No primeiro ano do governo provisório da Revolução, era de se esperar que Vargas e seu grupo encontrassem não poucas dificuldades. A supressão das bases da República Velha parecia tarefa impossível. A maior resistência vinha da região avançada da federação, ou seja, do estado de São Paulo, embora em outros estados fosse possível notar ruídos de dissidências, mesmo em grupos que participaram ativamente como aliados no movimento de 1930.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, estava em desacordo com certos encaminhamentos do governo provisório. O poder central sofreu algumas defecções, como a do ministro da Guerra, general Leite de Castro, em junho de 1932, que tinha forte ligação com os setores mais radicais dos tenentes. Substituído pelo general Espírito Santo Cardoso, Vargas esperava que o novo ministro recuperasse a disciplina do Exército. A difícil unanimidade se agravou com o pedido de demissão de Oswaldo Aranha, sabidamente um dos principais nomes da Revolução. Em São Paulo, os protestos aumentavam.
O líder do Partido Democrático, Francisco Morato, reclamava da prisão de um coronel comprometido com uma conspiração com raízes em São Paulo. Outro conspirador era o coronel Euclides Figueiredo. São Paulo era um foco de atividades contra o governo central. O Rio Grande do Sul de Flores da Cunha não dava apoio aberto às reivindicações dos paulistas, mas também não as censurava. O próprio Oswaldo Aranha se desligou do Clube 3 de Outubro, por discordar do comportamento radical dos membros, embora já tivesse se manifestado por um governo forte.
Vargas mudou o ministério, mas não quis provocar a ala militar que, aliás, já estava em polvorosa. Como fazer uma revolução e manter os homens do regime anterior, pelos menos nas pastas militares? Era uma reforma ou uma revolução? Os revolucionários queriam modernização, mas sem alterar as estruturas em profundidade. Contudo, uma ala forte dos tenentes queria mudanças mais radicais, como o atendimento às necessidades da maioria da população pobre no combate ao analfabetismo e ao desemprego, a melhoria das condições de trabalho, de moradia, enfim, almejava-se a formação de uma sociedade moderna em que se proporcionasse o bem-estar de todos. Pode-se considerar que o modelo varguista estava sendo ensaiado, buscando a construção de um Estado-providência, que lembrava as reformas dos positivistas gaúchos seguidores de Júlio de Castilhos.
Maurício Cardoso, ministro da Justiça, e Batista Luzardo, chefe da polícia, alto cargo equivalente à atual Polícia Federal, pediram demissão. As fissuras da Aliança Liberal chegavam a ameaçar os objetivos da Revolução. Formaram-se frentes únicas partidárias nos grandes estados que pleiteavam a garantia de eleições livres que deveriam se realizar o mais breve possível. João Neves da Fontoura, outro importante protagonista da conspiração revolucionária, rompeu publicamente com Getúlio, por este não ter seguido alguns dos pontos programáticos da Aliança Liberal.
A situação política se agravou com o comportamento de muitos militares de alta e média patente. A situação da economia também passava por instabilidades. Os responsáveis pelo setor econômico pretendiam renegociar a dívida com a Inglaterra. O representante do banco inglês chegou com o plano pronto, prevendo o equilíbrio orçamentário. Ora, tal orientação não se adequava à política do governo revolucionário, como vimos no capítulo “Da política à luta armada: a Revolução”. As negociações não foram adiante, o que obrigou o Brasil a suspender o pagamento da dívida. Se as relações entre o governo provisório e os paulistas estavam tensas, as negociações com a Inglaterra não melhoravam o quadro crítico.
