Beijo na Segunda Guerra: conheça as pessoas que protagonizaram a famosa imagem. A foto marcou o final da Segunda Guerra e tem uma história curiosa; assim como a dupla que ficou eternizada naquele momento
Um marinheiro beija uma enfermeira em plena Times Square, na movimentada e pulsante Nova York, que ia a loucura depois da Segunda Guerra Mundial ter chegado ao seu fim com a rendição dos japoneses em 1945.
Essa é uma das cenas mais icônicas já capturadas pelas lentes de uma câmera fotográfica, e hoje representa uma conhecida foto tirada por Alfred Eisenstaedt, publicada na revista Life. Existem três personagens fundamentais que contam a história por trás do momento, o fotógrafo, a moça e o rapaz.
O fotógrafo
O responsável por capturar o momento foi o fotógrafo Alfred Eisenstaedt, que depois que soube da vitória Aliada no combate mundial decidiu (assim como maior parte das pessoas) ir às ruas comemorar, no entanto, ele levou sua câmera para capturar as expressões dos foliões nas ruas da cidade.
Eisenstaedt nasceu em uma família judia da Prússia, e acabou se mudando para os Estados Unidos em 1935, quando a perseguição por judeus começou a aflorar na Alemanha. Desde então, fez de Nova York a sua nova casa, trabalhando na renomada revista Life por conta de seu incrível portfólio europeu.
Antes de se mudar para a América do Norte, passou um tempo fotografando a Etiópia, especialmente depois da anexação da Alemanha pelo território africano. Tirou mais de 3.500 fotos no país invadido pelos europeus. Ele ficou conhecido pelo estilo descontraído com qual conseguia capturar os personagens de suas fotos, o casal não foi exceção.
Alfred utilizava câmeras pequenas e portáteis, algo muito útil quando tirava foto de momentos espontâneos, exatamente como em V-J Day in Times Square — como a foto ficaria conhecida.
A enfermeira
Desde que a foto foi tirada, em 1945, muito tempo se passou até que descobrissem, de fato, quem era a mulher de branco sendo calorosamente beijada pelo marinheiro. Inicialmente, Edith Shain havia sido identificada como a mulher presente na imagem. Como o autor da fotografia não anotou o nome da dupla, foi difícil determinar quem era a mulher misteriosa. Entretanto, em 2012, os autores do livro The Kissing Sailor utilizaram pesquisas com antropólogos forenses para chegar à conclusão de que a moça era Greta Zimmer Friedman.
Nascida na Áustria, a mulher se mudou para os Estados Unidos quando sua terra natal foi anexada pelos alemães. Os pais da garota não conseguiram fugir do país, morrendo em campos de concentração durante o Holocausto. Como consequência, Zimmer passou a viver com suas duas irmãs mais novas.
Na época em que protagonizou a famosa foto, Greta nem havia reparado que fora fotografada. Só descobriu a foto 20 anos depois dela ter sido tirada, enquanto lia um livro. Assim, pediu uma cópia da imagem para a revista Life, que recusou o pedido por revelar que muitas mulheres tinham afirmado que seriam a misteriosa personagem da fotografia.
Friedman não se incomodou muito com a decisão do veículo, até porque a realidade por trás do retrato era pouco romântica. Em uma entrevista de 2005 para o Veterans History Project lembrou o episódio: “De repente, eu fui agarrada pelo marinheiro. Não era exatamente um beijo. Senti que ele era muito forte, e estava me segurando firme. Não tenho certeza sobre o beijo… era só alguém celebrando. Não era um evento romântico”.
Outro fato que muitas pessoas esquecem pela grandiosidade da fotografia é o de que, na verdade, Greta não era enfermeira, mas sim uma assistente de dentista, e por isso usava roupas brancas.
O marinheiro
Essa informação, por sinal, é fundamental para conhecer o motivo do beijo dado por George Mendonsa. Embriagado e feliz por não ter mais que arriscar a vida nas águas do Oceano Pacífico, o então veterano de guerra saiu pelas ruas de Nova York “distribuindo” beijos em todas as enfermeiras que encontrava, como forma de agradecer pelo serviço prestado no conflito.
Mais curioso ainda é saber que George, no momento do beijo, estava acompanhado por sua noiva, Rita. O casal estava no cinema na companhia de amigos quando ficaram sabendo do fim da guerra. Animados, decidiram sair para comemorar.
O ânimo do noivo não incomodou a parceira. Tanto que em uma das quatro fotos tiradas por Alfred, Rita aparece atrás de uma delas gargalhando. Todavia, é curioso saber que a dupla que protagonizou o episódio não sabia da existência da icônica fotografia em um momento de euforia.
Fonte: Aventuras na História