu importante papel de educadores da sociedade fazendo greves e mais greves e, quando não as faziam, também nada ou quase nada ensinavam.
    Ainda que estivessem insatisfeitos pela baixa remuneração, não tinham o direito de condenar inocentes crianças à ignorância. Ao contrário: mostrassem esta insatisfação educando seus alunos e ensinando-os a não fazer isso com professores quando eles crescessem! Mas isto vem acontecendo há pelo menos 35 anos!
    Portanto, creio que o melhor que se pode fazer é clarear os caminhos dos nossos alunos educando-os, dando-lhes também formação de caráter, ensiná-los a pensar, serem independentes. Não se deve esperar chegar algo do governo para agir, pois deles não virá nada de bom – as obras deles falam por si! Cabe, sim, aos professores fazerem AGORA o que consideram o certo; quem sabe daqui a 35 anos teremos uma sociedade melhor!

  54. Creio que a dualidade da língua portuguesa (e demais idiomas) no que se refere à grafia correta das palavras está na proporção da razão e dos sentimentos com que ela é tratada. Se pela razão, um cânone de referência sempre vai bem! Se pelo sentimento de pertencimento a uma determinada cultura regional, o falar é superior ao grafar (escrever). Creio, portanto, que não há como separar e impor uma por sobre a outra forma de se expressar. A que se respeitar cada manifestação dessa mesma dualidade. O povo somos nós, seja culto ou inculto!

  55. Parabéns professor Jaime. Talvez essa comissão devesse propor outra questão para o trabalho com a Língua Portuguesa nas escolas. Aliás, os membros dessa comissão deveriam conversar com alguns professores da Educação Básica para conhecer um pouco melhor a realidade das escolas no Brasil. Assim, eles estariam convictos que a LP não é problema. Abraços, Márcia.

  56. O Jaime está coberto de razão. A meu ver, poderíamos até mesmo ter continuado com a antiga ortografia chamada etimológica, que é a que ainda vige na França e nos países de língua inglesa. Antes da reforma de1943, escrevíamos chímica, theologia, pharmácia, metáphora. Em inglês se escreve, ainda hoje, chemistry, theology, pharmacy, metaphor. E em francês: chimique, théologie, pharmacie, métaphore. Ficaria mais fácil, portanto, aprender inglês e francês.

  57. Concordo com o professor Pinsky e acrescento que, embora a defasagem existente entre língua oral e língua escrita em termos da relação letra/som seja um complicador para a alfabetização, todos nós fomos alfabetizados sem grandes dramas…O processo de letramento – o uso contínuo da leitura e da escrita em nossas rotinas – é um fator determinante para auxiliar no domínio da ortografia. Assim, um trabalho efetivo com a formação de professores de ensino fundamental e campanhas de incentivo à leitura seriam medidas muito mais eficazes para minimizar as dificuldades em relação à aquisição da ortografia do que uma reforma considerando todos os seus acarretamentos já levantados pelo professor Pinsky. Há problemas reais na área da educação que devem ser encarados, e os recursos disponíveis devem ser canalizados para a busca de soluções para esses problemas e não para alimentar ilusões de uns poucos desavisados. Língua oral e língua escrita são modalidades distintas da língua; querer equipará-las é uma tarefa inglória e, antes, uma insensatez.
    Profª Drª Margareth de Souza Freitas Thomopoulos/UTFPR

  58. Prezado Professor,
    Concordo com sua postura e opinião a respeito do tema. Acredito que tais mudanças em nossa ortografia causariam demasiados problemas editoriais, ademais de questões relativas às variedades linguísticas diatópicas que seriam privilegiadas. A solução não me parece ser mudar (novamente!) nossa ortografia, mas como o senhor relatou devemos ter câmbios para a melhoria da educação brasileira; uma vez realizado isto, teremos alunos brasileiros conhecedores de seu próprio idioma e conscientes da beleza de sua própria língua.

