A importância da participação do Brasil na II Guerra Mundial não pode ser avaliada apenas a partir de parâmetros quantitativos tão a gosto de cronistas de assuntos bélicos. É fundamental considerar que o país não tem um histórico de participação em conflitos. Pelo contrário, considerando nossa extensão territorial, população, importância estratégica, o número de vizinhos, e mesmo o histórico de intervenção militar para resolver conflitos internos, nossa presença em guerras além-fronteiras é bastante rara. Assim, a primeira coisa a considerar são os motivos que levaram o Brasil a entrar no conflito que teve seu epicentro na Europa e no Extremo Oriente. Mormente, considerando que, por convicções pessoais e influência de alguns seguidores, Getúlio Vargas estava mais propenso a ficar do lado do Eixo e não dos países democráticos…
Importantes autores indicam o fortalecimento do sentimento democrático em nosso país, ao longo da guerra (1939-1945) como um fator relevante para a queda do regime getulista e a realização de eleições democráticas. Ou seja, a decisão de Vargas, pressionado pela opinião pública, de participar do conflito contra os nazifascistas acabou se constituindo em fator decisivo (embora não único) para a queda de Vargas. Contradição? Apenas ironia?
O livro de Bonalume, que a Editora Contexto tem a satisfação de trazer para o público leitor, é considerado a melhor narrativa sobre a participação do Brasil na guerra. Não é um simples balanço de armas envolvidas, nem uma obra destinada a mostrar a falta de experiência de nossos soldados (isso é óbvio), ou ainda um
diário expandido. Não apela para o sentimentalismo, mas fornece elementos para chegarmos sozinhos a nos sentir ao lado de nossos pracinhas, tanto nos momentos de coragem, quanto nos de medo.
Nesta nova edição da obra de Bonalume, acrescida de belo posfácio do jornalista Leão Serva, a Contexto realizou importante trabalho de conferência de informações, assim como de seleção de imagens. Temos a convicção de estar entregando ao público uma obra relevante, que resistiu bravamente ao tempo, por conta de sua qualidade. De resto, é leitura apaixonante.
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Ricardo Bonalume Neto foi jornalista, formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Ingressou na Folha de S.Paulo em 1985, onde trabalhou até o fim da vida. Destacou-se na área de ciências e era especialista em temas militares. Cobriu conflitos pelo mundo, tendo viajado para diversos países a serviço do jornal. Por sua contribuição ao jornalismo científico, recebeu em 1990 o prêmio José Reis de Divulgação Científica, concedido pelo CNPq, e, em 2017, foi condecorado com a Ordem do Mérito Naval, grau de cavaleiro. Faleceu em 2018.