A velada, e logo explícita, crise entre oficiais do Exército revelava instabilidade militar e os diferentes pontos de vista entre os que fizeram a marcha de Porto Alegre até o Rio de Janeiro em outubro de 1930. O general Bertoldo Klinger, por exemplo, chefe militar do Mato Grosso, não participou diretamente da Revolução e se opunha às interpretações do Clube 3 de Outubro quanto às questões sociais que considerava demasiadamente radicais. Bastante conservador, o general chegou a comandar ataques a um movimento de trabalhadores rurais. Klinger também se indispôs com políticos e militares que participavam do governo provisório de Vargas. O general chegou a desobedecer ao ministro da Guerra, além de ofendê-lo. Era um claro ato de quebra da hierarquia e da disciplina, a mais cara regra de um Exército que não estivesse em crise, como o nosso. O general Góes Monteiro ainda tentou apaziguar a situação, mas Klinger mostrava-se inflexível.
Nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais entre outros, formaram-se frentes únicas que se opunham a Vargas. O centro irradiador dessa oposição era São Paulo. Uma crescente agitação tomou conta da cidade. Em março de 1932, mais de 100 mil operários haviam cruzado os braços e promovido uma greve, exigindo melhorias de condições de trabalho. As leis trabalhistas do governo federal foram vistas pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) como defensoras das greves dos operários, associadas aos tenentes e ao governo de Vargas.
Getúlio enviou Oswaldo Aranha a São Paulo para tentar uma solução política com o Partido Democrático. Aranha arriscou a vida, pois o conflito já havia se alastrado e os paulistas tinham formado a Frente Única com a fusão dos antigos partidos (Partido Democrático e Partido Republicano Paulista), lançando pelo rádio um manifesto conclamando a população a sair às ruas em sinal de protesto contra a presença de Aranha na cidade. As lojas fecharam as portas. Na manhã de 23 de maio, estudantes tomaram os estúdios da rádio Record e leram um manifesto reforçando a conclamação do povo para a luta contra o governo central. À noite, os conflitos verbais transformaram-se em enfrentamento violento e armado entre a Legião Revolucionária, o braço armado do Clube 3 de Outubro, e os paulistas, compostos por grupos de estudantes de Direito e populares. Eles eram animados pela cuidadosa disseminação do que podemos chamar de paulistanismo, ou, numa forma mais livre, Paulística, como quis Paulo Prado, que dizia não ser possível “[…] compreender a História do Brasil sem conhecer a História de São Paulo […]”, comparando São Paulo a uma “locomotiva que arrasta os vagões atrasados da União”. A sede da Legião Revolucionária foi atacada por estudantes armados, mas os tenentes revidaram a tiros. O enfrentamento resultou em vários feridos e mortos, entre eles quatro jovens − Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo −, cujos nomes deram origem ao movimento MMDC. Hoje, os nomes deles aparecem em uma rua no bairro do Butantã, em São Paulo, uma espécie de alerta para que os paulistas não se esqueçam de 1932, embora a esmagadora maioria dos brasileiros não tenha a menor ideia do que tenha sido esse movimento.
No Rio Grande do Sul, Flores da Cunha tentava contemporizar as diferentes correntes da Frente Única gaúcha que se opunham a Vargas. O interventor rio-grandense se comprometeu com Getúlio que buscaria manter a ordem dentro do seu estado, mas pouco ou nada poderia fazer para mudar a orientação ideológica de um João Neves da Fontoura, que apoiava incondicionalmente as exigências de São Paulo.
O rádio foi um importante instrumento de difusão do paulistanismo. E mais, difusor de “educação”, como queria Jorge Alves de Lima, um dos porta-vozes da oligarquia paulista. O rádio era por assim dizer, um fator de modernização e irradiador da ideia de progresso material, pelo menos no cosmo urbano de São Paulo, vale dizer, dos valores morais da paulistanidade. O rádio do começo da década de 1930 passou da fase amadorística para a profissional, propagandística. Não é por acaso que será usado até o limite na difusão de uma “ideologia” da superioridade de São Paulo para derrotar o governo do “ditador”. Às armas, cidadãos!!! Era quase um grito de sans-culottes chamando todo o povo à revolução. De um longínquo passado, soava a voz de uma “intrépida ‘raça de gigantes’ conhecida como ‘bandeirantes’, a qual, após a colonização de São Paulo […], explorou os limites do território nacional brasileiro […] e deitou as fundações para uma nova civilização”. E, claro, plantou as raízes do progresso, aludindo às qualidades especiais de um povo que criou o que viria a ser chamado de “a cidade que mais cresce no mundo”. Os arautos do regionalismo que pregavam a luta contra Vargas eram descendentes, ou assim se diziam, desses “heróis” paulistas de 400 anos, ou “quatrocentões”. Foi esse mito construído que se ouviu pelas rádios nos meses que durou a refrega sangrenta. Na verdade, como disse Oswald de Andrade, era o grito dos latifundiários em armas que foi ouvido por considerável parcela do povo paulista.
