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Em 15 de abril de 1912, Titanic desaparecia no Atlântico

da Livraria da Folha

Em 15 de abril de 1912, o Titanic da White Star, o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, desaparecia no Atlântico Norte, durante a travessia inaugural, ao sul da Terra Nova, no Canadá, depois de se chocar com um iceberg. A emoção foi intensa no mundo inteiro e o drama do gigante dos mares tomou proporções de uma catástrofe internacional. Emoção ainda mais viva porque essa magnífica embarcação, obra-prima da engenharia, parecia marcar uma etapa decisiva na história da construção naval e era considerada insubmersível.

CAPA TITANIC_WEBSob a pressão dos jornais e da opinião pública, que se recusavam a invocar a fatalidade, formaram-se comissões que se dedicaram, durante meses, a inquéritos rigorosos, interrogando centenas de testemunhas. A catástrofe teria sido causada por uma imprudência do comandante ou dos oficiais, por uma construção defeituosa ou por uma competição comercial criminosa?

Não teria sido ela agravada pela insuficiência dos meios de salvamento ou pelo comportamento duvidoso de alguns navios alertados pelo telégrafo, que só conseguiram recolher pouco mais de setecentos sobreviventes? Com paciência, esforçaram-se por determinar a origem do maior naufrágio da história marítima, que parecia pôr em xeque, brutalmente, um progresso ininterrupto que se iniciou em meados do século XIX.

O Titanic é muito mais do que uma tragédia no mar. A noite de 15 de abril de 1912 passou a ser uma lenda, um mito, que provoca extraordinária repercussão. O desaparecimento do gigante dos mares, a calma e a espantosa abnegação demonstradas pelos passageiros inspiraram operetas, canções, filmes, romances e até poemas épicos. Particularmente nos Estados Unidos, a lembrança do Leviatã constitui um dos maiores acontecimentos do mundo contemporâneo, comparável à da Guerra de Secessão. Ainda é uma obsessão para muitas consciências. A Sociedade Histórica do Titanic, em pleno funcionamento, recolhe documentos e lembranças. A cada cinco anos, no aniversário da tragédia, seus associados, os Entusiastas, multiplicam as manifestações na presença dos últimos sobreviventes.

O Titanic é ainda uma espantosa ressurreição, que constitui um dos feitos mais retumbantes da pesquisa oceânica e da arqueologia submarina. Em 1985-1986, após uma expedição de busca, admirável pelo seu rigor, uma equipe franco-americana encontrou os destroços a 4 mil metros de profundidade, visitou algumas partes e registrou imagens espantosas do gigante desaparecido, em grande parte intacto, e recoberto por uma abundante vegetação aquática. Contrariando as esperanças de alguns, oTitanic não será resgatado. Continuará, como um magnífico navio fantasma, a repousar no fundo do oceano, num sítio arqueológico classificado como memorial marítimo. Esse repouso deve considerar o respeito ao drama que vai além do que se considera um acidente. Para muitos, a noite do Titanic aparece como sinal do destino, um aviso que o homem, qual Prometeu, não quis ouvir e que anunciava talvez o fim de uma era.

 

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