Um homem solitário: o fracasso de Hitler como soldado na primeira guerra. O ditador nazista não triunfou no conflito como alegava em biografias, sendo considerado por colegas um “porco da retaguarda”.
Quando pensamos em Adolf Hitler é certo que associamos a figura do ditador aos horrores da Alemanha Nazista, aos campos de concentração e ao genocídio instalado por ele através da ideologia de ódio. Os milhões de mortos pelo Terceiro Reich e as cicatrizes deixadas nos sobreviventes são uma parte obscura do século 20 que não podem ser esquecidas.
A personificação das raízes nazistas era evidente no Führer, que pregava ser um homem feroz e destemido, com um histórico glorioso que começava desde a Primeira Guerra, quando atuou como soldado e teve contato com a frustração que, anos depois, tentou reparar colocando em prática uma supremacia racial.
Entretanto, cartas encontradas em 2010, divulgadas pelo The Guardian provam o contrário. Uma pesquisa intensa do Dr. Thomas Weber, professor de história moderna na Universidade de Aberdeen conseguiu reconstruir esse passado que em nenhum aspecto foi tão grandioso quanto as propagandas nazistas pregavam.
Soldado solitário
No regimento List os veteranos descreviam Hitler de uma forma bem diferente do que ele próprio uma vez relatara. Conhecido como o “soldado solitário”, ele muitas vezes era considerado um “porco da retaguarda”, isso, pois, suas habilidades eram limitadas e, seu comportamento, visto como anormal.
Além de ser alvo de piadas, ele não frequentava os mesmos ambientes ou possuía os mesmos hobbys que os colegas do regimento, como beber ou escrever cartas. Por isso, as afirmações do partido nazista sobre a antiga vida do ditador eram vistas como verdadeiras, para encontrar depoimentos e evidências que mostrassem a realidade, Weber precisou vasculhar milhares de arquivos.
“Como Hitler era um soldado comum na Primeira Guerra Mundial, não havia um arquivo facilmente disponível sobre ele. Os biógrafos não cavaram fundo o suficiente”, afirmou o especialista. Foi quando, em documentos da Guerra da Baviera, Thomas localizou cartas e diários em um ótimo estado de preservação.
Sabia-se que o Führer tinha a função de corredor, mas não estava claro de qual tipo, o de regimento ou o do campo de batalha, as provas — relativamente recentes — mostraram que sua posição era de certo conforto e bastante segura.
Um dos homens que também serviu no List e foi entrevistado por Weber confirmou o que os textos apontavam. “Posso beber um litro de cerveja sob uma nogueira à sombra”, disse Alois Schnelldorfer sobre a função de corredor nas trincheiras.
Além das farsas perpetuadas sobre suas conquistas no conflito mundial, biografias de Hitler apontavam para um apoio completo de seus colegas após a guerra e início da articulação para o auge do partido nazista. “Os veteranos do regimento List não apoiaram unanimemente Hitler após a guerra”.
Um cartão postal do ano de 1934 é um dos indícios de que poucos soldados do List se tornaram simpatizantes ou membros nazistas. Seu violento nacionalismo e perigoso antissemitismo não foram tão apelativos para os combatentes como foram para os funcionários do QG.
Apesar da derrota na primeira guerra, onde ficou marcado como o soldado “pintor” ou “artista”, na segunda tentativa Hitler atingiu seu objetivo, amedrontou nações e instalou seus pensamentos na cabeça de muitos, que fizeram do nazismo uma das piores facetas da humanidade.
Fonte: Aventuras na História