Nos dias 8 e 9 de julho, enquanto se organizavam as operações militares, a capital paulista continuava sua vida como se nada estivesse acontecendo. Alguns dias antes, a rádio Cruzeiro do Sul, de propriedade da família Byington, de origem americana, prestou homenagem ao cônsul estadunidense pela comemoração do Independence Day, inaugurando um programa chamado Hora americana. E o morador da cidade, até o momento em que teria início a guerra, foi ao cine Odeon assistir a Edward G. Robinson, contracenando com Loretta Young em Vingança de buda.
Na manhã de 10 de julho, a rádio Record anunciava para seus ouvintes: “a Revolução Constitucionalista que partiu de São Paulo na luminosa noite de 9 de julho vitoriosamente caminha pelo Brasil. […] Ela é feita em nome da lei”, segundo o jornal Folha da Manhã.
Comprar um aparelho de rádio já não era privilégio dos abastados. O salário médio de uma família de trabalhadores não permitia a compra de um automóvel, mas era o suficiente para adquirir um rádio receptor da marca Fada, ou Erla, ou RCA Victor, ou General Electric. Empresários e estações transmissoras sabiam disso por meio de pesquisas, e a rádio Educadora, a rádio Record e a rádio Cruzeiro do Sul transmitiam os apelos do movimento sedicioso, que seria batizado de Revolução Constitucionalista, da mesma forma que transmitiam os benefícios de um produto de beleza.
Com a liderança dos generais Isidoro Dias Lopes e Bertoldo Klinger, assessorado pelo coronel Euclides Figueiredo, São Paulo se declarou em guerra contra o governo de Getúlio Vargas. São Paulo se mostrava muito confiante. A população, entusiasmada, acreditava numa vitória rápida. O Rio de Janeiro e o governo federal estavam, segundo essa crença difundida por jornais e emissoras de rádio, ao alcance das mãos.
No domingo, dia 10 de julho, a rádio Educadora anunciou a confraternização entre a poderosa Força Pública do estado e a Segunda Região do Exército de São Paulo, sob o comando do coronel Euclides Figueiredo. Assegurava-se que todas as guarnições do estado tinham hipotecado solidariedade ao levante paulista. Entusiasmadas notícias transmitidas pela Rádio Record garantiam que as forças do general Klinger se achavam perfeitamente organizadas. Dois dias depois, a juventude se alistava com fervor. O Brasil inteiro levantava-se contra o governo opressor de Vargas. Pelos menos era assim que os jornais paulistas afirmavam. As rádios não ficavam atrás. O entusiasmo era acompanhado por hinos e marchas militares.
Entretanto, a realidade era outra. Menos de um mês depois, São Paulo suspeitou de que estava sozinho, verdade que foi ocultada à população pelo governo paulista com o apoio da radiodifusão e de jornais, como o Estado de S. Paulo e Folha da Manhã. César Ladeira, famoso speaker da “revolução”, pediu aos paulistas que doassem suas joias ou objetos de valor para a “Campanha do Ouro para Vitória” e leu ao microfone da Record, com sua já familiar voz empostada, uma exortação do poeta Guilherme de Almeida, pedindo para a população ajudar na compra de armas, uniformes, alimentos, cigarro etc.
