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Bélgica devolve restos mortais de líder fundador do Congo

Uma coroa dentária de Patrice Lumumba, que liderou independência da República Democrática do Congo, foi devolvida à sua família após seis décadas. Sua execução, em 1961, lembra a brutalidade da história colonial belga.

Autoridades belgas devolveram na segunda-feira (20/06) à família do líder congolês Patrice Lumumba os únicos restos mortais conhecidos dele.

Uma coroa dentária de ouro que era usada por Lumumba foi entregue aos membros da sua família pela Promotoria Pública belga em uma cerimônia privada em Bruxelas. Um caixão com a coroa dentária será enviado para a República Democrática do Congo (RDC), onde será colocado em um memorial.

Para marcar a cerimônia, o país terá então três dias de luto oficial em homenagem a Lumumba, de 27 a 30 de junho, na ocasião do 62º aniversário da independência congolesa.

Lumumba, que foi o primeiro premiê congolês, foi assassinado por um pelotão de fuzilamento em 1961, depois de seu governo ter sido derrubado após somente três meses no poder.

Seu corpo foi enterrado em uma cova rasa e, mais tarde, retirado do local por ordem de autoridades belgas, esquartejado e dissolvido em ácido. A coroa dental dourada foi tudo o que restou.

O policial belga Gerard Soete, que supervisionou a exumação, admitiu mais tarde ter guardado a coroa dental de Lumumba.

A família de Lumumba promovia há anos uma campanha pela devolução dos restos mortais do ex-primeiro-ministro. Em 2016, eles entraram com uma queixa na Justiça, o que levou as autoridades belgas a aprenderem a coroa dental, que estava com a família do policial.

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“Responsabilidade moral” da Bélgica

“Não é normal que os belgas tenham mantido consigo durante seis décadas os restos mortais de um dos fundadores da nação congolesa”, afirmou o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, em discurso.

Ele declarou que a Bélgica tem “responsabilidade moral” pela morte de Lumumba. “Gostaria, na presença de sua família, de apresentar um pedido de desculpas em nome do governo belga”, afirmou De Croo. “Um homem foi assassinado por suas convicções políticas, suas palavras, seus ideais.”

A Bélgica homenageou de outras formas o legado do líder congolês, como ao batizar com seu nome uma praça em Bruxelas. O rei Filipe da Bélgica também expressou neste mês seu “profundo lamento” em relação aos abusos cometidos por seu país na ex-colônia africana.

Fonte: matéria publicada no DW Brasil

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