Ciência, ciência em todos os lugares… e, de fato, é isso mesmo. Mas o que isso significa? Essa palavra deriva do latim Scientia, cujo significado é conhecimento, o que é bem apropriado, pois a ciência poderia ser descrita como um sistema de aquisição do conhecimento através de observação e experimentação.
Um químico que deseja produzir plástico biodegradável, um biólogo empenhado em desvendar os mistérios do DNA ou um engenheiro trabalhando na melhoria de painéis solares estão todos buscando conhecimento e estão, obviamente, empregando ciência. Mas a exploração científica não se limita ao laboratório. Em certo sentido, todos nós praticamos ciência diariamente. Quer estejamos ponderando a relação entre vinho e saúde, questionando os motivos pelos quais um pepino japonês costuma ser embrulhado em plástico, percebendo o papel da inflamação em nosso corpo ou apenas imaginando a possibilidade de transplantar uma cabeça humana, o que realmente fazemos é procurar por conhecimento. Dessa forma, buscamos ciência.
Não consigo sequer me lembrar de uma época em que não me interessasse por ciência. Fui sempre intrigado pelo “o quê”, “por quê” e “como” das coisas. O que é nylon? Por que antibióticos são adicionados à ração animal? Como é possível fazer um diamante? Em geral, obtinha as respostas pelas quais procurava mesmo naqueles dias pré-Google. Esse tipo de busca, contudo, trazia frequentemente outras perguntas à tona. Tudo bem, então nylon é um polímero feito pela reação de ácido adípico com hexametileno-diamina. Isso é interessante, mas como sabemos disso? A investigação aprofundada do assunto revela que essa reação foi descoberta na década de 1930 por um químico da DuPont, Wallace Carroters. Tudo bem, mas como ele pensou em combinar esses compostos? E como foi que os obteve? Como ele sabia que o produto era um polímero? E o que é um polímero, afinal? Perguntas e mais perguntas. Assim, percebi que aquilo que realmente apreciava era essa tentativa de rastrear as respostas.
O caminho, com frequência, é tortuoso, com alguma revelação fascinante em quase todas as curvas. Não importa o assunto, basta arranhar a superfície para revelar-se uma complexidade maior. Por exemplo, a declaração “Lavoisier mostrou que a respiração era equivalente à combustão” pode parecer algo simples em um livro didático, mas um mergulho mais profundo revela anos de experimentos engenhosos, apimentados por controvérsias e fraquezas humanas. Assim é com quase todas as descobertas. E essa é a diversão em abrir a cortina para olhar os bastidores. Você nunca sabe o que vai encontrar. Na maioria das vezes, um desfile de criatividade, inteligência, habilidade e originalidade. Em certos casos, porém, engano e fraude estragam esse desfile. De qualquer forma, há histórias para contar. Histórias que educam, histórias que surpreendem, histórias que entretêm e histórias cuja finalidade é separar o joio do trigo. Então, vamos adiante.
Joe Schwarcz é diretor do Centro de Ciência e Sociedade da Universidade McGill, cuja missão é separar aquilo que faz sentido daquilo que não faz. Também apresenta um programa de rádio, faz aparições na televisão e escreve colunas regulares para jornais. Além disso, é mágico amador e fã de Sherlock Holmes. Vive em Montreal, Quebec.