Ele não é o mais lido em mídias sociais. Não estudou na Europa. Nunca esteve próximo de um Prêmio Pulitzer pela excelência das suas obras literárias.
Mas ele tem uma trajetória significativa e cheia de sentido. Nasceu na zona rural, filho de agricultores e saúde precária. Desde criança, queria escrever e publicar. Escreve, publica e tem nessa atividade a sua fonte de renda e alegria. “Um homem é um sucesso se pula da cama de manhã e vai dormir à noite, e, nesse meio tempo, faz o que gosta”, lembrou Bob Dylan, o cantor. Antes dele, Shakespeare também disse algo semelhante, pela boca de seu personagem Macbeth: “O trabalho que fazemos com prazer cura a canseira que dele mesmo advém.”
No início da adolescência, esse homem ganhou um prêmio literário. Nada mal quando se tem apenas 14 anos, ainda com barro nos pés, vivendo numa quase irrelevante cidade do interior e distante da invenção do Google.
Quando criança demorou a falar. Adolescente, como quem pratica manobras que desmascarem o silêncio imposto, sonhou ser locutor. Aos 15 anos, chegou a criar e apresentar um programa informativo. E publicou seu primeiro artigo em jornal. Ele deu e manteve sua palavra até o fim, atuando como professor universitário e palestrante.
Aos 17, vivendo em São Paulo, fez a sua primeira palestra. Na escola onde estudava, era uma espécie de orador oficial. Aos domingos, substituía os padres, irlandeses, na pregação, em uma das missas mais concorridas, celebrada no bairro onde morava. Anunciar uma vida melhor, este era o seu grande programa para as manhãs do Dia do Senhor.
Sem fazer cursinho, entrou em um dos cursos superiores mais procurados de uma das três faculdades que frequentavam o top do ranking na área. Tinha determinação suficiente para ultrapassar barreiras. Como não sabia que era impossível, foi lá e fez.
Graças a essa atitude, enquanto estudante na graduação foi convidado por um dos seus mestres e iniciou a carreira de professor numa universidade conceituada. Desde o início, ensinava para alunos do terceiro e quarto anos, além de prestar assessoria na Agência Experimental.
Ganhou o prêmio de “Professor do Ano” ao substituir um colega no curso de Especialização, durante um semestre, numa faculdade que é referência na Capital.
Publicou três livros e escreveu um na condição de ghost writer. Autor de mais de 400 artigos, publicados nas mídias impressas e eletrônicas. Escreve, semanalmente, no blog da editora que publica um dos seus livros. Sonhos transformados em palavras e ações falam mais alto. Sente prazer em dividir e devolver um pouco do muito que recebeu. Ensina a criar, escrever e editar, agora à distância, como convém aos tempos de pandemia. É apaixonado pela pesquisa e busca do conhecimento. Enfim, trata-se de um homem realizado, porque fez tudo o que sonhou para a sua vida.
Eis o seu grande prêmio pelo conjunto da obra: experimentar, todos os dias, o prazer de fazer bem feito, por ser fiel à própria vocação e não ter medo de aprender e recomeçar.
Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]