“Uma funcionária recebeu Ana Keyla e pediu à imprensa para não procurar a esposa do médium”, escreveu o Correio Braziliense. Os leitores estranharam a notícia. A razão: o repórter tropeçou na regência do verbo pedir. Queria dizer uma coisa, disse outra. A chave está no pedir que e pedir para. As duas construções parecem irmãzinhas. Mas não são. Quilômetros de distância as separam.
Pedir para esconde a palavra licença: O filho pediu ao pai (licença) para pegar o carro. O aluno pediu (licença) para sair mais cedo.
Não é pedir licença? Fique com pedir que: O chefe pede aos empregados que aguentem o arrocho salarial. O empregado pediu ao chefe que não lhe desse só aumento de trabalho. Mas um aumentinho de salário. Uma funcionária recebeu Ana Keyla e pediu à imprensa que não procurasse a esposa do médium.
Atenção à regência
Pedir se constrói com objeto direto de coisa pedida e indireto de pessoa: Pediu o livro (obj. direto) ao professor (obj. indireto). O diretor pediu-lhe (obj.indireto) que saísse (obj. direto).
Fonte: Blog da Dad
Dad Squarisi transita com desenvoltura pelo universo da língua. É editora de Opinião do Correio Braziliense, comentarista da TV Brasília, blogueira, articulista e escritora. Assina as colunas Dicas de Português e Diquinhas de Português, publicadas por jornais de norte a sul do país; Com Todas as Letras, na revista Agitação, e Língua Afiada, na Revista do Ministério Público de Pernambuco. Formada em Letras, com especialização em Linguística e mestrado em Teoria da Literatura, concentra o interesse, sobretudo, na redação profissional – o jeitinho de dizer de cada especialidade, cada grupo, cada mídia. Mas é tudo português. A experiência como professora do Instituto Rio Branco, consultora legislativa do Senado Federal e jornalista do Correio Braziliense iluminou o caminho dos livros Dicas da Dad – Português com humor, Mais dicas da Dad – Português com humor, A arte de escrever bem, Escrever melhor (com Arlete Salvador), Redação para concursos e vestibulares (com Célia Curto), Como escrever na internet, 1001 dicas de português – manual descomplicado, Sete pecados da língua, publicados pela Contexto, além de Superdicas de ortografia, Manual de redação e estilo para mídias convergentes, dos Diários Associados, e de livros infantis – de mitologia e fábulas.