É o diamante com a história mais longa para uma pedra existente – e apareceu publicamente pela última vez no funeral da mãe de Elizabeth II.
Após a morte da rainha Elizabeth II, na última quinta (8), a palavra “Koh-i-noor” começou a pipocar na internet – mais especificamente em publicações de usuários indianos do Twitter. Trata-se de um dos diamantes mais famosos do mundo. E não só: o diamante com a história mais longa (e controversa) para uma pedra existente.
O diamante Koh-i-noor é uma pedra oval de 105,6 quilates, cujo nome vem do persa Kōh-i-nūr – literalmente “montanha de luz”. É a joia principal (entre as 2,8 mil pedras) da coroa usada por Elizabeth Bowes-Lyon, esposa do rei Jorge VI e mãe da rainha recém-falecida. Na Índia, é conhecida pela história colonial por trás da posse dos britânicos – por isso, há internautas que agora pedem a devolução do diamante (ou fazem piada sobre pegá-lo de volta).
As origens do diamante
É impossível saber exatamente de onde o diamante veio, mas acredita-se que ele tenha sido desenterrado de um leito seco de rio no sul da Índia. Quando ele foi encontrado também é um problema. Alguns acreditam que as primeiras referências à pedra apareceram em sânscrito e até em textos mesopotâmicos de 3,2 mil a.C., mas essa é uma afirmação controversa. O que é certo é que o Koh-i-noor passou pelas mãos de várias dinastias, começando com os mogóis.
Em 1628, o governante mogol Shan Jahan teria encomendado um trono incrustado de pedras preciosas. Entre elas, estavam rubis (preferidos pelos mogóis, que curtiam pedras coloridas) e o diamante Koh-i-noor.
Ele teria permanecido nas mãos do Império Mogol, que chegou a dominar quase toda a região peninsular do sul da Ásia, até a invasão de Delhi pelo governante persa Nader Shah em 1739. O diamante foi retirado do trono, que fazia parte do tesouro saqueado.
Após a morte de Nader Shah, em 1747, o diamante ficou com seu comandante militar, Ahmad Shah – fundador da dinastia Durrani, que daria origem ao atual Afeganistão. Seus descendentes teriam perdido o Koh-i-noor para o marajá Ranjit Singh, fundador do Império Sikh, em 1813.
A pedra ficou entre os Singh até que os britânicos – que expandiam seu controle pelo subcontinente indiano – anexaram o Punjab em 1849. Na época, o marajá Duleep Sigh (filho de Ranjit, com apenas 10 anos) teve que entregar terras e tesouros, incluindo o Koh-i-noor. Este se tornou posse da Rainha Victoria, que esteve no trono britânico entre 1837 e 1901.
O diamante entre os britânicos
O Koh-i-noor foi exibido pela família real na Grande Exposição de 1851, em Londres, mas não impressionou muito o público. Então, o príncipe Albert, marido da rainha Victoria, mandou cortar e polir a pedra – o que a tornou menor, mas aumentou seu brilho.
A rainha Victoria usava o Koh-i-noor em um broche, mas depois ele se tornou parte das joias da coroa da rainha Alexandra (esposa do rei Eduardo VII, filho da rainha Victoria). Desde então, esteve em várias coroas; por último, na usada pela rainha consorte Elizabeth na coroação de sua filha, Elizabeth II. Esta fez sua última aparição pública em 2002, quando colocada acima do caixão da Elizabeth mãe em seu funeral.
Governos do Irã, Afeganistão, Paquistão e Índia já reivindicaram o diamante no passado, mas as demandas foram negadas pelo Reino Unido, que argumentou que não há fundamentos legais para a devolução. Hoje, especialistas afirmam que as chances de devolução da pedra são pequenas – para o desgosto dos internautas.