  59. Um idioma claro e acessível a todos como deseja este grupo criado pela CE é incoerente e utópico. Se queremos um Brasil com uma educação de qualidade, devemos criar meios para que nossos alunos dominem a nossa estrutura linguística e superem a defasagem cultural. No entanto, “facilitanto” sua aprendizagem, nada os beneficia; ao contrário, irá distanciá-los ainda mais dos países cuja educação é clara e acessível, sem meandros.

  60. Professor Jaime Pinsky, coincidência ou não, hoje, ouvi meus filhos conversando sobre um professor de Física que, garranchosamente escrevia no quadro enquanto explicava algo. Eles sorriam e diziam “o cara é fodástico”. Interessada na narrativa indaguei sobre o que se tratava e eles então falaram: “mãe, um professor nosso, tipo gênio da Física, escreveu no quadro a palavra esato, só que ele não se tocou… a gente ria muito e ele recuou, olhou pro quadro e disse: gente vocês tão rindo de quê? Eu fiz alguma cagada? Então eu levantei, fui até o quadro e risquei a palavra com um X bem grandão. Foi aí que ele se tocou e disse: Puta que pariu, cara que merda! Então eu olhei pra ele e disse: professor, nada de mais, fica tranquilo, tu é o CARA DA FÌSICA, e olhei pra turma e falei: Professor esato ou exato, depende do contexto. Fui sentar e o professor ficou meio doido, sentou na plataforma onde ficam os professores, baixou a cabeça e disse “gente, foi mal, eu sempre me atrapalho com essa bosta de Português”. Professor Jaime eu senti que eles esperavam por um comentário meu, afinal sou Linguista… Então falei: “filhotes, só por causa de um X o cara ficou doidão?” Então meu Alex disse: “mãe, o problema é que ele é o melhor professor de Física daqui e não se perdoou por ter escrito exato com “s”. Acho que é porque a gente sorriu muito e ele ficou constrangido”. Então eu disse: “Filhote todos nós fazemos cagadas na vida, agora genial foi você, adorei o contexto!”.

  61. Realmente, mudar a ortografia ao invés de resolver o suposto problema de aprendizagem da língua iria gerar um pânico ainda maior nos nossos falantes de português que, na sociedade do preconceito linguístico em que vivemos, acreditam não saber falar nem escrever português.

  62. Prezado professor concordo plenamente que há fatores mais importantes para se preocupar com a qualidade do ensino em nosso país, seja em no aperfeiçoamento do idioma ou em outras quaisquer. Existem escolas nas quais a estrutura é ínfima faltam carteiras, portas nos banheiros dos alunos, deficiência por parte de funcionários e outros problemas mais que não cabe ser relatados… Penso que nossos representantes públicos deviam se preocupar em fornecer condições de trabalho adequados, salários dignos a nós professores e não implantar uma atrocidades dessas ao nosso idioma, se com uma única forma de escrita temos essa dificuldade tamanha para que escrevam imagine se cada um de nós pudermos escolher a forma que devo grafar determinada palavra? É um absurdo que não tem nem o que se comentar. Espero que este atentado ao idioma não ocorra.

  63. As revisões ortográficas são sempre muito desastrosas. Mais que desastrosa, a proposta dessa nova revisão é a instauração do Terror! Uma nova guilhotina na Língua Portuguesa, já tão à míngua. Fico a imaginar se os franceses se inspirassem nesse falso brilhante, extraído da cabeça de cascalho desses doutos senadores, e tentassem nivelar por baixo a escrita francesa ao modo da fala…Nunca vi tamanha estultice (ou será stultici? ou sturtisi?).

  64. A alteração/destruição da nossa língua é mais uma artimanha gramscista/comunista.
    Uma crítica ao texto:
    Não é absurda a postergação da implantação oficial da reforma ortográfica. É absurda a própria reforma ortográfica, essa monstruosidade, essa aberração desnecessária e sem nenhum propósito concreto.

