O filme 300, baseado na graphic novel de Frank Miller, foi lançado em 2007, co-roteirizado e dirigido por Zack Snyder. O blockbuster levou multidões aos cinemas e até ganhou uma continuação. Algumas passagens da produção hollywoodiana, no entanto, não condizem com os fatos históricos. Vamos aos erros?
1. 300 de Esparta
A superprodução de Zack Snyder mostra Leônidas liderando seus guerreiros em grande desvantagem contra o massivo exército persa. Acompanhamos 300 homens marcharem para o “suicídio”, mas o número não era bem esse. Na verdade, eram mais de 4.000. Os 300 soldados foram reforçados pela infantaria pesada de Tegea, Mantinea, Orchomenos, Arcádia, Corinto, Philus e Micenas, além de Thespiae, Tebas, Phokis e Lokris.
2. Rei Xerxes
Outro ponto a ser discutido é em relação a Xerxes e a forma como sua figura é apresentada ao público no filme. É pouco provável que o rei persa usasse vestimentas e adereços tão caricatos como os utilizados pelo ator Rodrigo Santoro.
Além disso, seria muito improvável que um rei daquela época tirasse todos os pelos do corpo, já que, naquele período histórico, os reis sempre tinham um bigode e uma longa barba. No caso de a natureza não ter sido generosa em relação a isso, usavam perucas e bigodes falsos.
3. Conselho espartano
O conselho espartano era formado por membros com mais de 60 anos de idade. O filme mostra pessoas mais jovens, muitos na faixa dos 30 e poucos anos. É o caso inclusive do próprio rei Leônidas. No ano de 480 a.C., ele tinha por volta de 60 anos e em 300 aparenta ter bem menos.
4. Treinamento
Em 300, os meninos eram largados à própria sorte e provavam ser um guerreiro espartano se sobrevivessem às altas e baixas temperaturas e aos perigos de estar fora dos portões de Esparta. Leônidas, aos 7 anos, é retirado de sua mãe e enviado a um mundo de violência, o agoge, como é chamado. O menino é forçado a lutar, a passar fome, a roubar e, quando necessário, a matar. Em seu teste final, luta com um lobo e então volta para casa como guerreiro.
O agoge realmente existia, mas era como chamavam o famoso e inclemente regime de 13 anos de treinamento que transformava os meninos em guerreiros espartanos. Eles eram levados ao seu limite e os exercícios eram uma simulação da vivência da batalha, com tudo o que ela implica: pouca comida, exposição ao sol e ao frio, noites em campo aberto, carregar as armas no deslocamento… Tudo era vivenciado, só se evitava as baixas do exército.
5. Vestimenta
Um fato curioso é a vestimenta dos guerreiros, que era composta originalmente por: escudo, espada, lança e armadura. No filme, percebemos certa “fragilidade” nas vestes dos soldados, seus corpos ficam bem expostos se comparados à realidade do período. Embora, em 300, tenham acertado em alguns pontos, sabe-se que o todo não foi retratado com exatidão.
6. Encontro entre Xerxes e Leônidas
Uma passagem que nunca aconteceu é o encontro entre Xerxes e Leônidas. No filme, vemos o rei espartano indo ao encontro do rei persa, e, como não chegam a um acordo, o confronto ocorre.
A história diz que Xerxes envia um mensageiro a Leônidas para que Esparta se entregue e não sofra as consequências da batalha. Mas sabemos que a mensagem não foi eficaz e que a Batalha de Termópilas realmente aconteceu.
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A narrativa eletrizante da obra recria essa batalha épica, unindo, com habilidade, História e ficção.
Elisângela Moraes é jornalista de formação e se dedica à área de marketing há alguns anos. Trabalha na Editora Contexto desde 2016 e, além de ser apaixonada por livros, é louca por gatos, séries e música.