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Os Incansáveis | Lançamento

A palavra não ajuda, por mais que quem a use esteja livre de preconceitos. Falou em veterano, pensou em cabelos brancos, um certo cansaço e talvez até uma bengala. O dicionário Houaiss define veterano “como aquele que exerceu durante muito tempo uma atividade, ofício, profissão”.

O verbo é pretérito, o tempo é passado. Para o atleta, o termo é ainda mais duro. Sugere decadência e finitude para quem sempre exibiu energia e vitalidade.

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O Instituto Camaradas Incansáveis (ICI) já nasceu rediscutindo esse conceito. O atleta que ultrapassa certa idade não precisa parar de exercer a sua atividade. Não deve. Já em meados da década passada, Bahjet, Cristian e Rodrigo perceberam que havia um mundo veterano pouco explorado no esporte. No caso do judô, um mundo que é vizinho de porta do judô sênior. Atletas com mais de 30 anos já estão habilitados para disputarem competições veteranas. Trinta anos, apenas 30 anos, ainda no auge físico do atleta.

Os três fundadores do ICI descobriram já em 2007 que milhares de atletas se reuniam anualmente para disputarem Campeonatos Mundiais de Veteranos, em categorias divididas por faixas de cinco em cinco anos e por peso. Judocas que se enfrentaram em competições nacionais, e até em Olimpíadas, voltavam a se encontrar na categoria veterana. O ICI foi criado oficialmente em 2016, mas a comunidade veterana já ganhava corpo desde o início da década. O Brasil, que tinha pouca relevância no judô veterano, se tornou uma potência internacional a partir do surgimento do ICI. Em 2016, no Mundial de Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, o Brasil ficou na terceira colocação geral turbinado com os dois ouros, uma prata e três bronzes conquistados por atletas do ICI. Em 2018, em Cancún, no México, os dois ouros e um bronze do ICI foram fundamentais para que o Brasil terminasse na primeira posição. Nos quatro primeiros anos de existência do Instituto, o Brasil passou a figurar no mapa-múndi do judô veterano. Mais importante do que as 14 medalhas que vieram diretamente do Instituto, é o fato de o ICI ter virado um centro informal de treinamento da categoria. Grande parte dos medalhistas veteranos de todo o Brasil já passou pelo tatame do Instituto para aprimorar a técnica e aumentar a intensidade na luta.

O ICI não se tornou apenas referência pelas medalhas, mas também pelo treinamento. Atletas veteranos de outros clubes e de outros estados sabem que uma “passadinha” pela sede no bairro da Pompeia em São Paulo sempre vale a pena. Pela camaradagem, claro, a comunidade judoca não abre mão de uma boa conversa. Mas também para suar forte no quimono, os treinos intensos são famosos no judô
brasileiro. No tatame do ICI, até os incansáveis costumam perder o fôlego.


Sérgio Xavier Filho, formado em Jornalismo, é comentarista do SporTV e escreveu Operação portugaVidas corridas e Edmundo Instinto Animal. Faixa laranja quando criança, supostamente foi campeão de algum torneio de judô. Não há provas disso.