Como sintetizar teorias diversas de um campo como o do Currículo, apropriando-se e ressignificando conceitos de diferentes autores/as, em uma linguagem acessível e didática? Como articular diversas perspectivas teóricas sem perder a densidade, porém sem construir um texto hermético? Como produzir um livro que seja, ao mesmo tempo, útil para aqueles/as que estão começando no campo do currículo, mas que apresente ideias relevantes para quem já está imerso nos estudos curriculares? Trata-se, certamente, de uma tarefa difícil e relevante.
Foi esse o desafio que Marlucy Paraíso aceitou ao escrever o livro “Currículos: teorias e pesquisas”, publicado pela Editora Contexto. O livro apresenta as principais teorias do campo curricular (tradicional, crítica e pós-crítica), além de abordar perspectivas teóricas que influenciaram o currículo no Brasil (Pedagogia Popular e Pedagogia Sócio-Histórica Crítica) e no mundo (pós-colonialismo, feminismos, estudos de gênero e sexualidade e o pensamento da diferença). Tudo isso com explicações objetivas, mas sem perder a densidade e, sobretudo, a escrita criativa que marcam a trajetória e a produção acadêmica da autora.
Para mim, enquanto professora em um Colégio de Aplicação de uma Universidade Federal (o Centro Pedagógico da UFMG) – que, além de atender crianças e jovens do ensino fundamental, recebe estudantes da graduação em estágios e monitorias –, o livro representa uma oportunidade de iniciar o diálogo com os/as graduandos/as acerca do Currículo, apresentando para eles esse campo denso e cheio de possibilidades para pensar a educação. Como pesquisadora, o livro me inspira a nunca esquecer que o Currículo “é um território de criações de possíveis e o que a vida quer é criar possibilidades de perseverar” (p. 147). Que não nos esqueçamos, como estudantes, professoras e pesquisadoras, de criar esses espaços para a vida perseverar!
Maria Carolina da Silva Caldeira – professora da escola básica do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais