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Renascimento | Lançamento

Pode um livro escrito há algumas décadas manter sua atualidade? É claro que sim, desde que nos permita, a nós, leitores, a sensação de estarmos diante de algo novo, revolucionário, que descortine um movimento histórico fundamental. Um livro que conta o que aconteceu ano passado em Brasília pode ser velho e desinteressante, enquanto uma versão inteligente, culta e bem estruturada sobre o Renascimento pode ser atual e nos conduzir a um entendimento mais amplo do processo histórico. É o caso deste livro do historiador paulista Nicolau Sevcenko. Depois de lê-lo, vocês irão concordar comigo.

Nicolau foi meu aluno no curso de História da USP. Era quieto, modesto e não buscava visibilidade. Como se tratava de uma classe excepcionalmente boa, com vários estudantes que, posteriormente, alcançaram elevados patamares em suas carreiras, só me dei conta de Nicolau quando pedi um trabalho e ele me presenteou com páginas excepcionais. Acabou se aproximando bastante e, anos depois, quando, em nome de uma editora que me contratara, precisei de alguém com erudição e saber para escrever um livro sobre o Renascimento, fui convidá-lo. Ele ficou entusiasmado e agradecido e fez um trabalho que, com poucas alterações, tenho o prazer de republicar, desta vez na nossa Editora, a Contexto. Nicolau teve uma carreira breve, mas brilhante, tendo se tornado um autor disputado, um professor querido e um historiador consequente.

Este livro mostra que é possível apresentar um movimento como o Renascimento em diferentes dimensões, em que a questão cultural aparece como a mais evidente, talvez até a mais visível, mas sem obnubilar o que ele representa enquanto rompimento de uma estrutura medieval, baseada em um universo de preconceitos, superada pela história. O Renascimento, silenciosamente, ameaça esse mundo que ainda funciona como se as diferenças sociais abissais fossem vontade divina, como se miséria, violência, massacres e perseguições fossem fenômenos naturais.

Esse Renascimento, esse Quattrocento sinuoso e descontente, vibrante e revolucionário, questionou tudo, a velha ordem, as formas de representação humana e divina, as doutrinas religiosas, as vestimentas, os padrões de comportamento. Nem o mar que dominou o mundo resistiu e o Mediterrâneo acabou sendo trocado pelo Atlântico…

Leiam este livro como ele é, uma porta para a compreensão de um mundo novo. O esforço vale a pena.


Jaime Pinsky
Historiador e editor, criador e diretor da Editora Contexto

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