A saga do violino do Titanic, que milagrosamente sobreviveu ao naufrágio. A relíquia passou de mãos em mãos até ter sua identidade reconhecida.
As datas de 14 e 15 de abril, no ano de 1912, são conhecidas mundialmente pelo naufrágio do navio RMS Titanic. Eram cerca de 23h40 do dia 14 quando a lateral do Titanic se chocou com um iceberg, no norte do oceano Atlântico.
Naquela noite tomada pela neblina, ainda que o mar calmo já indicasse a existência de blocos de gelo, nada pode ser efeito para evitar a tragédia. E, quando finalmente perceberam, já era tarde demais: o choque foi fatal e logo a embarcação começou a afundar.
Uma das dificuldades enfrentadas pelos vigias e outros funcionários foi a demora na comunicação, o que certamente a tragédia não perdoou. Contudo, um objeto sobreviveu até os momentos finais do gigante dos mares, que na ocasião comportava cerca de 2.500 pessoas.
Em meio à tragédia, um instrumento foi eternizado na história do naufrágio: um violino que pertenceu ao líder da pequena orquestra da embarcação, Wallace Hartley. Segundo o artigo do The Vintage News, o objeto foi um presente de noivado de Maria Robinson a Hartley.
Além disso, uma placa de prata foi fixada no arremate do violino para comemorar o noivado do casal, em 1910, dois anos antes do naufrágio. Originalmente, estudiosos perceberam que o violino tinha sido guardado numa mala, presa às costas do líder da banda no naufrágio.
Contudo, quando o corpo de Hartley foi recuperado pelo navio CS Mackay-Bennett, nenhuma documentação foi encontrada, o que tornou a identificação ainda mais desafiadora.
Segundo a Encyclopedia Titanica – um trabalho de referência on-line sobre o Titanic -, jornais da Inglaterra e do Halifax, no Canadá afirmaram que o corpo de Wallace Hartley foi encontrado junto a uma mala. Mas não havia nenhuma referência ao violino.
Já o diário de Maria, noiva de Hartley, contava com agradecimentos ao secretário provincial de Halifax por ele ter devolvido a ela o violino, três meses depois do naufrágio, numa anotação datada de 16 de julho de 1912.
Outra prova que comprovou a autenticidade do diário veio do censo britânico de 1911, em que foi registrado o endereço de Maria. Assim, a localização escrita no diário era a mesma.
No ano de 1939, quando Maria Robinson morreu, sua irmã doou o violino e a mala para o Exército de Salvação. Lá, ele foi dado como presente ao mestre da banda, e depois repassado a um instrutor musical.
A partir daí, o violino passou por vários membros da família do instrutor até ser vendido por 1.7 milhões de dólares na Henry Aldridge & Son Ltd., uma casa de leilões de memorabilia – coisas e objetos dignos de memória – do Titanic, em Devizes, Wiltshire, na Inglaterra.
Sem saber a origem conclusiva do instrumento, os donos da casa de leilões Alan e Andrew Aldridge consultaram especialistas de diversas áreas. Michael Jones, do Serviço de Ciência Forense do Reino Unido, afirmou que a corrosão do metal se devia à imersão do violino em água salgada.
Já Andrew Hooker, ex-chefe do departamento de instrumentos musicais da sociedade de leilão Sotheby’s Auction House, acreditou que se tratava de um violino alemão, produzido em fábrica, datado entre os anos de 1880 e 1900. Além disso, o especialista disse que, mesmo barato, o violino tinha qualidade suficiente para sobreviver à vida de Hartley.
Após as avaliações, a família Aldridge levou o instrumento a um hospital próximo para realizar uma tomografia computadorizada. Com o exame, diversas rachaduras foram reveladas no ‘corpo’ do violino, condizentes com o trauma do naufrágio.
Outra conclusão foi que a cola utilizada pela fábrica no violino era extremamente forte, capaz de resistir à água fria do mar.
E Wallacy?
O historiador escocês Stuart Kelly disse que a mãe de Hartley acreditava no filho morrendo agarrado ao violino, pois “ele era apaixonado por seu instrumento”. Wallace Henry Hartley, que morreu com 33 anos, integrou a tripulação do Titanic como maestro. Antes, ele havia liderado orquestras em pequenas cidades inglesas perto de Dewsbury, onde morava.
Hartley foi enterrado no cemitério de Keighley Road, na cidade de Colne, Inglaterra. Além dele, 1.500 pessoas não sobreviveram ao naufrágio, e somente 700 viajantes foram resgatados.
Fonte: Aventuras na História