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Tempestade de areia ocorrida no interior de São Paulo

O fenômeno pode ser compreendido como uma enorme demonstração da inconsequência dos nossos atos, diz Paulo Saldiva.

Paulo Saldiva fala sobre as tempestades de poeira e vento que aconteceram na semana passada, no interior do Estado. Diz ele que em regiões áridas, com pouca cobertura vegetal e sujeitas a grandes variações de temperatura ao longo do dia, quando entra uma tempestade muito forte, existem ventos em todas as direções. “De um modo geral, os ventos se encaminham em direção à tempestade até que ela se inicie e depois voltam em sentido inverso, seguindo o caminho da tempestade”. De acordo com ele, o que acontecia somente no Oriente e em regiões desérticas próximas ao Saara e em partes dos Estados Unidos está acontecendo no interior de São Paulo.

Tempestade de areia ocorrida no interior de São Paulo

“Para quem não acredita em anomalias climáticas, para aqueles que ainda não entendem que é preciso manter uma parte da cobertura vegetal, não só para capturar carbono da atmosfera, mas também para se regular o clima, acho que esta (a tempestade de areia) foi uma enorme demonstração da inconsequência dos nossos atos”, afirma, admitindo que a situação é preocupante no contexto da política ambiental que o Brasil vem praticando já há alguns anos. Ele conclui alertando que ciência e poder público devem fazer um pacto para preservar a saúde do planeta e das pessoas que nele habitam.

Fonte: Jornal da USP por Paulo Saldiva

O professor Paulo Saldiva é autor do livro Vida urbana e saúde

Tempestade de areia ocorrida no interior de São Paulo

Somos um país urbano: 84% da população brasileira concentra-se em cidades e ao menos metade vive em municípios com mais de 100 mil habitantes. Mas a vida urbana não traz apenas novas oportunidades. Ela propicia doenças provocadas por falta de saneamento, picadas de mosquitos, poluição, violência, ritmo frenético… E tudo isso não ocorre mais apenas nas grandes cidades, mas também nas médias e mesmo pequenas, quase sempre negligenciadas pelo poder público e pelos próprios cidadãos. Mas, afinal, o que fazer para ter boa qualidade de vida nas cidades? Assim como o médico deve pensar na saúde dos seus pacientes – e não apenas em tratar determinada doença –, uma cidade saudável é aquela em que seus cidadãos têm boa qualidade de vida. E o médico Paulo Saldiva, pesquisador apaixonado pelo tema, mostra que é possível, sim, melhorar e muito o nosso dia a dia.