A tradição escolar brasileira é de base mnemônica, isto é, fundamentada na memória. As práticas escolares disseminadas na maioria das escolas se reduzem a decorar coisas. Quando a gente fala de ensino de português, então, aí é que uma lista de regras, de classes de palavras, de regências, de usos e desusos entra em jogo deixando os alunos maluquinhos… E, no final do ensino médio, a maioria não domina a escrita da língua materna. E o pior e que nem os editores de texto eletrônicos conseguem resolver todas as nossas dúvidas. Se isso vale até para as letras das palavras, o que se dirá sobre os sinais que estão além das letras, os chamados diacríticos?
Diacríticos (todos os sinais que usamos na escrita além das letras, como os sinais de acentuação, outras marcações fonéticas, os sinais de pontuação etc.) são, desde sempre, um problema para os estudantes e professores. Mas, não somente para eles, senão para todos os que trabalham com a escrita, como os profissionais do Direito, os revisores, os escritores, as pessoas que elaboram relatórios e correspondências comerciais ou oficiais, entre outros, ou, simplesmente, para as pessoas que nutrem o prazer de escrever corretamente. O maior problema é que muitas pessoas trazem em mente que é possível dominar todos os usos dos diacríticos com a memorização de regras ou de “dicas”. E sabemos que não é assim.
Mais do que um conjunto de regras, é preciso compreender a lógica de nosso sistema de escrita e dominar alguns conceitos básicos. É preciso saber como é, conceitualmente, a escrita do português e conhecer suas características peculiares. Por exemplo, você sabe por que o til (~) não é um acento e por que a crase (`) não deve ser chamada de acento grave? Você entende a lógica do hífen e sabe por que siglas como CD e DVD não têm plural (não há “CDs” nem “DVDs”)? Você entende a razão por que os símbolos – como km (quilômetro) e kg (quilograma) nunca têm qualquer variação (não há “kms” nem “kgs”)? Sabe que a vírgula não tem qualquer relação com a respiração nem na leitura nem na escrita? Muita gente não sabe essas coisas e, depois, se complica na hora de escrever.
Nosso Guia ensina tudo isso e muito mais. Longe de ser um apanhado de dicas para o ENEM, o livro traz conhecimentos de base que permitirão a você ter outra visão da escrita do português, facilitando muito a compreensão das razões que nos levam a escrever de uma forma e não de outra. Os primeiros leitores já aprovaram. Agora falta você provar e aprovar essa delícia de livro!
Celso Ferrarezi Junior é professor titular de Semântica na UNIFAL-MG. Mestre, doutor e pós-doutor em Semântica, trabalha, principalmente, com semânticas de vertente cultural, tendo idealizado a Semântica de Contextos e Cenários, base teórica de seu trabalho atual. Coordena o Grupo de Pesquisas Linguísticas Descritivas, Teóricas e Aplicadas na UNIFAL-MG. É consultor nas áreas de Linguagem e Educação de diversas instituições governamentais e privadas no Brasil e no exterior. Tem diversos livros e textos científicos publicados no Brasil e no exterior. Pela Contexto, publicou “Sintaxe para a educação básica“, “Guia do trabalho científico: do projeto à redação final” e “O estudo dos verbos na educação básica“, e organizou “Semântica, semânticas” e “Sociolinguística, Sociolinguísticas“.