A correspondência internacional é a mais dispendiosa de todas as funções de jornalista. A que dá mais dificuldades para os editores (porque estes estão distantes do local dos fatos e não conseguem exercer o mesmo tipo de controle que têm sobre os repórteres locais) e exige de quem se propõe a praticá-la traços de personalidade e formação intelectual nem sempre necessários em coberturas em seu próprio país.
A prática do jornalismo no exterior amplifica as características e os problemas da profissão, e, por isso, entre outras razões, ela merece atenção e estudo, que, paradoxalmente, são raros na literatura específica. Não é muito grande, nem no exterior nem muito menos no Brasil, a literatura teórica sobre o correspondente internacional e sua prática. Quase tudo que foi publicado sobre eles pertence ao gênero memorialista, em especial autobiográfico, ou coletâneas de reportagens. Muitos jornalistas, inclusive brasileiros, animaram-se a contar suas aventuras, mas quase nunca com ambições mais generalizantes.
Na contramão dessa tendência, Carlos Eduardo Lins da Silva, correspondente internacional entre as décadas de 1970 e 1990, se propõe a analisar nesta obra o que ele mesmo e seus colegas fazem ou fizeram ao produzir relatos do mundo. Nesse sentido, o foco deste livro é o de comentar a função de correspondente internacional e as características de personalidade de quem se dispõe a sê-lo. Obra voltada para jornalistas, estudantes de Jornalismo e curiosos, tenham ou não a visão romantizada a respeito dessa profissão.
Sobre o autor
É diretor do Espaço Educacional Educare, editor da Revista Política Externa e colaborador da Folha de S.Paulo. Possui livre-docência e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, e mestrado em Comunicação pela Universidade Estadual de Michigan (título obtido com uma bolsa de estudos da Comissão Fulbright).
Na vida universitária, é presidente do Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp e membro titular do Grupo de Análise de Conjuntura Internacional da USP.
Fez estudos em nível de pós-doutoramento no Woodrow Wilson International Center for Scholars em Washington e foi professor das Universidades de São Paulo, Católica de Santos e Metodista de São Paulo. Foi também professor- visitante na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e, nos Estados Unidos, nas Universidades do Texas, Michigan e Georgetown.
No jornalismo, foi diretor-adjunto de Redação, secretário de Redação e ombudsman da Folha de S.Paulo, diretor-adjunto de Redação do jornal Valor Econômico e apresentador do programa “Roda Viva” (TV Cultura de São Paulo). Atuou como correspondente nos EUA em três períodos: de 1975 a 1976, para os Diários Associados, e de 1987 a 1988 e 1991 a 1999, para a Folha de S.Paulo. Cobriu dezenas de eventos em diversos países.