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Quem foi Getúlio Vargas, afinal? Um olhar além do rótulo de ditador

Meu nome é Antonio Pedro Tota, sou professor e autor de livros de história. Quem foi Vargas, Afinal? é o título do meu último livro publicado agora pela Contexto.

Não se trata de uma biografia.  Eu escrevi este livro depois de mais de 10 anos de pesquisa em documentação de todo tipo: jornais, livros, ensaios e até música popular. Tudo isso para me contrapor à cômoda interpretação de que Vargas era um fascista. Isso porque colocar Vargas no mesmo saco que Mussolini, Hitler e até mesmo Stalin, pode tornar aparentemente fácil a compreensão desse fenômeno, mas não deixa de ser uma armadilha, já que, na verdade, não explica nada.

Vargas foi um ditador e era autoritário sim, mas precisamos lembrar que também tornou o país socialmente menos excludente. E por que para muitos ele é considerado fascista? Para alguns, porque se aproximou dos integralistas, os fascistas brasileiros; para outros, porque fez bons negócios com a Alemanha nazista.  Mas a coisa não é tão simples assim, tem muito mais caroço nesse angu, como ele mesmo diria.

O meu livro focaliza a história do Brasil, da época de Vargas, nos tribulados anos de 1930 a 1945, um período de transição na história brasileira, simultâneo à conjuntura que gerou a crise mundial, trazendo, em seu bojo, o nazismo e a Segunda Guerra.

Vargas foi presidente provisório da Revolução de 1930 até a Constituição de 1934; neste período foi interrompido pelo levante armado paulista, na chamada Revolução Constitucionalista – sobre a qual, aliás, eu vou falar, neste livro, de uma forma pouco usual.

Entre 1934 e 1937 enfrentou desta vez o levante armado dos comunistas, que aconteceu em 1935, ao mesmo tempo em que instituía uma legislação trabalhista, que chegou a inspirar até mesmo o presidente americano Franklin Roosevelt – que quando passou por aqui, em 1936, agradeceu a Vargas pela contribuição brasileira no programa  New Deal, a política estadunidense que defendia os interesses dos trabalhadores americanos.

Em novembro de 1937, em acordo com as Forças Armadas, ele instituiu um governo autoritário – o Estado Novo, que durou até fins de 1945 – quando as mesmas forças que o apoiaram puseram fim ao seu regime autoritário.

Dentre as reformas sociais, Vargas é reconhecido até hoje pela criação do salário-mínimo para o trabalhador urbano, pela aposentadoria por tempo de serviço, pela instituição da CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas – e pelo impulso à industrialização e urbanização do Brasil.

Em outras palavras, ele de fato criou condições para a passagem do Brasil agrário para um país moderno. Basta lembrar da construção da Companhia Siderúrgica Nacional, da eletrificação da ferrovia da Central do Brasil e da criação da companhia Vale do Rio Doce, obras que deram a base para a industrialização do país daí em diante. 

Tudo isso explica quem foi Vargas, afinal? Não! Getúlio Vargas é muito mais! Um homem ilustrado, que tinha uma única fixação: o Brasil.

Para saber mais sobre estas e outras histórias acerca de Getúlio Vargas, vale a pena ler este livro. Especialmente se você for jovem, e quiser entender o seu país hoje, tem que conhecer um pouco melhor um presidente que marcou o Brasil, e sobre o qual se fala muito pouco e, a meu ver, de forma quase sempre equivocadas.


Antonio Pedro Tota é professor de História da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP), também fez pós-doutorado na Universidade de Colúmbia (EUA) e na PUC-SP. Pela Contexto é autor dos livros História das guerrasOs americanos e Quem foi Vargas, afinal? 1930-1945.

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