Observando um mapa da região Sudeste, pode-se ter uma ideia de como os paulistas estavam iludidos pela propaganda do chamado governo constitucionalista. As forças dos Exércitos federais vindas do Sul já dominavam parte do território paulista além do rio Paranapanema. A frente mineira, isto é, todo norte do estado de São Paulo, com exceção de um trecho do túnel ferroviário da serra da Mantiqueira, estava nas mãos dos federais. Góes Monteiro, o comandante-geral do governo, tinha um amplo projeto estratégico para, provavelmente, tomar a capital paulista. No entanto, Vargas foi além do plano militar do general. Queria, isto sim, conquistar corações e mentes dos paulistas. Por isso, tinha que ser muito cuidadoso, ser político, além de militar.
Algumas emissoras de rádio começaram a mencionar, de passagem, as baixas dos paulistas. A rádio Record também descrevia a “crueldade” das forças do federais nas cidades do interior, principalmente o ataque aéreo a Campinas, ocupada pouco depois. A trágica situação de São Paulo era notada na fala de um personagem do citado romance de Oswald de Andrade: “Corneta, tambor, rádio, discurso, madrinha, depois tiro, carrapato, fome… é essa a passeata ao Rio de Janeiro.” Importante lembrar que Oswald já tinha se convertido ao comunismo.
As rádios do Rio de Janeiro transmitiam programas desmentindo as “fantasias” das rádios paulistas, alardeando “vitórias” dos constitucionalistas. Vargas queria encerrar a luta o mais rápido possível. Klinger aceitava a ideia, mas sob condições por ele imaginadas. Para Getúlio, só a rendição incondicional era viável. A realidade estava na ficção do Oswald de Andrade:
Um oficial entrou, pequenino, de óculos. Dirigiu-se aos prisioneiros. − Meus compatriotas polistas! Nós estamo popando vocês porque somos da mesma nacionalidade. Admiramos o heroísmo dos polistas. Mas nosso dever será cumprido. Como cristão e brasileiro eu reprovo a guerra. Mas vocês são muito mitido a sebo e precisa apanhá.
Os combates continuavam e eram particularmente violentos no vale do Paraíba, entre Rio e São Paulo, com as tropas federais comandadas por Góes Monteiro. Um dos batalhões que lutaram na retomada do túnel ferroviário da Mantiqueira era comandado pelo coronel Eurico Gaspar Dutra, que desempenhará papel importante ao longo do governo Vargas. Benjamim Vargas, irmão do presidente, lutou num corpo auxiliar da brigada militar, acompanhado de dois filhos de Getúlio, sob o comando de Dutra.

O desânimo tomou conta das tropas de São Paulo, abrindo possibilidades de negociações diretas entre os oficiais do Exército do governo de Vargas e a Força Pública Paulista, comandada pelo coronel Herculano de Carvalho, que desprezou as soluções estapafúrdias de Klinger. O coronel chegou a ser acusado de traição e submetido a penas severas, o que caiu no vazio, pois a Força Pública depôs o governador constitucionalista e se comprometeu a manter a ordem no estado sob as ordens do governo federal.
Durante o mês de setembro, a cada dia que passava, cresciam as notícias sobre a “inevitável” vitória das forças paulistas. A veiculação, de modo geral, era simultânea em jornais e nas rádios. Os jornais diziam que a vitória estava garantida e era inevitável. Entretanto, entre os dias 17 e 18, Getúlio anotava em seu diário: “Os rebeldes continuam a retirada na frente leste: entregaram Lorena e já evacuando Guaratinguetá.”
Mas antes de o movimento completar 3 meses, no dia 2 de outubro, a bazófia paulista já tinha terminado: o coronel Herculano de Carvalho, comandante da Força Pública de São Paulo, oficializou o fim da guerra quando assinou em Cruzeiro, cidade do vale do Paraíba, a convenção militar que selava a derrota paulista.
