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qual e o segredo do escritor

Qual é o segredo do escritor? | Rubens Marchioni

Escrita CriativaEU ERA AINDA um garoto quando fui atingido por uma paixão crônica pelos livros. Descobri o gosto pela escrita, qualquer que fosse o gênero. Queria ser escritor. Aos 14, conquistei o primeiro lugar num concurso literário. Em seguida, encontrei o espaço necessário para publicar o primeiro artigo num jornal.  

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana. – Carl Gustav Jung

No seminário, estudei Filosofia e Teologia. Ponto de virada: migrei para o ramo da Comunicação Social, área em que obtive o título de especialista em Propaganda. Mas isso é outra história, foi apenas o contexto que me deu o pretexto para redigir esse texto.

Uma etapa muito interessante dessa narrativa teve início quando ingressei na terceira faculdade. Levada pelos desafios profissionais, minha cabeça tomou uma decisão da qual não se desfaria mais: pesquisar a alquimia que, escondida nas mãos dos escritores, transforma palavras em textos academicamente corretos e prontos para serem enriquecidos com uma boa dose de criatividade quando a situação permite ou até exige.

Ao ler algo que considerava muito bem escrito e extremamente criativo, ficava intrigado com o processo de construção por trás daquele trabalho – interessava-me a arquitetura, a marcenaria daquela produção. E aumentava a certeza: “Essa pessoa não escreveu isso a partir do nada, tem de haver algum truque, um recurso que não conheço e quero descobrir.” Qual é a fórmula secreta da Coca-Cola? – eis a pergunta que persegue a humanidade, junto de outras três: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Comigo não foi diferente.

Apenas exemplificando, aquilo que permite ao apresentador de telejornal ler e, ao mesmo tempo, olhar para a câmera, nada tem a ver com extrema habilidade, duzentos anos de treino, superpoderes, talento excepcional reservado a poucos ou coisa parecida. O recurso técnico é um equipamento chamado teleprompter, invisível para o telespectador. Ora, de posse do mesmo instrumento, qualquer um de nós repete a façanha. Da mesma forma, com uma régua e uma lapiseira, até um analfabeto faz um traço perfeito. E com um compasso, vai nascer uma circunferência idem. Basta acreditar e usar o recurso certo na hora certa para criar textos que contribuam com o desenvolvimento das pessoas ou desempenhem a tarefa de provocar um sorriso sem pretensões. Afinal, nem tudo o que se escreve precisa ter um caráter funcional. Às vezes, basta a vitória de fazer com que o leitor sinta-se grato por encontrar aquela mensagem que nada espera, porque é fruto da generosidade do escritor.

E quanto ao redator? Qual o teleprompter, a régua, o compasso? Essa foi a pergunta que me transformou em pesquisador voluntário na área. Minha primeira experiência bem sucedida foi quando, universitário, me propus a descobrir o que havia por trás da redação de vinte anúncios brilhantes, criados e publicados nas maiores revistas e jornais por agências premiadas. Qual era o truque em comum, desconhecido por nós, mas à disposição daqueles redatores talentosos? Acho que descobri. E confesso que é bem simples.

Enquanto investigava os caminhos usados por redatores e escritores para obter os melhores resultados, sistematizei os recursos empregados nessa busca e elaborei um material de uso exclusivo, muito útil na hora de criar, escrever, ensinar ou editar textos próprios ou de terceiros, o “Logos Creative”. Sei que ainda estou a caminho, embora já tenha andado bastante. Nas mãos, levo um mapa e o desejo de chegar. Uma esperança teimosa, que se faz na ação de todo santo dia. Escritor que não lê e não escreve, morre.


RUBENS MARCHIONI é palestrante, publicitário, jornalista e escritor. Autor de Criatividade e redação, A conquista e Escrita criativa. Da ideia ao texto.
[email protected]http://rubensmarchioni.wordpress.com