Espanha, Japão e Tailândia são alguns dos países que terão suas populações reduzidas pela metade até 2100. Entenda.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Washington, nos EUA, mostrou que, até 2100, pelos menos 23 países que tiveram suas variações reduzidas pela metade. A razão por trás disso é a taxa de fecundidade global, motivada pelo maior acesso aos métodos contraceptivos.
Em 1950, as mulheres tinham, em média, 4,7 filhos. Uma pesquisa mostra como esse número passou para 2,4 em 2017 e pode chegar ao valor de 1,7 até o final do século. O estudo foi publicado na última terça-feira (14) na revista científica The Lancet .
Um taxa de fecundidade ideal, ou seja, o número médio de filhos que deve ter hoje, hoje, é de 2,1. Esse valor assegura uma substituição populacional: dois filhos para “substituir” o lugar de seus pais na vida econômica e social. Já esse “extra” de 0,1 na conta serve para compensar caso haja morte de uma pessoa ainda na infância ou antes de gerar descendentes.
A projeção da Universidade de Washington indica que, de uma lista de 195 países, 183 estão incluídos abaixo do nível de reposição. Além disso, 23 países utilizam suas reduções reduzidas pela metade – Espanha, Japão e Tailândia, países que já possuem taxas de fecundidade inferiores a 2,1. Sobrou até o mesmo para a China, país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes. Por lá, deve haver 48% – ou seja, uma população de 732 milhões em 2100.
No caso do Brasil, o estudo estima que o pico da população será de 235 milhões de pessoas . Em 2100, o número de pessoas que vivem no Brasil será de 164 milhões.
Por um lado, as alterações reduzidas no nível global podem afetar o impacto ambiental menor: menos pessoas implicam em uma menor demanda por alimentos, e, por tabela, na ocorrência de desmatamento de áreas voltadas ao agronegócio. A redução na emissão de gases poluentes associados à produção e à vida nas cidades, como o dióxido de carbono, é outro fator a ser considerado.
Além disso, nos países mais pobres, os índices de fecundidade costumam desenhar um cenário positivo no nível local. Ter menos filhos representa uma maior possibilidade de acesso à saúde, educação e alimentação por todos os habitantes. Também indica que os casais estão tendo mais acesso aos métodos contraceptivos, como preservativos, que também evitam a propagação de infecções sexualmente transmissíveis.
No outro lado da história, porém, estão os países criados. No caso deles, as poucas crianças e os idosos causam uma inversão na pirâmide etária, ou podem causar problemas de natureza econômica e social. O estudo indica que, até o final do século, o número de pessoas acima dos 80 anos, saltará 141 milhões (valor de 2017), para um total de 866 milhões.
Em populações idosas, há uma quantidade menor de pessoas economicamente ativas – ou seja, adultos entre 20 e 60 anos que trabalham e pagam impostos. Parte dos impostos são direcionados à previdência social, aposentadoria que os mais velhos recebem e deve garantir seu sustento pelo resto da vida. No entanto, quando há poucas pessoas trabalhando, há poucas contribuições, o que pode desequilibrar a balança. Fica difícil garantir, assim, que todo mundo que trabalha hoje recebe algum auxílio amanhã.
Por outro lado, a evolução da medicina e o acesso à saúde fazem com que hoje não falemos mais apenas da expectativa de vida – mas de uma expectativa de vida saudável. Nem todos os idosos precisam de cuidados médicos no futuro, por exemplo – ainda que cuidem como gerontologia (profissionais que estudam ou envelhecem), passem a ter o maior número de médicos obstetras e pediatras. Em entrevista à BBC , Sarah Harper, do Instituto de Desenvolvimento da População de Oxford (EUA), explica que “a saúde dos idosos já é muito melhor na época” e que muitos deles podem levar vidas “ativas e científicas”.
No futuro, pode ser que alguns países estimulem a natalidade por meio de incentivos do governo. Isso é algo que já acontece nos países escandinavos e que pode se tornar mais comum: novas políticas de licença de maternidade e paternidade, assistência infantil, incentivos financeiros para famílias maiores. A Suécia, por exemplo, elevou seus taxa de fecundidade de 1,7 para 1,9 apostando em ações do tipo.
Outro efeito colateral, que esbarra em questões como xenofobia e conservadorismo, é a maior migração e abertura das fronteiras de países. Uma previsão para a África Subsaariana, por exemplo, é de sua população triplicada. Com uma perspectiva da Nigéria, tornar o segundo país mais populoso do planeta, ficando atrás apenas da Índia, migrações – em tabela, uma possibilidade de um maior intercâmbio cultural – pode ganhar novos contornos.
Apesar de alguns países já terem estratégias para lidar com uma situação, ainda não há uma fórmula mágica que anteceda os resultados da futura população global. Obrigar cidadãos a ter filhos, evitar métodos contraceptivos ou rever seus planos de família, como alguns países que sofreram décadas atrás, já não são mais opções plausíveis.
Fonte: Superinteressante