Definir um posicionamento, seja para uma empresa, um produto ou uma pessoa, é sempre uma forma de tentar resolver uma questão insistente: encontrar um espaço seguro na mente do outro. Dito de outro jeito, é procurar resolver um desafio permanente.
Por conta disso, nossos olhos vasculham, procuram enxergar o que não foi mostrado. Ou o que não foi visto por ninguém. Queremos ser pioneiros, sair na frente.
Nossa empresa deve crescer. Nossa marca precisa fincar raízes na mente e no coração do cliente. Ou desejamos conquistar os melhores espaços no mercado de trabalho, agindo como bons vendedores do nosso talento, de tudo o que sabemos, sabemos fazer e queremos fazer. No campo do relacionamento interpessoal, queremos agradar, conquistar sempre. Solidão, ostracismo, tudo isso mata. Somos gregários, a pandemia que o diga.
É com esse espírito que, por todos os cantos, procuramos a pista que nos garanta essa segurança. Nesse sentido, somos investigadores decididos. Porque precisamos de respostas. Não daquelas que deixamos para o futuro.
Vivemos e somos frutos de um mundo que tem pressa. Não por acaso, nos tornamos tão imediatistas. O critério vale também quando o assunto é “posicionamento”. Sobretudo porque ele vai decidir boa parte do jogo que nos espera.
Do que nos fala essa expressão? Em O que não se ensina em Harvard Business School, Mark H. McCormack responde: “A palavra posicionamento, nos negócios, apresenta inúmeros significados. Uma empresa ‘posiciona-se’ quanto ao futuro; um produto é ‘posicionado’ com relação ao mercado; você ‘se posiciona’ para progredir ou para fazer uma venda.”.
Mais ainda num contexto de pandemia, o mundo vivendo o final de um tempo e a promessa de um “novo normal”, cujos traços não identificamos com precisão, a necessidade de enxergar uma luz revela sua urgência urgentíssima. Nesse novo cenário, de que maneira será feito o nosso trabalho profissional? Qual o formato da nova empresa? Quais as expectativas de quem compra e qual a melhor maneira de entregar produtos e serviços quando se pretende fidelizar clientes? Em certo sentido, os manuais decisivos, as “bíblias do marketing” foram relativizadas. Eles trazem poucas respostas válidas.
Entretanto, na busca pelo caminho nos vemos diante de outro desafio: as saídas são muitas. E frente a tantas possibilidades, a tarefa pede equilíbrio. Mais do que seguir essa ou aquela tendência em si mesma, convém escolher o que é certo. Os latinos recomendavam que a virtude está no meio – “Virtus in medium est”, diziam. Do outro lado do mundo, ensinando sobre esse tema, Confúcio, o pensador e filósofo chinês, adverte: “O homem superior não se dedica a favor ou contra nada. Segue o que for correto.”.
Buscamos uma resposta rápida, como se vê. Pessoa física ou jurídica, é possível que parte significativa do que desejamos encontrar esteja no posicionamento, como disse. Mas a ética não pode ser negligenciada para que ele dance a sua dança de maneira irresponsável. O vale tudo não serve. Ou atrairemos um vírus muito mais letal que todos os outros. A vida, o planeta, ninguém vai suportar essa catástrofe. Equilíbrio, por favor.
PrimeiЯa versão
■ Às vezes, fazemos escolhas levados pela aparência, mais do que pelo conteúdo. Soube, outro dia, de um caso intrigante. Ele envolve uma música erudita, instrumental, que grande parte das noivas faz questão de usar como marcha nupcial. Agora se prepare para o que diz sua letra: “se você não se casar comigo eu me mato” – em tradução livre. Do ponto de vista da aparência, ou seja, da sonoridade, da melodia, a música é belíssima.
Rubens Marchioni é palestrante, produtor de conteúdo, blogueiro e escritor. Eleito Professor do Ano no curso de pós-graduação em Propaganda da Faap. Pela Contexto é autor de Escrita criativa: da ideia ao texto. https://rumarchioni.wixsite.com/segundaopcao / e-mail: [email protected]