Por Daniel Castro para o Notícias da TV
Série idealizada por Luiz Carlos Barreto expõe escravidão contemporânea no Brasil. A série documental Escravidão – Século XXI estreou na HBO na terça-feira (4). Criada por Luiz Carlos Barreto e com direção geral de Bruno Barreto (Vovó Ninja), a produção nacional apresenta histórias, relatos e análises e expõe a escravidão contemporânea no Brasil. O primeiro episódio foi exibido na TV paga, às 21h, e também será disponibilizado para assinantes do serviço HBO GO.
O projeto é composto por cinco capítulos, cada um com duração de cerca de uma hora. Lançados semanalmente, os episódios são focados em assuntos variados: cultura da escravidão, escravidão rural, dinâmica da escravidão, escravidão. A contextualização dos temas evidencia como circunstâncias ultrajantes permanecem sendo reproduzidas na sociedade atual, com as imagens revelando a realidade de milhares de trabalhadores brasileiros.
Em material de divulgação, o jornalista, fotógrafo e diretor de cinema Luiz Carlos Barreto diz que o trabalho escravo sempre foi uma grande preocupação na vida como repórter.
“Nos anos 1940, marcados por uma grande guerra mundial, testemunhei, no Ceará, o episódio do Exército da Borracha, quando levas de trabalhadores sertanejos nordestinos eram recrutadas e levadas para os seringais na Floresta Amazônica, transportados em caminhões pau-de-arara até Fortaleza e depois em porões de navios cargueiros até Manaus”, comenta o veterano. “Escravidão – Século XXI é fruto dessa memória que não se apagou, porque a cultura da escravidão, no Brasil, persiste.”
Além dos personagens, personalidades conhecidas também aparecem em cena nas entrevistas. São os casos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do diplomata e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e do jornalista Leonardo Sakamoto. Os depoimentos analisam a relação entre a escravidão moderna, a sociedade brasileira e o racismo no Brasil.
A atração é uma coprodução da HBO com a produtora Filmes do Equador. Bruno Barreto dirige os episódios em parceria com Marcelo Santiago.
O jornalista Leonardo Sakamoto tem um papel importante no combate a escravidão contemporânea no Brasil e é organizador da obra Escravidão contemporânea, ao lado dos autores André Esposito Roston, Fabiola Mieres, Kevin Bales, Mike Dottridge, Natália Suzuki, Raissa Roussenq Alves, Renato Bignami, Ricardo Rezende Figueira, Siobhán McGrath, Tiago Muniz Cavalcanti, Xavier Plassat
A escravidão foi abolida no Brasil no século XIX. No entanto, todo ano, pessoas são traficadas, submetidas a condições desumanas de serviço e impedidas de romper a relação com o empregador. Não raro, sofrem ameaças que vão de torturas psicológicas a espancamentos e assassinatos. Entre 1995 e setembro de 2019, mais de 54 mil pessoas foram encontradas em regime de escravidão em fazendas de gado, soja, algodão, café, laranja, batata e cana-de-açúcar, mas também em carvoarias, canteiros de obras, oficinas de costura, bordéis, entre outras unidades produtivas no Brasil. Organizado pelo jornalista e conselheiro da ONU Leonardo Sakamoto, este livro mostra o que é o trabalho escravo contemporâneo, como ele se insere no Brasil e no mundo, o que tem sido feito para erradicá-lo e por que tem sido tão difícil combatê-lo. Uma obra necessária, pois, enquanto qualquer ser humano for vítima de trabalho escravo, a humanidade não será, de fato, livre. (saiba mais aqui)