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Xô, dúvida!
Xô, dúvida!

S ou Z? | Dad Squarisi

Limpeza se escreve com z e francesa com s. Por quê? A resposta não está na pronúncia. Numa e noutra palavra o som é o mesmo. A diferença tem tudo a ver com a formação das palavras. Desde os primeiros anos de escola estudamos o assunto. Mas dúvidas persistem sobretudo na cabeça de quem lê pouco.

Não há nada de estranho. Ortografia é fixação. Quanto mais contato a pessoa tem com a língua escrita, mais familiares as palavras se tornam. Esses e zês viram gente de casa, íntima como marido e mulher ou pai e filhos. Eis a razão por que, ao perguntarem a alguém como se escreve determinado vocábulo, ele escreve o termo antes de responder. Precisa ver antes de falar.

Embora poucas, há regras que quebram um senhor galho na hora de dirimir dúvidas. Uma delas explica por que limpeza se grafa com z. Para dar as caras, o sufixo –eza faz uma exigência — formar substantivos abstratos derivados de adjetivos. É o caso de grande (grandeza), real (realeza), mal (malvadeza), cru (crueza), belo (beleza), safado (safadeza), sutil (sutileza), certo (certeza), limpo (limpeza).

Francesa joga em outro time. É adjetivo derivado de substantivo. No masculino o s também aparece. Exemplos não faltam: Portugal (português, portuguesa), Inglaterra (inglês, inglesa), França (francês, francesa), Escócia (escocês, escocesa), burgo (burgês, burguesa), freguesia (freguês, freguesa), campo (camponês, camponesa). E por aí vai.

Dica: na dúvida, pare e pense. A palavra deriva de substantivo ou adjetivo? Se substantivo, dê passagem ao s. Se adjetivo, ao z. A origem é a chave do enigma. Olho vivo!

Fonte: Blog da Dad


Dad Squarisi transita com desenvoltura pelo universo da língua. É editora de Opinião do Correio Braziliense, comentarista da TV Brasília, blogueira, articulista e escritora. Assina as colunas Dicas de Português e Diquinhas de Português, publicadas por jornais de norte a sul do país; Com Todas as Letras, na revista Agitação, e Língua Afiada, na Revista do Ministério Público de Pernambuco. Formada em Letras, com especialização em Linguística e mestrado em Teoria da Literatura, concentra o interesse, sobretudo, na redação profissional – o jeitinho de dizer de cada especialidade, cada grupo, cada mídia. Mas é tudo português. A experiência como professora do Instituto Rio Branco, consultora legislativa do Senado Federal e jornalista do Correio Braziliense iluminou o caminho dos livros Dicas da Dad – Português com humor, Mais dicas da Dad – Português com humor, A arte de escrever bem, Escrever melhor (com Arlete Salvador), Redação para concursos e vestibulares (com Célia Curto), Como escrever na internet, 1001 dicas de português – manual descomplicado, Sete pecados da língua, publicados pela Contexto, além de Superdicas de ortografia, Manual de redação e estilo para mídias convergentes, dos Diários Associados, e de livros infantis – de mitologia e fábulas.