Todo ano milhões de estudantes escrevem uma dissertação argumentativa na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Trata-se do maior desafio do exame, porque um mau resultado na escrita pode custar a tão sonhada vaga na universidade. Candidatos com zero na redação estão fora da disputa. Em compensação, quem se sai bem na composição pula na frente na lista dos classificados. Mesmo concorrentes das áreas de Ciências Exatas e da Natureza precisam tirar notas altas para turbinar a média geral. Então, há apenas
duas opções para os milhões de jovens inscritos no Enem – escrever bem ou escrever bem.
Por enquanto, o desempenho dos candidatos na redação tem sido sofrível. Segundo levantamento do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacional Anísio Teixeira), órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem, quase 96 mil redações tiveram zero (4,22% do total de concorrentes) e apenas 22 receberam a nota máxima em 2021. A nota média ficou em 634,16. A maior parte dos participantes com nota zero entregou a folha de redação em branco. Naquele ano, o tema foi “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. O resultado foi pior em 2022, quando os candidatos escreveram sobre “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Entre pouco mais de 2 milhões de inscritos, houve apenas 19 notas 1.000. Em 2023, cujo tema foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, 60 alunos entre os 2,7 milhões de participantes obtiveram a nota máxima em redação.
Os estudantes brasileiros vivem um paradoxo. Ao mesmo tempo em que avaliações internacionais comprovam a ineficiência das escolas básicas em ensiná-los a escrever, eles são submetidos a um teste de redação difícil e complexo ao final do ciclo médio. Acredite: a prova de redação derruba muita gente grande. O texto exigido equivale a uma dissertação de mestrado ou a uma tese de doutorado; apenas muito mais curta. O candidato deve apresentar uma tese, defendê-la com argumentos convincentes e ainda propor soluções para problemas sociais sem desrespeitar os direitos humanos. Como enfrentar esse desafio?
Esse trabalho só é possível com o esforço dos alunos fora das escolas. Muitos frequentam cursinhos especializados, mas muitos outros se viram sozinhos, lendo e fazendo exercícios por conta própria. Esse trabalho individual faz toda a diferença. Pode trazer para o aluno os pontos a mais que ele precisa para ingressar na faculdade dos sonhos. Escrever bem requer habilidade que só melhora com prática e dedicação. Jovens habituados a leitura, viagens, visitas a museus, a exposições de arte e a atividades culturais levam vantagem, pois entram em contato direto com ferramentas que ampliam o conhecimento geral e a capacidade de reflexão.
Este livro ensina a escrever a redação pedida pelo Enem. Quem escreve bem nesse teste está pronto para prestar qualquer outro vestibular. Aliás, aos poucos, o exame nacional está substituindo vestibulares em todo o país. Na primeira parte, o livro apresenta as provas de redação, discute temas e textos motivadores e explica os objetivos dos organizadores. Traz ainda informação sobre estilos de redação, com destaque para a estrutura argumentativa.
A segunda parte é prática: traz o passo a passo completo para escrever uma redação nota 1.000, desde a descoberta do tema da prova até a inclusão de propostas de intervenção social. Os exemplos de texto analisados aqui saíram de redações nota 1.000 divulgadas pelo MEC, mas eventuais erros de grafia, concordância verbal e sintaxe foram corrigidos. Há ainda um roteiro detalhado para planejamento e execução do texto.
A parte final apresenta um guia de autoajuda. Inclui pontos básicos de gramática e técnicas de redação para tornar o texto direto e objetivo. A essa altura da vida escolar, depois do ciclo médio, espera-se dos participantes familiaridade com tudo isso, mas sempre convém recordar. Constam também sugestões de exercícios de redação para estimular a criatividade e, para completar, um roteiro resumido para seguir na hora H – a hora da prova de redação.