O coronel explicou as razões da sua atitude ao assinar a rendição:
Não obstante, estávamos em atitude de expectativa, quando surgiu uma nova concepção de plano, segundo a qual a vitória seria garantida sem um único disparo de fuzil: as tropas paulistas formariam alas à passagem das de Mato Grosso, vanguardeiras das guarnições do Rio Grande do Sul tinham no seu flanco esquerdo as de Minas Gerais; tratava-se, pois, de uma simples parada militar, mera marcha triunfal até o Rio de Janeiro. Pura ilusão! Desde logo se nos apresentou a realidade de uma resistência armada das tropas federais, a barrar nos nas fronteiras do Estado, a passagem para a Capital da República. […] Nesse passo, justamente é que se fez sentir, contrária à verdade, o papel da imprensa e do rádio.
Para ser mais preciso, pode-se dizer que o primeiro sinal de derrota de São Paulo já estava anunciado quando os paulistas contaram como certa a adesão do Exército de Minas, barrado por forças comandadas por Juarez Távora. O segundo foi quando o instável e histriônico general Klinger, esperado à frente de grandes unidades do Exército do Mato Grosso, chegou a São Paulo praticamente sozinho.
É notável como muitos dos que fizeram a Revolução de 1930 eram simpáticos a um governo forte para “separar o joio do trigo”, como quis Juarez Távora, isto é, livrar o Brasil do domínio de uma oligarquia viciada, corrupta e apegada aos privilégios por meio de uma ditadura. Vargas tentava alcançar esse desiderato de forma segura e objetiva, desde que não provocasse transformações estruturais profundas na sociedade brasileira. Entretanto, a chamada “Revolução Constitucionalista” acabou por adiar esse projeto, que só foi retomado depois da derrota de São Paulo e, como veremos, de superado o levante comunista de 1935, na seção “Uma Constituição em ambiente hostil”.
E como se deu oficialmente a rendição dos paulistas? Getúlio Vargas e Góes Monteiro incorporaram a Força Pública de São Paulo ao Exército, com a concordância do seu comandante, o coronel Herculano. O general Klinger, finalmente, pediu a cessação de atividades militares. Os paulistas, ignorando o general Klinger, comprometeram-se a reconhecer unicamente a autoridade do governo federal e obedecer às ordens de seus representantes legítimos, diminuindo a autonomia do estado rebelde.
Vargas aprovou a minuta da rendição, e concluiu: “Vejo […] um meio hábil de evitar a continuação da luta, ressalvando, ao mesmo tempo, integralmente a autoridade do Governo e poupando o povo paulista de ostentação de força que poderia melindrá-lo, neste momento de exacerbação dos políticos”.
Vargas pretendia controlar São Paulo, sem humilhá-lo. Talvez esse ato de Vargas tenha forjado uma espécie de mito, assim como aconteceu com os confederados na Guerra Civil americana, quando os rebeldes do sul, derrotados no plano militar, criaram, depois da Reconstrução (1877), o Mito da Causa Perdida, que infundiu uma carga emocional de vitória, inexistente, para superar o trauma da derrota. Até os dias atuais, esse mito é relembrado por meio de palavras, filmes, livros e monumentos, divulgando a ideia de que os confederados sulistas teriam travado uma guerra heroica, honesta e justa − embora não se mencione a violência da escravidão. Da mesma forma, aqui, o feriado de 9 de julho permanece, não para comemorar uma vitória militar, que não houve, mas a “força moral” dos paulistas que, segundo a narrativa pós-guerra, lutaram pela democracia e pela autonomia do governo estadual. Não foi difícil apropriar-se das palavras revolução e constitucionalista. A “Revolução Constitucionalista”, movimento iniciado em São Paulo na noite de 9 de julho de 1932, foi uma rebelião contra a Revolução de 1930. Os paulistas queriam uma Constituição que devolvesse o poder que tinham antes de 1930. O mito sobrevive lá, nos Estados Unidos, e aqui, no Brasil, ou melhor, em São Paulo.
Trecho do livro Quem foi Vargas, afinal? 1930-1945

