Ministério da Educação amplia número de títulos adotados nas salas de aula e valoriza papel da linguagem no aprendizado
Rio – A adaptação de O alienista, de Machado de Assis, vencedor do último Prêmio Jabuti na categoria melhor livro didático e paradidático de ensino fundamental ou médio, é uma das 23 histórias em quadrinhos (HQs) que o Ministério da Educação vai distribuir este ano para as escolas públicas do país. Criado em 1997, o Programa Nacional Biblioteca da Escola ignorou as HQs por dez anos.
Em 2007, 14 obras entraram na lista. Desde então, o número de HQs vem aumentando. Foram 16 em 2008 e em 2009 a participação chega a 4,2% dos 540 títulos que deverão chegar às escolas até março. Mais importante do que a ampliação numérica foi a valorização da linguagem das HQs na última seleção oficial, avalia Waldomiro Vergueiro, coordenador do Núcleo de Pesquisa de Histórias em Quadrinhos da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
O diretor de Políticas de Formação, Materiais Didáticos e de Tecnologias para Educação Básica do MEC, Marcelo Soares, diz que as HQs são “estratégicas para desenvolver o prazer e o gosto pela leitura”. Mas Vergueiro não gosta da premissa de que as HQs seriam um caminho para a literatura. “Podem até levar, mas essa visão instrumental é equivocada. Continua sendo preconceituosa”. Inicialmente, a maioria das HQs escolhidas pelo governo tinha forte ligação com a literatura, e isso aos poucos diminuiu, diz o pesquisador.
Mas o número de adaptações é grande, incluindo versões para Moby Dick, de Herman Melville, e Oliver Twist, de Charles Dickens. Vergueiro discorda da avaliação de que seria melhor para os alunos ler os originais. “Quando se passa um livro para quadrinhos, alguma coisa se perde e alguma se ganha. Acontece hoje com as HQs o que ocorreu duas décadas atrás com a literatura infanto-juvenil, que começou a ser maisvalorizada depois da inclusão em listas oficiais”, avalia Vergueiro”.
(via Diario de Pernambuco)