  65. O artigo traz toda uma série de informações relevantes de forma sucinta e interessante. Além disso, o artigo dispara o gatilho da imaginação do leitor: Já se imaginou se, em nome de alguma liberdade absoluta de escrita, os senhores senadores resolverem que se deve passar a escrever do modo como cada um fala, e não como se fala em cada país ou região, tal como o articulista imagina? Conheço uma moça que, falando, troca o “n” pelo “m”. Como é que ela vai escrever que “o nenê nanou”? “O memê mamou”?

  66. Foi-se o tempo em que especialistas da língua eram consultados para tomadas de decisão importantíssimas como essas. O natural resultado de uma votação desse tipo só pode ser um desastre. Concordo em absolutamente todos os pontos levantados pelo prof. Jaime Pinsky. Com a ortografia não se brinca.

  67. Será que mudando o nosso jeito de “escrivinhar” corretamente a língua falada este país será melhor avaliado pelos Projetos Internacionais, tchê! Quanto a “dinheirama” que o governo gastou e gasta com publicações – não é ele que vai pagar a conta mesmo – e mesmo os editores grandes acharão uma maneira de conseguir um ressarcimento junto aos bancos governamentais, certo!
    Reformem as escolas sucateadas Brasil a fora. Criem mais incentivos “Reais” para a qualificação dos professores em todos os níveis; da educação infantil até o superior. Invistam mais nos Projetos que realmente podem alavancar a Educação deste país tão necessitado.
    Mais é esperar muito da grande maioria de políticos que apenas acreditam em resultados imediatos e palpáveis nos seus bolsos.
    Esperamos que os Políticos sérios e preocupados com o país façam a diferença.
    Não custa nada acreditar na força da Palavra: “ESPERANÇA”.

  68. No Brasil é sempre assim que se resolvem os problemas. Buscam sempre a maneira mais cômoda, que, diga-se de passagem, não resolve problema nenhum, apenas camufla-o. É evidente que é necessário estabilidade na ortografia de uma língua. Essa necessidade pode ser facilmente comprovada através do novo acordo ortográfico, que já nem é tão novo assim, mas continua a suscitar dúvidas na maioria dos brasileiros. Talvez seja necessário uma reforma mesmo, mas não na ortografia. Seria importante rever algumas regras de nossa gramática que já caíram em desuso até pelos usuários da norma culta da língua. Porém, essa discussão não pode partir apenas do governo, deve envolver todos os atores que trabalham diariamente com a língua, como gramáticos, linguistas, estudantes, entre outros, e , claro, os falantes do português brasileiro.

  69. É a síndrome do major Policarpo Quaresma atacando periodicamente os nossos legisladores. Tal como os surtos de gripe, não há ainda remédio pra isso.

  70. Sou professor de geografia. E penso que nossa ortografia deve ser algo que nos dê uma unidade nacional. Embora devemos respeitar o regionalismo brasileiro, se alterarmos a ortografia dessa maneira não estaremos contribuindo para melhorar a educação, mas sim para segregar a nação e ferir profundamente nossa cultura.

  71. Não há notícia que seja boa! Porque essa preocupação nem revela interesse em educação. Esses senadores nada sabem! E insistem em dar provas disso. Podiam desistir! O povo já se convenceu!

  72. Tomo conhecimento desta “barbaridade” de querer mudar novamente a ortografia pelo ótimo e lúcido artigo do Pinsky! Hoje vi um cartaz na Universidade (UFRGS) que dizia: Não queremos mais este congresso! Constituinte já!”. É de ficar pensando….

  73. Texto muito interessante pela discussão que suscita e precisa mesmo acontecer. Concordo que não se deve esperar de novo que meia dúzia de “sábios” ou “desavisados”, – eu prefiro o último adjetivo – façam o que bem entendem sem avaliar as consequências de suas “brilhantes” decisões. Até agora não se sabe como a última Reforma vai melhorar o ensino ou o uso da Língua Portuguesa, porque realmente não é disso que se precisa.

