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A vacina do engajamento: um remédio vital

A vacina do engajamento: um remédio vital | Rubens Marchioni

O REINO UNIDO começou a aplicação da vacina contra a Covid, para o bem dos britânicos e a preocupação dos brasileiros, enrolados pelo negacionismo e ideologização por parte do presidente. O homem é mestre nessa arte, e ninguém o supera.

Nós sabemos o quanto isso é preocupante. Vivemos o nosso dia a dia como se nada acontecesse, mas algo nos informa que, sim, algo estranho acontece. Basta atentar para o noticiário, que não para de gritar os números, cada vez mais alarmantes. E isso certamente nos coloca numa situação de conflito.

O quadro quer nos desacomodar. Mesmo a gente sabendo que pode tentar fugir, recusar a convocação inevitável para lutar pela mudança.

Não convém fazer o jogo do presidente. Essa prática é mortal. Ignorar, fazer de conta que a situação é tranquila, equivale a um comportamento de conivência. Uma cumplicidade que mata.

Portanto, é preciso que a população se dê conta de que a vacina existe, não é algo sobrenatural. Se foi possível em pouco tempo no Reino Unido, por que não poderia ser viável em terras brasileiras? Isso só depende da vontade política do governo, que tornaria o imunizante um bem disponível a todo brasileiro interessado em cuidar da própria saúde. Muitos dizem que não tomarão a vacina, mas até aí, tudo bem. O direito ao suicídio deve ser respeitado. Cada um faz com a sua vida o que bem entende.

Talvez a gente não saiba exatamente como encaminhar uma luta que realmente faça a diferença, que modifique o comportamento do senhor Jair. Por isso vivemos de um lado para outro, sem saber ao certo o que fazer. Quem poderia tomar a frente? Quem poderia ser o nosso mentor nessa batalha que é de todos?

É preciso começar pela busca: busca de conhecimento, informações concretas, porque sem isso nosso trabalho de mudar o cenário poderá resultar em nada, para dizer o mínimo. Um jogo que interessa a algumas pessoas que vivem em Brasília – presidente e ministro.

Perder o foco seria algo fatal. O essencial, no momento, é preservar a vida. Isso ainda que a economia saia machucada. Clichê: não dá pra fazer omelete sem quebrar os ovos.

Quem precisa da vacina? Todos. Todas as pessoas, desde as crianças até os mais velhos – gente de todas as cores, de todas as raças, de todos os credos, de todas as classes. Gente que deseja viver.

E então, sabendo tudo isso, encontramos o motivo para agir. É preciso cuidar das pessoas. E isso se faz por meio da ação, muito mais do que de palavras bonitas, que apenas consolam a mente.

Um trabalho dessa envergadura requer a definição de objetivos claros. O que as pessoas devem fazer depois da nossa ação? O que deve ser mudado? Em que circunstância? Em que tempo?

Nossa cabeça pode não produzir todas as respostas. O quadro pode se revelar confuso, mas isso será temporário. Porque de repente, quando menos se espera, uma solução criativa, lúcida e linda vai aparecer em nosso horizonte, pedindo apenas a prática.

Os recursos, humanos e materiais, devem estar disponíveis para essa empreitada. “Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez.”

Profissionais especializados no processo logístico, na aplicação, todos serão convocados para que os brasileiros sejam vacinados e tenham a vida preservada.

A vacina tem de ser gratuita, oferecida a todo brasileiro interessado em acessá-la, sem qualquer custo além do esforço humano. A vida está em jogo. Não é hora de pensar em lucro, faturar. Já é suficiente o fato de que governantes faturam em cima da sua luta, com vistas à reeleição ou eleição.

Agindo assim, conseguiremos vencer a primeira batalha, que consiste em ao menos começar o processo de imunização. Mas, para isso, teremos de abrir mão de algo importante, como o nosso próprio tempo. Antes, porém, o governo precisa deixar de lado a sua ideologia limitante e seu propósito de equiparar-se ao governo americano, que, no entanto, e contra toda expectativa, apressou-se em providenciar a vacina para o maior número de pessoas em seu país, seja qual for a motivação que o levou a agir dessa maneira inesperada para um negacionista crônico.

É claro que seremos testados em nossa resistência na busca por uma mudança no cenário, forçando o governo a mudar seu comportamento. Nem todos serão nossos aliados, muitos se mostrarão inimigos, sobretudo seus apoiadores movidos pela ignorância.

Quando, enfim, estivermos bem próximos do perigo de não ter a vacina e do confronto com as forças palacianas que impedem sua chegada, viveremos uma mudança, trazida pela força sem explicação para lutar. Lutaremos como nunca imaginamos fazer.

O confronto com esses poderes será a nossa provação suprema, e então vamos dispor de força e coragem para seguir em frente.

Nossas posições serão revistas. Nossa visão não será mais a mesma. Assumiremos papéis sem mesmo saber de onde tiramos a motivação para desempenhar cada um deles.

Nossa maturidade e experiência vão nos permitir elaborar, de maneira consciente e racional, os critérios para a luta e a conquista de um novo cenário, onde o direito à saúde seja respeitado.

Com atitude, verificaremos a cada instante os resultados obtidos, avaliaremos as mudanças e desenharemos novos movimentos de acordo com as demandas ainda existentes.

Nossa recompensa vai chegar, eu sei que vai. Vamos ingressar num mundo que não será mais o mesmo. Teremos vencido a ideologia burra de um governo irresponsável e inconsequente.

E então nossa boca, nossos textos, todos os meios de comunicação serão utilizados para difundir não apenas as conquistas, mas a necessidade de acreditar e manter essa utopia que acaba de chegar.

Atentas a tudo isso, as pessoas terão aumentado o interesse nessa luta. Isso provocará em cada um e em todos o desejo de engajamento. E tudo vai se transformar em ação para que o quadro nunca mais volte a ser o mesmo.

O feedback, dado por todos os tipos de pessoas, então beneficiadas com essa luta, mostrará os pequenos ajustes a serem feitos. E isso não nos permitirá criar uma nova vida. E se for necessário, sairemos uma nova grande jornada, de onde novamente sairemos vitoriosos.

Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]