  74. Trata-se realmente da derrocada do saber, após tantos protestos e reivindicações para a melhoria do estudo nacional, alguns conformistas apresentam sua rendição ao coloquialismo, e exaltam assim um falso dialeto para que a atual e próxima geração não se curve ao trabalho de delinear nossa língua moldada pela história, e isto por si só apresenta o fato de que palavras possuem seu verdadeiro sentido, e substituí-las não só distorceriam seu significado com dizimariam sua existência ,tais como : acender e ascender; aferir e auferir; seção e sessão enfim pronúncias semelhantes e sentidos totalmente diferentes, melhor que “simplificar” a ortografia seria mostrar ao jovens estudantes sua musicalidade e com isto apresentar a engenharia das letras, pois não são complexas e sim necessárias, as regras gramaticais permitem a leitura de nossos clássicos literários como um transporte ao passado(e desta forma que se aprende) como ler Machado de Assis trocando suas palavras?, este que usava de magia e psicologia em seus escritos, Simão Bacamarte seu célebre personagem discordaria da interferência “nas línguas de Babel” em nome de uma simples objetividade, Policarmo Quaresma chamaria isto de “caba”,sim uma vespa , e imediatamente tomaria a defesa de nosso “tupi”, pois agora teria um inimigo em comum conosco, ou seja, o aviltamento de nossa língua.

  75. Verdades ditas pelo autor do artigo, basta agora reiterar as sua palavras. Há que se investir na Educação do nosso país, ao invés de ficar tentando criar planos mirabolantes como esse apresentado no artigo em tela. Eu sei, e todos sabemos, que o poder público brasileiro fará de tudo para retardar a educação da massa, pois é visível o querer mantê-la “emburrecida” por toda eternidade. Não sistemas de intermeios que consiga acabar com a baixa qualidade na educação dos nossos jovens, a não ser a ação concreta de iniciativa das próprias autoridades brasileiras, baseada no que muito bem colocou o autor: pesquisas e investigações estão apodrecendo nas prateleiras de universidades brasileiras, tornando-se teses vazias. É preciso pois, que se passe imediatamente à ação, porque gente brilhante, com ideias magníficas estão por aí, à solta.

  76. Pois é, não é?

    Tremendo retrocesso,

    Neste nosso ingresso horrendo

    A língua passa por maus bocados

    E, mesmo sem sabê-lo,

    Cai ao nosso lado,

    Condenado a fazê-lo de modo apressado…

    Pobre de Nossa Língua Portuguesa,

    Violentada por Analfabetos Engravatados

    Envergonha-nos sermos brasileiros

    Num país tão cheio de atrasados…

    Ultrapassar os limites — quais?

    Os que nos empurram ao retrocesso

    Deixemos em Paz a Ortografia

    Para que continue sua cantoria

    Em nome da Ordem e do Progresso!

    Wellington V. Fochetto Junior*

    *Professor de Língua Portuguesa, Publicitário Profissional e “poeta” nas horas “vagas”…

  77. Acredito que devemos deixas a língua “brasileira” em paz. Ao fazer o acordo ortográfico com os países da língua portuguesa muito se produziu. E tenho a certeza que a grande maioria dos brasileiros ainda desconhece o “novo português brasileiro”. Devemos dar tempo ao tempo e investir fortemente na educação de qualidade, não em educação de índices governamentais (tem que aprovar o aluno de qualquer maneira). Obrigado pelo convite de participar desse debate.

  78. Gostei muito do artigo ‘Deixem a ortografia em paz’ do professor Jaime Pinsky. É difícil conquistar a ‘ortografia’, como é difícil conquistar muita coisa na vida. Os argumentos aduzidos pelo professor são convincentes. Eduardo Hoornaert.

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